3 de março de 2011

QUARESMA - MORTES E RESSURREIÇÕES

Os amores de Deus Pai, de Jesus ressuscitado e do Espírito Santo se manifestam novamente de forma especial, neste tempo quaresmal, chamando-nos à conversão e à santidade, e oferecendo-nos suas graças para que elas aconteçam.A quaresma é um “kairós”. É um tempo forte de graças divinas, oferecidas por Deus-Trindade a todos os cristãos, e recebidas por aqueles que abrem seus corações e participam consciente e vivamente desse tempo de conversão para a santidade.Quaresma são os quarenta dias vividos entre a quarta-feira de cinzas e o Domingo de Ramos. Ou os dias contados entre o primeiro domingo da quaresma e a Quinta-Feira Santa.Todos nós somos chamados a fazer desse tempo um abençoado período de reflexão sobre a qualidade de nossa vida cristã: pessoal, familiar, comunitária, profissional e social, com a finalidade de “mudarmos para melhor” aquilo que não está de acordo com os mandamentos e ensinamentos de Jesus, bem como para “tornarmos” ainda melhores e mais perfeitos aqueles aspectos de nossa vida que já estão conformes aos ideais de uma vida cristã autêntica, e até santa. Portanto, dois pólos: conversão e santificação.O tempo quaresmal é uma caminhada em direção à Páscoa da Ressurreição de Jesus e de nossas ressurreições pessoais. Podemos sintetizar essa caminhada em duas palavras: mortes e ressurreições.

Mortes. Fazer morrer, crucificar, eliminar, extinguir em nós tudo aquilo que ainda é pecado, vício, tendências negativas como: orgulhos, egoísmos, invejas, vaidades, ódios, ressentimentos, mágoas, sensualidades, erotismos, materialismos, preguiças espirituais, infidelidades, corrupções etc. O trabalho de conversão consiste exatamente em extirpar, eliminar, “fazer morrer” todo o mal que ainda exista em nós, para vivermos uma vida cristã mais santa e ressuscitada.

Ressurreições. Avivarmos em nós, e tornarmos mais fortes e dinâmicas em nós, as virtudes, as boas qualidades, os nossos bons propósitos de vida, o crescimento de nosso relacionamento com Deus, a vivência de nossa fé e de nosso culto religioso, uma vida matrimonial e familiar de muito melhor qualidade em amor e em convivência, nosso testemunho cristão na profissão, no trabalho, na comunidade, na sociedade. De fato, o objetivo maior da quaresma é levar-nos a muitas ressurreições.

Conversão: Como ótimo Pai que só quer o bem, a felicidade e a santidade de seus filhos, nesta quaresma, Deus nos chama à mudanças em nossa vida. Ele fiz: “Convertei-vos! Renunciai a todas as vossas faltas! Que não haja mais em vós o mal que vos faça cair! Repeli para longe de vós todas as vossas culpas, para criardes em vós um coração novo e um novo espírito”. (Ez 18, 30b-31). Como é lindo esse chamado feito pelo Pai celeste!Eis a finalidade da conversão a que somos convocados a realizar: “criar um coração novo e um novo espírito”, a fim de vivermos nossa vida cristã de cada dia, num relacionamento de profundo amor com Deus Pai, com Jesus, com o Espírito Santo, e ao mesmo tempo, num mais perfeito e crescente amor os seus irmãos, o namorado, os amigos, os colegas todos, enfim, todas as pessoas que passam pelo caminho de nossa vida.

