2 de setembro de 2013

A  VIRTUDE  DA  ALEGRIA

            Toda virtude é uma força interior, presente no coração, que leva a realizar  os atos próprios dela mesma. Por exemplo: a virtude da humildade leva a realizar atos humildes. A virtude da mansidão leva aos atos que manifestam a mansidão. Assim a virtude da alegria, além de gerar um bem estar interior feliz, se manifesta com expressões alegres.
            É preciso distinguir desde logo três tipos de alegria: 1º A alegria natural. É aquela que reside naturalmente numa pessoa. É congênita. A pessoa é alegre por natureza.  2º A alegria momentânea, é aquela que desponta sempre que há um acontecimento bom. 3º A alegria virtude-fruto, aquela que reside no íntimo de uma pessoa, motivada por razões agradáveis e permanentes. Falamos aqui dessa terceira:  a virtude da alegria.
A virtude da alegria é profunda, agradável, feliz, gratificante. Na verdade, essa virtude nasce do amor-caridade. Aquele que “experimenta” pessoalmente e vive a maravilha do amor do Pai celeste, do amor de Jesus ressuscitado, do amor do Espírito Santo e do amor dos irmãos, só pode sentir muita alegria profunda, baseada nesse amor. Trata-se de uma alegria recheada de felicidade. É muito profunda e duradoura. Saber-se amado gratuita e incondicionalmente pelo Pai, por Jesus, pelo Espírito Santo e pelos irmãos, gera essa alegria espiritual profunda que deixa o coração realmente satisfeito e feliz. Existindo essa experiência do amor de Deus e dos irmãos, existem causas profundas e duradouras para que a alegria seja permanente.
A verdadeira alegria do coração humano baseada no amor de Deus e dos irmãos é também fruto do Espírito Santo. Quero dizer, é o Espírito Santo quem a produz, pois é Ele quem nos concede o amor de Deus e dos irmãos.
            A alegria e o gozo  gerados pelo Espírito Santo são caracterizados por aquelas emoções interiores, por aquela alegria interior, e por aquela satisfação espiritual profunda que Ele derrama no coração e na alma. A pessoa sente uma alegria, um gozo inexplicáveis. Não há palavras humanas que possam descrever a alegria e o gozo que provêm do Espírito Santo.
            A alegria produzida pelo Espírito é o profundo regozijo do coração, o verdadeiro gosto de viver, a "satisfação no Senhor", independente das circunstâncias. “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos”, exclama São Paulo (Fp 4,4).. A pessoa pode passar por momentos difíceis que trazem tristeza, mas esta não substitui a alegria do Espírito. Mesmo durante as mais duras provações, podemos continuar experimentando a alegria no espírito.
É o amor quem gera alegria. O não saber amar é que gera a tristeza.  Para sermos alegres, portanto, devemos pensar nos outros. A generosidade vivida sem medidas leva à alegria. Quando formos generosos descobriremos quem somos nós e o que realmente é a felicidade. As pessoas mais alegres são aquelas que colocaram Deus em primeiro lugar como fonte de todo amor. Assim a alegria verdadeira tem uma origem espiritual.
Quem vive com o Amor sabe que não deve ter medo da dor e das tribulações, mas que a alegria é compatível com as dificuldades. 
A alegria  é também uma virtude cristã. São Paulo exortava os cristãos de Filipos: «Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!» (Fp 4,4). Esta insistência do Apóstolo deve ajudar-nos a entender que a alegria, para um cristão, não é só um sentimento. É algo que se procura, que se busca, usando da própria força da alma, quer seja sentida quer não seja, e é a isso que se chama virtude. O mesmo Apóstolo explica noutras epístolas: «Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9,7) e aos Gálatas diz que a alegria é um fruto do Espírito Santo (Ga 5,22).
Como é que se pode transformar um sentimento (a alegria) numa virtude? Como é que se pode transformar uma ocorrência momentânea numa disposição habitual?  A prática da alegria exige que se considere de um modo frequente aquilo que já possuímos e aquilo que ainda não possuímos,  mas temos uma esperança firme de vir a possuir. Na prática, se consideramos com freqüência o grande amor de Deus por nós, e o nosso amor para com os irmãos, vamos consolidando as causas da alegria, e ela se tornará cada vez mais forte e profunda.
O exercício da virtude da alegria é, portanto, uma prática cristã. O cristianismo não pode ser nunca uma religião de tristeza porque isso seria identificá-lo com uma realidade má. A fé ensina-nos que já somos filhos de Deus e que ainda não se manifestou plenamente o que havemos de ser (cf. 1 Jo 3,2) mas essa esperança não engana  porque o amor de Deus já foi derramado nos nossos corações (Rm 5,5). Por ser virtude, a alegria se manifesta em sorrisos, otimismo, abertura de coração, solidariedade, declarações de amor-caridade.
As virtudes são uma coroa de pérolas na qual cada uma tem sua beleza e força. E, ligadas entre si pelo fio do amor, formam uma unidade. A alegria é uma virtude sempre urgente. Se toda  virtude procede de Deus e é uma participação de sua natureza, podemos nos perguntar:  ‘Deus alegre?’ Lemos em Neemias: “Não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força (Ne 8,10). O amor vivido no seio da Trindade Santa é eterna alegria. Na mútua entrega e no mútuo acolhimento perpassa a alegria de existir e ser. Jesus a testemunha quando na parábola dos talentos: “Muito bem, servo bom e fiel. Vem participar de minha alegria!”(Mt 25,21).
            A alegria do Pai celeste é ver a alegria dos filhos. O que Jesus sempre pregou foi a prática do amor uns para com os outros. Ensina: “Este é meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). Este amor se constrói dentro de uma comunidade e é a alegria de viver, como lemos em Atos: “Dia após dia, unânimes, freqüentavam o templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração” (At 2,46). Esssa alegria é alimentada pelo Espírito Santo: “Os discípulos, porém, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo” (At 13,52), pois o “Reino de Deus... é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17). Jesus comunicou a alegria a seus discípulos e quer que seja uma dominante da comunidade nascente. Uma das experiências mais autênticas de Deus é o sentimento de profunda alegria que nos invade. Há uma razão: a presença de Deus em nós. Os fiéis curtem essa alegria em suas festas e na singeleza de seus relacionamentos.
            Retomando o texto de Neemias “não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8,10), notamos que a alegria nos coloca acima das dificuldades da vida. Somos ungidos pelo Espírito que “nos ungiu com óleo de alegria” (Sl 45,7). O Evangelho é uma boa notícia de vida que provoca alegria. Os sofrimentos, mesmo que nos levem às lágrimas, não destroem as mil razões que temos de ter alegria. Seremos úteis ao mundo se formos instrumentos da alegria de Deus. Ela aliviará a cruz que carregamos. Alegrai-vos sempre no Senhor! (Fl 4,4).



1 Comentários:

Anonymous yanese disse...

Excelente... Que maravilha são os frutos do Espírito Santo

3 de setembro de 2013 às 08:20  

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