14 de agosto de 2014

  A VIRTUDE DA CARIDADE.
A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e ao nosso próximo como Jesus nos amou. Amamos o próximo porque ele é filho do mesmo nosso Pai.  
Assim como a fé é a virtude que nos dá o conhecimento certo de Deus, assim a Caridade nos dá o verdadeiro amor de Deus. Para que nossa alma tenha verdadeiro amor por uma pessoa é preciso que ela primeiro a conheça. Não podemos amar quem não conhecemos. 
A Fé nos dá o conhecimento. A Caridade nos faz amar a Deus como Ele é, como O conhecemos pela Fé. A Caridade é uma  virtude teologal, porque é Deus quem a infunde em nosso coração e, sobretudo, porque ela nos faz amar a Deus. Ela é toda relativa a Deus. 
Amamos a Deus por causa da Sua perfeição infinita e de sua bondade. Deus é o próprio amor. Por isso, quando amamos alguém na caridade, esse amor nos foi dado por Deus. Muitas vezes acontece de Deus chamar uma alma mais generosa a um amor mais elevado. Ele  descobre, por assim dizer, os segredos do seu Divino Coração, quando vê no coração de alguém uma correspondência ao infinito amor que Ele nos demonstra. É na intimidade da oração, no silêncio interior, que podemos descobrir este caminho luminoso e pleno.
Porém, para manifestar a Caridade na nossa vida, além de viver em estado de graça, além de rezar e desejar estar unidos a Deus, devemos amar: 1º a nós mesmos e 2º ao próximo.
O amor a Deus compreende, implicitamente, o amor de Suas obras. Entre elas, mais do que todas, devemos amar as que mais se parecem com o próprio Deus. Aqui na terra, são os seres humanos que receberam de Deus esta semelhança. Por isso, devemos amar a nós mesmos e ao próximo, porque aí descobrimos um pouco como é Deus. Antes de amar ao próximo, devemos amar a nós mesmos. Claro, não devemos amar nossas fraquezas, nossos pecados, mas sim aquilo que em nós manifesta a grandeza e a bondade de Deus. Devemos amar a nós mesmos porque conhecemos a nós mesmos e também porque devemos desejar a nossa própria salvação acima de tudo. Devemos amar nossa alma, criada semelhante a Deus, remida pelo Sangue de Cristo e predestinada à glória do Paraíso. 
 Como provamos o amor por nós mesmos? Trabalhando para a nossa salvação, por uma vida de oração, pela freqüência dos Sacramentos, cumprindo em tudo a Santa Lei de Deus.
Devemos amar ao próximo, porque ele é filho de Deus. Nosso próximo, em primeiro lugar, são nossos pais e familiares, nossos amigos, nossos conhecidos. Às vezes, devemos manifestar nosso amor a Deus fazendo o bem a alguém que não conhecemos. Alguém que ajudamos na rua, uma informação que damos, um copo d'água, uma esmola. Mas devemos sempre nos lembrar que o amor ao próximo depende inteiramente do amor de Deus.
A virtude da Caridade deve ser praticada sempre. É um mandamento de Deus, o primeiro mandamento de Sua Lei: “Amar a Deus sobre todas as coisas” Deus quer ser amado e quer que amemos aqueles que Ele ama. De diversas maneiras Deus provou que nos ama: primeiro, nos criando, nos tirando do nada; depois, apesar do pecado de Adão e Eva e de todos os nossos pecados, nos salvando pela morte na Cruz de Seu Filho. Ele pede nossa retribuição, que consiste em louvá-Lo, glorificá-Lo, obedecê-Lhe e amá-Lo sempre. Por isso devemos rezar, assistir à Santa Missa, cumprir nossas obrigações para com Ele e para com o próximo.
Jesus fez da caridade o ‘novo mandamento'. Amando os seus "até o fim" (Jo 13,1), manifesta o amor que recebeu do Pai. Amando-se uns aos outros, os discípulos imitam o amor que também recebem de Jesus. Por isso diz Jesus: "Assim como o Pai me amou, também eu vos amei. Permanecei em meu amor" (Jo 15,9). E ainda: "Este é o meu preceito: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15,12).
Fruto do Espírito e plenitude da lei, a caridade guarda os mandamentos de Deus e de seu Cristo: "permanecei em meu amor. Se observais os meus mandamentos, permanecereis no meu amor" (Jo15,9-1O) 
