12 de agosto de 2014

  A  VIRTUDE  DA  FÉ
             A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus, e porque cremos nEle, cremos e aceitamos tudo o que nos disse e revelou, e que a Santa Igreja nos propõe a crer, porque Ele – Deus – é a própria verdade e foi quem fez a revelação das verdades eternas. Pela fé, o homem livremente se entrega todo a Deus. Por isso, o fiel procura conhecer e fazer a vontade de Deus. “O justo vive da fé”(Rm 1,17)
 “O ato de fé é a resposta do homem a Deus que se revela” (CIC 142). «Pela fé o homem submete completamente a Deus a inteligência e a vontade. Com todo o seu ser, o homem dá assentimento a Deus revelador» (Cic 143). A Sagrada Escritura chama a este assentimento de ”obediência da fé” (Rm 1, 5; 16, 26).
A é uma virtude sobrenatural que capacita o homem – ilustrando a sua inteligência e movendo a vontade – a aceitar  firmemente em tudo o que Deus revelou, não pela sua evidência  intrínseca, mas pela autoridade de Deus que revela. “Antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus” (Cic 143)
A fé é um dom de Deus, una virtude sobrenatural infundida por Ele (Mt 16, 17). “Para prestar esta adesão da fé são necessários:  a prévia e concomitante ajuda da graça divina, e os interiores auxílios do Espírito Santo» (Cic 153). Não basta a razão para abraçar a verdade revelada; é necessário o dom da fé.
 A fé é um ato humano. Embora seja um ato que se realiza graças a um dom sobrenatural, «crer é um ato autenticamente humano. Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas» (Cic 154). Na fé, a inteligência e a vontade cooperam com a graça divina. Crer é um ato do entendimento que acolhe a verdade divina por império da vontade movida por Deus mediante a graça.
Fé e liberdade. “A resposta da fé dada pelo homem a Deus, deve ser voluntária. Por conseguinte, ninguém deve ser constrangido a abraçar a fé contra vontade. Efetivamente, o ato de fé é voluntário por sua própria natureza” (CIC 160). Cristo convidou à fé e à conversão, mas de modo nenhum constrangeu alguém. Deu testemunho da verdade, mas não a impôs pela força aos seus contraditores» (CIC 160).
 “Fé e razão. Muito embora a fé esteja acima da razão, nunca pode haver verdadeiro desacordo entre ambas: o mesmo Deus, que revela os mistérios e comunica a fé, também acendeu no espírito humano a luz da razão. E Deus não pode negar-Se a Si próprio, nem a verdade pode jamais contradizer a verdade”. “É por isso que a busca metódica, em todos os domínios do saber, se for conduzida de modo verdadeiramente científico e segundo as normas da moral, jamais estará em oposição à fé: as realidades profanas e as da fé encontram a sua origem num só e mesmo Deus” (CIC 159).
Carece de sentido tentar demonstrar as verdades sobrenaturais da fé. Pelo contrário, pode-se provar sempre que é falso tudo o que pretende ser contrário a essas verdades.
 Eclesiologia da fé. “Crer” é um ato próprio do fiel enquanto fiel, ou seja, enquanto membro da Igreja. O que crê aceita a verdade ensinada pela Igreja, que guarda o depósito da Revelação. “A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé. A Igreja é a Mãe de todos os crentes” (CIC 181). «Ninguém pode ter a Deus por Pai se não tiver a Igreja por Mãe».
A fé é necessária para a salvação (Mc 16, 16; CIC 161). «Sem a fé é impossível agradar a Deus» (Hb 11, 6). “Aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a Sua Igreja, procuram, contudo, a Deus com coração sincero, e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a Sua vontade manifestada pelo ditame da consciência, também eles podem alcançar a salvação eterna” .
No caminho cristão, a fé consiste em crer – acreditar - em Jesus Cristo. Um crer que leva a aceitar Jesus Cristo como Deus, como filho de Deus, como Salvador e Senhor. Porque se crê – se acredita - em Jesus, como verdadeiro, que fala a verdade e não pode enganar nem mentir por ser Deus, se passa a crer com toda certeza em tudo aquilo que Ele revelou. Resume-se assim: “Porque Ele disse, eu creio! Eu poderia me enganar, mas Ele não!”   
Porque foi Jesus quem revelou o Pai, o Espírito Santo, a vida eterna, o Céu, o inferno, a recompensa das boas obras, o perdão dos pecados, a ressurreição para a vida eterna, porque foi Ele quem revelou, nós cremos com toda certeza, sem qualquer dúvida. Eis a fé... Ele disse?... Disse!... Por isso eu creio!
            A fé, antes de tudo, é um dom gratuito de Deus ao ser humano. Pelo santo Batismo a “semente” da fé é infundida no coração humano. Essa semente vai desabrochar à medida que o batizado recebe o exemplo de fé de seus pais e de sua família, bem como pelas catequeses para a vida eucarística, para a crisma, bem como pela participação da vida sacramental na sua comunidade paroquial. Quanto mais a pessoa se instrui sobre as verdades de fé, mais abrangente, mais sólida e forte ela se torna. É uma caminhada de uma vida toda.
             À medida que a fé é esclarecida pelo estudo das verdades reveladas, mais ela dá uma resposta a Deus por um culto verdadeiro e comprometido. Essa fé vai ser a força interior para a prática da religião e para a realização das obras decorrentes dessa fé.
          Um resumo das verdades reveladas, nas quais cremos por graça de Deus e pela luz do Espírito Santo nós o temos no “Credo”. 1. Creio em Deus Pai, 2. todo poderoso, 3. criador do céu e da terra. 4 Creio em Jesus Cristo, 5 seu Filho único, 6. Nosso Senhor, 7. que foi concebido pelo poder do Espírito Santo. 8, Nasceu da Virgem Maria. 9. Padeceu sob Pôncio Pilatos. 10. Foi crucificado, morto, sepultado. 11. Desceu à mansão dos mortos. 12. Ressuscitou ao terceiro dia. 13. Subiu aos Céus. 14. Está sentado à direitas do Pai, todo poderoso, 15 de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. 16 Creio no Espírito Santo. 17 Na santa Igreja católica. 18 Na comunhão dos Santos. 19 Na remissão dos pecados. 20. Na ressurreição dos mortos. 21. Na vida eterna.
       Nesta síntese se encontram implícitamente outras verdades reveladas pelo Espírito Santo à Igreja de todos os tempos. Por exemplo: os dogmas de fé sobre a Eucaristia, sobre os sacramentos, sobre a Virgem Maria.
            Porque cremos, porque acreditamos em Deus, cremos com certeza no coração que “as verdades de nossa fé” são verdadeiras. Cremos nelas e as vivemos no âmbito de nossa vida cristã de cada dia.
             A virtude da fé nos leva a fixar o nosso coração na pessoa de Jesus. Ela não é uma faculdade natural, como se fosse um poder parapsicológico que a pessoa adquiriu ou tem por natureza. O poder da fé não está em nós. Está em Jesus, ou em Deus-Trindade. Por isso, quando nos evangelhos vemos Jesus afirmando: “Tua fé te salvou!”, Vai, e seja feito como acreditaste!”, “Vai, seja feito como desejas”, não significa que a fé da pessoa é que produziu o milagre. A pessoa acreditava em Jesus, acreditava que “ele tinha poder de curar’, e por isso ela o procurava e pedia o milagre. Era Jesus, com seu poder divino, que curava. Se a fé da pessoa fosse uma força que curava, ela não precisava procurar Jesus. Porque acreditava que Jesus tinha poder, a pessoa o procurava, e Jesus realizava a maravilha. A fé em Jesus levava a pessoa a procurá-lo. Havia muitos doentes que, por não acreditarem em Jesus, não o procuravam e não pediam a cura, e por isso não foram curados.
            A fé, portanto, é aquela virtude interior, aquela força espiritual que liga o coração humano ao coração de Deus. Conhecendo a Deus no quanto é possível conhecê-lo, passamos a crer nele e a crer em toda a sua revelação.
A fé esclarecida leva à virtude da esperança e à virtude da caridade. A fé, privada da esperança (que dá a certeza do Céu) e privada da caridade (que é o amor de Deus e do próximo), não une plenamente o fiel a Cristo e não faz dele um membro vivo do seu corpo. A esperança-certeza do céu gera uma força espiritual poderosa para vencer os obstáculos à vida cristã, e gera um poder enorme para viver muito bem a vida cristã e praticar todas as boas obras da fé e da caridade. A caridade, por sua vez, leva à experiência do amor de Deus, a qual gera uma resposta de vida sempre mais autêntica ao amor recebido de Deus.
Estas três virtudes teologias possuem um nexo necessário e vigoroso. Isto durante a vida terrena, pois na eternidade a fé e a esperança já não permanecem. O que permanece é a caridade. No céu não há mais necessidade da fé, porque já se vive aquilo em que se acreditava. Também não há mais a esperança, pois já se possui aquilo que se esperava.
            O discípulo de Cristo não deve apenas guardar a fé e nela viver, mas deve professá-la e testemunhá-la com firmeza e difundi-la. O serviço e o testemunho da fá são requisitos da salvação. “Todo aquele que se declarar por mim diante dos homens também eu me declararei por ele diante do meu Pai que está nos céus. Aquele, porem que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus”. (Mt 10,33)



1 Comentários:

Anonymous yanese disse...

Excelente

13 de agosto de 2014 às 16:50  

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