7 de agosto de 2011

ASSUNÇÃO DA IMACULADA

No mês de agosto, na festa da Assunção, celebramos o glorioso acontecimento da elevação de Maria, mãe de Jesus, aos céus, em corpo e alma. Diz o Vaticano II, no número 147: “Terminado o curso da via terrestre, Maria foi assunta em corpo e alma à glória celeste”. Em síntese. Ao final de sua vida terrena, certo dia, a Virgem “adormeceu”, seu corpo foi imediatamente glorificado, e Ela – completa – com seu corpo e alma – foi elevada aos céus. Seu corpo não se corrompeu. Foi transformado, glorificado, imortalizado, à semelhança do corpo ressuscitado de Jesus.
Maria não morreu?... Uma corrente de teólogos diz que não. Aliás, eles indicam argumentos teológicos e bíblicos muito fortes. Para esses, ela teria apenas “adormecido” num sono semelhante ao da morte. Seu espírito – sua alma – não teria deixado seu corpo. Neste estado de “dormição - adormecimento”, foi sepultada, e imediatamente transformada, glorificada e elevada, inteira, para a glória do céu.
Maria morreu?... Outra corrente de reflexão teológica diz que sim, e aponta seus argumentos. Afirmam que Maria quis seguir o mesmo caminho de seu Filho. À semelhança de Jesus, Maria teria morrido, teria sido sepultada e imediatamente ressuscitada. Seu corpo teria sido glorificado, e Ela – inteira – teria sido elevada à glória dos céus, em corpo e alma.
Como foi exatamente a “passagem”, a “páscoa” de Maria para o céu, por certo, só o saberemos quando estivermos com Ela, na glória.

O túmulo de Nossa Senhora.
O túmulo onde a Virgem “repousou por um pouco de tempo” está em Jerusalém, na Igreja da Assunção. Um documento de alta antiguidade, chamado “Dormício Vírginis”, “A Dormição, o Adormecer da Virgem”, conhecido desde o segundo século, revela o lugar onde o corpo de Maria deveria ser colocado. Diz o documento: “Nesta manhã, tomai convosco a senhora Maria e andai para fora de Jerusalém, pelo caminho que conduz à cabeceira do vale, além do monte das Oliveiras. Ali existem três grutas: uma larga, externa; depois outra, dentro dessa; e uma pequena câmara interna, com um banco elevado, de argila, na parte leste. Colocai a Bendita sobre aquele banco”. Alguns atribuem esse documento ao Apóstolo São Tiago, bispo de Jerusalém.
Essa tumba era venerada pela comunidade judeu-cristã deste os primórdios da Igreja, como sendo, de fato, o túmulo de Nossa Senhora. No século V, a “câmara” onde foi colocado o corpo de Nossa Senhora foi separada e isolada do conjunto das duas outras salas anteriores, e em torno, e sobre ela, foi construída uma igreja, como se pode ver atualmente. Essa igreja foi dedicada à Assunção de Maria. (Cf. Guida di terra Santa, pg 104, ano 1973)

A igreja da Assunção, em Jerusalém
No lugar do túmulo de Nossa Senhora foi construída a igreja da Assunção. A construção passou por várias modificações, inclusive por destruições feitas por Saladino (1187) e reconstruções realizadas pelos cruzados, e mais tarde, pelos frades franciscanos. Atualmente, se desce por uma longa escadaria até o corpo da igreja subterrânea, onde se encontra a tumba, “onde a Imaculada dormiu seu breve sono”. Desde 1757, quando os frades franciscanos foram expulsos do local e lhes foi tirado o direito de cuidar do local, à comunidade católica sobra a possibilidade de ali prestar um culto público e comunitário, de forma oficial, apenas três vezes por ano, dentre as quais, o dia 15 de agosto, quando se celebra a Assunção de Maria. (Cf. Guida di terra Santa, pg 104, ano 1973)

A Assunção na Bíblia
Não encontramos textos bíblicos “explícitos” que relatem a verdade da Assunção de Maria aos céus, em corpo e alma. Os estudiosos do assunto, contudo, dão fortes razões para explicar o fato de os escritores sagrados do Novo Testamento não relatarem esse acontecimento.
Esses mesmos mariólogos, em suas reflexões teológicas, apontam para alguns textos bíblicos onde vêem “implicitamente” a presença da verdade da Assunção, ou seja, da ressurreição e glorificação imediata da Virgem, após sua “dormição”. Eis alguns textos. 1. No proto-evangelho: Gn 3,15. 2. Na saudação do Arcanjo a Maria: Lc 1,28 3. Salmo 131, 8. 4. Salmo 44, 10. 5. Apoc 12, 1.
A algum possível leitor que não aceita essa verdade porque não há textos bíblicos explícitos que falem a palavra “Assunção”, e nem relatem claramente o fato ocorrido com Maria, precisamos lembrar que nós, católicos, temos duas fontes principais da revelação: a Bíblia e a Tradição. É bom recordar que os Evangelhos, antes de serem escritos como os temos hoje, também eram “tradição”. Eram falados, contados, pregados, escritos por partes. A Tradição é muito forte na transmissão do acontecimento da Assunção, deste os inícios do cristianismo. Ela é, para nós, fonte segura da verdade sobre a Assunção da Virgem.

A voz da Tradição
O conhecimento da verdade da Assunção, a aceitação feliz e agradecida desse fato, as narrativas orais feitas de geração para geração, os escritos apócrifos descritivos, o culto junto à tumba da Virgem, toda essa tradição foi ininterrupta na Igreja, desde os tempos apostólicos.
A literatura do povo fiel daqueles dias longínquos afirma de forma mais explícita a Assunção corpórea de Maria. Os escritos apócrifos, tão numerosos e difundidos nas línguas orientais, relatam com abundância de pormenores a Assunção de Maria. Se neles há piedosas considerações feitas por fantasias estimuladas pela fé e amor para com Maria, em sua substância encontra-se o relato do pensamento e das crenças dos cristãos daqueles tempos, sobre a verdade da Assunção da Imaculada.
O cuidado para com o lugar do túmulo de Maria, a construção da igreja sobre o túmulo, as disputas contra os hereges pela posse do local, as várias reconstruções da igreja, aliás em séculos tão distantes, mostram desde os tempos apostólicos a forte convicção e certeza dos cristãos quanto à Assunção da mãe de Jesus. Essa tradição torna-se uma muito forte prova da veracidade do acontecimento da Assunção de Maria.

A festa e o dogma
A festa da Assunção já foi instituída nos longínquos anos trezentos, e logo aparece como uma festa de uso universal e comum, não somente entre os cristãos, mas também entre antiqüíssimas igrejas nacionais, como a dos armênios e dos etíopes.
A partir do século V, a Assunção de Maria já se encontra afirmada em muitos documentos. No século VII a doutrina e a festa da Assunção se difundem por todo orbe católico.
No Concílio Ecumênico Vaticano I, mais de duzentos bispos solicitaram ao Papa a declaração do dogma da Assunção de Maria aos céus em corpo e alma. Mas essa verdade só foi declarada como “verdade de fé”, como Dogma de fé, em primeiro de novembro de 1950, pelo Papa Pio XII.
Com a declaração do dogma, a Igreja nos garante a certeza de que, de fato, a Virgem Maria foi elevada aos céus em corpo e alma, e está na gloria, junto da Trindade.
“Maria, assunta aos céus, tu és a glória de Jerusalém, a alegria de Israel e a honra do nosso povo”!

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