Jesus Cristo morreu por nosso amor quando éramos ainda "inimigos" (Rm 5, I O). O Senhor exige que amemos como Ele ama,  os nossos inimigos (Mt 5,44)
O apóstolo S. Paulo traçou um quadro incomparável da caridade: "1º. A caridade é paciente. 2º. A caridade é prestativa. 3º. Não é invejosa. 4º. Não se ostenta. 5º. Não se incha de orgulho. 6º. Nada faz de inconveniente. 7º. Não procura o seu próprio interesse, 8º. Não se irrita. 9º. Não guarda rancor. 10. Não se alegra com a injustiça.  11. Mas se regozija com a verdade. 12. Tudo desculpa. 13. Tudo crê. 14. Tudo espera. 15. Tudo suporta" (I Cor 13,4-7). 
Diz ainda o apóstolo: "Se eu não tivesse a caridade, nada seria ... ". E tudo o que é privilégio, serviço e mesmo virtude, "senão tivesse a caridade, isso nada me adiantaria" (1Cor 13,1-4). A caridade é superior a todas as virtudes. É a primeira das virtudes teologais: "Permanecem fé, esperança, caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade" (1Cor 13,13).
O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela  caridade, que é o "vínculo da perfeição" (CI 3,14). É a forma das  virtudes, articulando-as e ordenando-as entre si. É fonte e termo de sua prática cristã. A caridade assegura e purifica nossa capacidade humana de amar, elevando-a à perfeição sobrenatural do amor divino. 
A prática da vida moral, animada pela caridade, dá ao cristão a liberdade espiritual dos filhos de Deus. Já não está diante de Deus como escravo em temor servil, nem como mercenário à espera do salário, mas como um filho que responde ao amor daquele "que nos amou primeiro" (lJo 4,19):
           Ou nos afastamos do mal por medo do castigo, estando assim na posição do escravo, ou buscamos o atrativo da recompensa, assemelhando-nos aos mercenários, ou é pelo bem em si mesmo e por amor de quem manda amar, que nós obedecemos, e estaremos então na posição de filhos. 
A caridade tem como frutos  os outros frutos do Espírito: a alegria, a paz, a paciência, a bondade a benignidade, a fidelidade, a mansidão e o auto-domínio (Gal 5,22).  Exige a beneficência e a correção fraterna. É benevolência. Suscita a reciprocidade. É desinteressada e liberal. É amizade e comunhão:
 A finalidade de todas as nossas obras é o amor de Deus. Possuir o amor de Deus é a finalidade. É para alcançá-Lo que corremos. É em sua direção  que corremos. Uma vez chegados, é nEle que repousaremos. 
Graças à fé é que podemos amar a Deus no qual acreditamos. É por meio dela que são  operadas nossas boas obras (Ef 2, 8-9). Fé age através da caridade (Gl 5, 6) que não pode existir sem a esperança. As três virtudes estão intimamente unidas, mas é a caridade, segundo o apóstolo Paulo, a exercer a primazia (1Cor 13). Quem não ama crê inutilmente, ainda se o que crê seja verdadeiro. E inutilmente espera, ainda se as coisas que espera dizem respeito à verdadeira felicidade. Mas quem ama retamente, crê e espera retamente. A caridade é a realização da vida cristã. Todos os mandamentos divinos a ela fazem referência.
 Agostinho usa os termos amor e caridade como sinônimos. O amor é força da alma e da vida. É ele que a determina no sentido bom ou ruim, segundo o objeto que se ama. Amor é uma vida que combina o amante e o objeto amado. É movimento, uma inclinação, uma tendência que nos impulsiona a sair de nós mesmos, do nosso mundo, em direção ao amado. Daí a importância do amor a Deus, a nós e ao próximo. São esses os “objetos” que devem ser amados. O amor está no centro da vida cristã e a identifica. Assim como a fé e a esperança, o amor é dom de Deus, que dota a vontade humana de uma aspiração divina. Nosso amor deve ser inspirado pelo amor divino e refletido em nossos atos concretos. Amamos com o amor divino derramado em nossos corações (Rm 5 )



1 Comentários:

Anonymous yanese disse...

Excelente

18 de agosto de 2014 às 23:03  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial