O SANTO SACRIFÍCIO NA MISSA
PARA VOCÊ QUE PARTICIPA FREQUENTEMENTE DA SANTA MISSA
Você já se perguntou por que,
na Igreja Católica, quase todo o culto se concentra na celebração da Santa
Missa? Você já percebeu como a Santa Missa é celebrada todos os dias, e mais
vezes por dia, em todas as igrejas paroquiais, em muitas capelas e em tantos
outros lugares sacros? Já constatou como se celebra a Santa Missa nos
sepultamentos, como "missa de corpo presente", como se celebra para
realizar casamentos, batizados ou a unção dos enfermos? Já notou como se
celebra para festejar o Santo padroeiro de um bairro ou de uma vila, para
iniciar alguma festa social, cultural ou tradicional, para inaugurar uma
escola, um centro comunitário, e até um campo de futebol?
Será que a celebração da Santa
Missa está presente em quase todas as manifestações do culto católico porque a
Igreja não tem outras formas de culto, mais significativas ou apropriadas? Ou
seria porque os padres não sabem fazer outra coisa melhor, ou lhes diria menos
trabalho celebrar sempre a Santa Missa? Ou seria porque a Santa Missa tem algo
muito especial, talvez invisível aos olhares menos atentos, que a torna, na
verdade, o melhor, o mais perfeito, o mais importante ato de culto da Igreja
Católica? O que você responderia a essas indagações?
Para ser verdadeira a resposta
precisa necessariamente ser baseada no conhecimento daquilo que é a essência, o
coração, a razão de ser dessa celebração. Aliás, essa essência, a razão maior
de ser, eu diria, o coração da Santa Missa é desconhecido pela grande maioria
dos católicos de missa dominical ou até os de missa mais freqüente.
Infelizmente esta é a verdade.
O Concílio Ecumênico Vaticano
II diz, no documento da liturgia que "A Eucaristia é o ponto 'mais alto'
da vida da Igreja e a 'fonte' de todas as graças". Se o Concílio afirma
que a Eucaristia, a Santa Missa, é o "ponto mais alto" da vida da
Igreja, então se deduz que não há outro ato de culto mais significativo e
importante, mais santo e mais agradável a Deus.
Se o Concílio falou... está
falado! Cabe-nos, então, descobrir o que é a Santa Missa, o que há nela, o que
ocorre durante sua celebração, para que seja o "ponto mais alto da vida da
Igreja e a fonte de todas as graças".
Digamo-lo logo: o que faz a
diferença entre a Santa Missa e todos os outros atos de culto, por mais lindos,
piedoso, solenes ou emocionantes que sejam, é exatamente isto: na Santa missa
se faz presente, real e verdadeiramente, o sacrifício que Jesus ofereceu ao
Pai, na cruz, pela salvação da humanidade. Esse sacrifício se faz presente a
fim de que Ele, Jesus sacerdote e
vítima, e todos nós, por Ele, com Ele e nEle, o ofereçamos sempre de novo ao
Pai celeste.
Eis a diferença extraordinária
entre a Santa Missa e os demais atos de culto!
O
SACRIFÍCIO DE JESUS EM CADA SANTA MISSA
Os desígnios do Pai celeste
para a nossa salvação determinavam que o seu Filho viesse ao planeta terra, se encarnasse, vivesse uma vida humana
igual aos humanos, menos no pecado, anunciasse a Boa Nova do Reino de Deus, se entregasse à
morte de cruz, ressuscitasse e voltasse aos Céus. Jesus, por amor ao Pai e para salvar a
humanidade, realizou plenamente os desígnios da vontade de seu Pai.
Jesus, no auge de sua vida
terrena, entregou-se à paixão e morte, oferecendo-se na cruz como vítima, como
sacrifício de salvação. Este foi o maior ato de amor que já foi dado ao Pai e,
ao mesmo tempo, a maior prova de amor dada ao ser humano. Jesus deu sua vida
por nós, a fim de que pudéssemos obter a reconciliação com Deus e a vida plena
e eterna. A morte de Jesus na cruz foi um verdadeiro sacrifício. Aliás, um
sacrifício de méritos infinitos, de valor infinito, pois a natureza que morreu
é humana, mas a Pessoa que fez e faz a oferta do sacrifício é divina, pois
Jesus é Deus.
Assim como Jesus ofereceu ao
Pai, na cruz, o maior gesto de amor imaginável, Ele quis que os seus
discípulos, em sua Igreja, pudessem cultuar a Deus com um culto que fosse o
mais perfeito, o mais santo, o mais agradável e o mais extraordinário. Jesus
não quis mais que os remidos pelo seu sacrifício,
pelo
dom de sua vida, tivessem que continuar, como no Antigo Testamento, a oferecer bois, cordeiros, aves ou cereais em
sacrifício, para o culto divino. O seu Coração, apaixonado pelo Pai, pedia algo
verdadeira e extraordinariamente digno da divindade, da grandeza e da santidade
do Pai celeste.
Foi então que Jesus, movido por
seu infinito amor ao Pai e aos seus discípulos de todos os tempos, encontrou
uma forma, criou um ritual, instituiu uma celebração, criou uma ação humana
e divina, que contém em si mesma, que
torna presente, aqui e agora, o seu ato máximo de amor, o seu próprio sacrifício oferecido na cruz,
cada vez que esse ritual é celebrado.
Jesus
instituiu a Santa Missa exatamente como forma de tornar presente o seu
sacrifício oferecido na cruz. Em carta a Santa missa tornam-se presentes o
Corpo e o Sangue de Jesus. O mesmo Corpo crucificado e o mesmo Sangue
derramado. Portanto, durante a celebração da Santa Missa, na hora da
consagração, torna-se presente sobre o altar o próprio Jesus sacrificado, o
Cordeiro divino, imolado na cruz! O sacrifício de Jesus se torna presente, a
fim de que nós possamos oferecê-lo sempre de novo ao Pai, como ato máximo de
nosso culto.
