RECEBER AMOR,
PARA APRENDER A AMAR
Fazendo uma comparação teórica, em números, poderíamos dizer
que, ao ser concebida e gerada, bem como até aos dois ou três anos, a criança
tem 100% de necessidade de receber amor e 0% de dar amor. Aos seis, sete, oito anos,
a criança tem 90% de necessidade de receber amor, e apenas 10% de necessidade
de corresponder ao amor recebido. À altura dos catorze, quinze anos, o
adolescente tem 70% de necessidade de receber amor, mas já possui 30% de
necessidade de corresponder ao amor recebido. Poderíamos dizer que, lá pelos
22, 25 anos de idade, se o jovem recebeu muito amor, poderá ter chegado aos 50%
de necessidade de receber e 50% de necessidade de dar amor. Aqui está a linha
divisória entre a imaturidade e a maturidade do coração. É a passagem para a
maior necessidade de dar amor, do que de recebê-lo. Quando a pessoa humana
passa a sentir mais necessidade de amar do que de ser amada, ela chegou a
entrar na maturidade afetiva. Maturidade esta que deve prosseguir pela vida afora,
até chegar, talvez, a ter 90% de necessidade de dar amor, e apenas 10% de
necessidade de recebê-lo.
É preciso esclarecer que a maturidade do coração não chega naturalmente com a
idade. Ela acontece pela quantidade de amor recebido e oferecido ao longo da
vida. Existem pessoas que nunca chegam à maturidade do amor, mesmo que cheguem
aos 90 anos. Não amadurecem, porque não receberam bastante amor, nem na
infância, nem na meninice, nem na adolescência, nem na juventude e nem no
matrimônio.
Usando uma comparação, eu diria que a maturidade do coração se assemelha à
alimentação do corpo. Por exemplo. Se uma criança é mal alimentada desde os
primeiros meses, e a má alimentação prossegue nos primeiros anos, na
adolescência e na juventude, ela se torna uma pessoa mal nutrida e raquítica.
No amor pode ocorrer exatamente o mesmo processo. Quando uma criança não recebe
tanto amor quanto deveria receber, e a falta de amor se prolongar pela vida
afora, a pessoa fica raquítica no coração. Pode ficar imatura, e pior ainda,
pode se tornar uma pessoa portadora de profundas carências afetivas.
Reafirmo que é por esse jogo de amor, por esse diálogo de amor que consiste em
dar e receber amor dos pais, dos irmãos, na família, na comunidade, que o
coração amadurece, que a pessoa chega à maturidade, e passa a sentir a
realização do seu coração.
1 Comentários:
Excelente
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