24 de outubro de 2011

AUXÍLIO ESPIRITUAL AOS FALECIDOS



            O cristianismo foi iluminado e convencido pelos ensinamentos do Senhor Jesus, Filho de Deus, de que o ser humano não foi criado apenas para viver um tempo limitado na vida terrena, mas para viver uma outra forma de vida, após sua morte: uma vida eterna.
            Foi iluminado e convencido, também, de que a vida que se inicia com a morte, terá um, de dois destinos diferentes: ou a felicidade gerada pela posse plena e definitiva de Deus, que chamamos de Céu, ou a infelicidade gerada pela perda culposa da presença de Deus para sempre, que se chama inferno. São inúmeras as citações bíblicas comprobatórias dessa verdade.
            A própria vinda do Salvador, a centralidade de sua doutrina, a instituição da Igreja com todos os seus instrumentos sacramentais, doutrinários e espirituais, têm essa finalidade: levar o ser humano a crer em Deus e na vida eterna, e por isso a viver de tal forma segundo os ensinamentos divinos que chegue a “conquistar” a sua felicidade celeste. Vale a pena buscar na parábola do “Pobre Lázaro e do Rico Epulão” a profundidade do ensino de Jesus a respeito dessas verdades (Lc 16,19-31).
            Tais verdades de fé levaram os cristãos, desde os primeiros anos após Pentecostes, quando, aliás, se iniciaram os martírios e a morte natural dos fiéis, a prestarem um culto aos falecidos. Não apenas um culto de memória, de saudade, de admiração, de gratidão, de imitação de suas virtudes, mas também de oração e de celebrações e ofertas do santo Sacrifício Eucarístico, como forma de beneficiá-los para sua nova vida. Essa prática religiosa, baseada na fé cristã, prossegue até os nossos dias.

Purgatório
            Para que orar, celebrar Santas Missas, realizar atos de caridade, alcançar indulgências etc. em favor dos falecidos? Faz sentido? Eles são realmente beneficiados? Os que vão para o Céu já estão na plena felicidade e os que vão para o inferno, já não há o que fazer por eles, pois o inferno é eterno, como o Céu. Então, para que orar pelos mortos?...
            Baseada na Sagrada Escritura, iluminada pelo Espírito Santo e pela reflexão teológica, a Igreja – desde os primórdios – tem a certeza da existência do purgatório, ou seja, de um período de purificação para aqueles que morreram na amizade de Deus (em estado de graça), mas que levam consigo “impurezas, imperfeições” que precisam ser “purificadas”, para poderem entrar no céu.
            Eis o ensinamento da Igreja: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida a sua salvação eterna, passam, após a morte, por uma purificação, a fim de terem uma santidade necessária para entrarem na alegria do Céu”.    “A Igreja denomina “Purgatório” esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados”. (Leia mais no Catecismo da Igreja ns. 1030-31-32) Nesse texto está uma certeza fortemente iluminadora: todos os que estão no purgatório “estão salvos e irão para o Céu”.
            Na Bíblia não ocorre o nome “purgatório”, mas sim a realidade da “purificação”. Já no A.T., no segundo livro dos Macabeus conhecemos essa prática de “purificação dos falecidos”.
            Após uma grande batalha onde morreram muitos de seus soldados, o general Judas Macabeu, animado por sua fé, assim fez: “No dia seguinte, Judas e seus companheiros foram tirar os corpos dos mortos, como era necessário, para depô-los na sepultura ao lado de seus pais.(...) Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente, era esse um bom e religioso pensamento; eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas”. (Cf. 2Mc 12, 39. 43-46) Saboreie o leitor atentamente a riqueza desse texto... (Cf. também Mt 12, 31; 1Cor 15; 1Pd 1,7)

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