Eis porque a Santa Missa é o
ponto mais alto da vida da Igreja: "porque nela se faz presente o sacrifício
que Jesus ofereceu na Cruz"! Eis também porque a Santa Missa é a fonte de
todas as graças, como disse o Vaticano II: "porque Jesus sacrificado e
ressuscitado é o autor e a fonte de todas as graças."
Diz o Concílio de Trento:
" Na missa é oferecido um sacrifício verdadeiro e autêntico e este
oferecimento não consiste só no fato de que Cristo se deu em alimento. O
sacrifício da missa não é apenas um sacrifício de louvor e ação de graças, nem uma simples comemoração
do sacrifício propiciatório".
Nos primeiros textos cristãos,
a Eucaristia não foi vista apenas como uma ceia, mas como um sacrifício. A
Didaquê, por exemplo, a firma como todas as letras que a celebração eucarística
é um sacrifício. São Justino repete freqüentemente a mesma afirmação. A tradição
que veio em seguida, com santo Irineu, Orígines e São Cipriano, mantém essa
doutrina. Orígenes defendeu mais especificamente a natureza propiciatória do
sacrifício eucarístico. Já o papa a Paulo VI afirma que o mistério eucarístico
é apresentado, de modo admirável, o sacrifício da Cruz consumado, uma vez, no
calvário".
Disse ainda o concílio de
Trento: é uma única e idêntica vitima (Jesus), é o mesmo que agora se oferece
mediante o ministério dos sacerdotes, Aquele que uma vez se ofereceu a si mesmo
na cruz. O que difere é o modo de oferecer-se". No sacrifício eucarístico,
ou a seja, na Santa Missa, é oferecido o próprio Cristo. É sempre Ele, e
somente dele o preço pago para a nossa salvação. Por isso, na celebração
eucarística, o corpo e o sangue de Cristo tornam-se presentes, são eles, com a
presença do Salvador ao qual pertencem, a serem apresentados como oferenda ao
Pai pela salvação da humanidade, e por todas as graças vinculadas a essa
salvação.
DEDUÇÕES
INTERESSANTES
Primeira: A Santa Missa é o ato
máximo de culto da Igreja Católica, porque ela é celebrada exatamente para
tornar realmente presente sobre o altar o sacrifício que Jesus ofereceu uma vez
por todas, na cruz, pela nossa salvação.
Segunda: O sacrifício de Jesus
se torna presente sobre o altar na hora da Consagração, quando, pelas palavras
de Jesus, pronunciadas pelo celebrante, e pela ação do Espírito Santo, o pão e
o vinho são transformados em Corpo e Sangue de Jesus. Portanto, a Consagração
não existe, em primeiro lugar, para que possamos comungar, mas para que Jesus
possa oferecer de novo ao Pai o seu Sacrifício realizado na cruz.
Terceiro: Este sacrifício do
dom da vida de Jesus torna-se presente por vontade expressa de Jesus pois na última ceia, após Ele mesmo ter
realizado essa maravilha, disse: "Todas as vezes que fizerdes isto, fazei-o em minha
memória".
Quarto: O sacrifício torna-se
presente, a fim de que nós - a Igreja toda - possamos oferecê-lo sempre de novo
ao Pai, como nossa oferta mais perfeita e santa. Esta oferta é expressa nas
orações realizadas logo após a Consagração. Vale a pena dar atenção a essas orações.
Quinto: O sacerdote que faz a
oferta do sacrifício é o próprio Jesus. O faz por meio do celebrante. Mas consigo, Jesus nos oferece conjuntamente
ao Pai. Podemos exprimir essa oferta desta forma: Jesus se oferece e nos
oferece com Ele. Nós O oferecemos e nos oferecemos com Ele ao Pai.
Sexto: Na consagração nós
oferecemos o sacrifício de Jesus ao Pai. Na Comunhão, o Pai nos oferece Jesus vivo, como companheiro de caminhada.
Sétima: Quando saímos de casa
para ir à Santa Missa, na verdade, não estamos indo em primeiro lugar para
rezar, para cantar, para ouvir a Palavra de Deus e a pregação, mas sim, para
"oferecer o sacrifício de Jesus ao Pai e oferecermo-nos com Ele". E
se estivermos preparados, poderemos receber Jesus vivo em Comunhão de vida.
Oitava: Porque contém a
presença real do sacrifício de Jesus para ser oferecido, a Santa Missa é o
maior ato de adoração (adorara ao Deus Uno e Trino), de louvor (elogiar a Deus
Uno e Trino por aquilo que Ele é, fez a
faz), de ação de graças (agradecer por benefícios recebidos de Deus), de
propiciação (fazer as pazes com Deus por causa dos pecados), de intercessão
(pedir bênçãos para nossos irmãos), de sufrágio das almas do purgatório (para
que sejam perdoadas e entrem na
felicidade celeste).
Nona: Vale a pena tomar o
livrinho feito para acompanhar a Santa Missa e ler as orações do ofertório e
após a consagração, prestando atenção às palavras "sacrifício" e
"oferta-oferecimento " a fim de perceber a realidade da presença e da
oferta do sacrifício de Jesus.
Décima:
Será uma grande riqueza e uma fonte inesgotável de graças para nossa vida
cristã, se procurássemos estudar a fundo a Santa Missa, a fim de podermos
participar "ativa, consciente e plenamente" como diz o Vaticano II.
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