Um chamado especial. Para aqueles católicos que abandonaram sua fé, sua Igreja, sua vida de oração, sua vida cristã, o Deus misericordioso e preocupado com a salvação desses seus filhos que o abandonaram, tem um chamado todo especial: “Converte-te ao Senhor, abandona os teus pecados! Volta para o Senhor! (Cf. Eclo 17,21-23) Diz mais: “Volta ao Senhor teu Deus, porque foi teu pecado que te fez cair. Volta ao teu Senhor” (Cf Os 14,1-2) E diz ainda: “Desde o tempo de vossos pais vos apartastes de meus mandamentos, e não os guardastes. Voltai a mim e eu me voltarei para vós”. (Mal 2,7) Sim, Deus se preocupa muito com aqueles que dEle se afastaram, e por isso vivem no pecado, correndo o risco de perderem-se para a vida eterna. Essa perda seria a pior desgraça que poderia ocorrer na vida de alguém: perder o céu e ser condenado à separação eterna de Deus e dos Santos.Se esse chamado de Deus é particular para aqueles que o abandonaram, é inteiramente válido também para nós que, apesar de procurarmos a santidade, tantas vezes caímos em pecados, ou ainda estamos presos a certos vícios pecaminosos, a tendências que geram o mal em nós ou para o próximo. Todos precisamos de mudanças, de conversões, em alguns aspectos de nossa vida pessoal, familiar, religiosa, eclesial, profissional ou social.Quais são os motivos pelos quais o nosso Deus nos chama com tanta insistência, com tanta misericórdia e com tanta bondade para que nós nos voltemos a Ele de todo coração? É porque Ele nos ama com amor divino e eterno. É porque Ele sabe que se nós vivermos no seu amor e no amor ao próximo, estaremos vivendo no melhor caminho para nosso verdadeiro bem, realização e felicidade. Vivermos numa profunda amizade com Deus nos dá a sabedoria que procede se seus ensinamentos, os quais são todos para o nosso maior bem, durante esta vida, e como garantia de uma futura vida eterna feliz. O chamado de Deus à conversão e às ressurreições, na verdade, é um chamado a sermos santos. Viver em santidade na vida cristã de cada dia é a graça máxima que um batizado por ter.

Fontes de graças. Para decidirmo-nos a realizar uma caminhada quaresmal com “mortes e ressurreições”, e mais ainda, para conseguirmos realizá-las, necessitamos muito da graça divina, do auxílio divino. “O espírito está pronto, mas a carne é fraca”, disse Jesus, a nosso respeito. Ou como escreveu Paulo: “Muitas vezes faço o mal que eu não quero, e não consigo fazer o bem que eu quero”.Na quaresma, de forma especial, Deus tem “suas mãos cheias de bênçãos estendidas para nós” oferecendo-nos seu auxílio, para conseguirmos realizar as mortes e as ressurreições de que precisamos e desejamos. Basta que realizemos a nossa parte nesses processos de mortes e ressurreições.Uma fonte jorrante de graças é a meditação e a contemplação da paixão, morte e ressurreição de Jesus, nosso Salvador. A quaresma e, principalmente, a semana santa nos chamam a olhar para Jesus sofredor, morto e ressuscitado, e a perguntarmo-nos: por que tão grande e terrível sofrimento?... “Por que” e “para que” a paixão e morte de Jesus?...Jesus foi capaz de abraçar sua paixão e morte de cruz “porque” somos pecadores, e sem a salvação conquistada por Ele estaríamos todos condenados. Mais. Jesus aceitou sua paixão e morte “para que” possamos ser perdoados de nossos pecados, reconciliados com Deus e admitidos à salvação eterna.Jesus sofreu por nós e para nós! Então, nesta quaresma, precisamos nos perguntar: se Jesus foi capaz de sofrer sua paixão e morte pela minha salvação, o que é que eu estou fazendo em minha vida para me apropriar dessa redenção e para alcançar a minha salvação eterna? Estou levando suficientemente a sério o processo de minha salvação eterna? E se eu viesse a me perder?... Essa reflexão levada à profundidade e a sério poderá levar-nos a grandes transformações em nossa vida cristã vivida cada dia.Outra fonte importante de graças para o sucesso de nossas “mortes e ressurreições” é a participação do programa religioso de sua paróquia. Ele é realizado exatamente para que os participantes possam receber as graças divinas. Quem participa, recebe; quem não participa, perde. Importante é realizar uma santa confissão individual, muito bem preparada e realizada.Já na quarta feira de cinzas, no evangelho da Santa Missa, Jesus propõe três fontes de graças para a quaresma: a oração, o jejum e a esmola. Essas práticas, realizadas com verdadeiro espírito cristão, poderão produzir muitas graças de “mortes e ressurreições” para nós, nesta quaresma.

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