12 de janeiro de 2012

CONVERTEI-VOS E CREDE NA BOA NOVA

No relato bíblico da criação, nas primeiras páginas da Sagrada Escritura, lemos que Deus Pai criou o ser humano à sua imagem e semelhança, e o colocou no Paraíso terrestre, onde ele era plenamente feliz. Essa felicidade plena e permanente era gerada pela amizade profunda e pela convivência de Adão e Eva com Deus. O Paraíso era o símbolo dessa felicidade. Era um paraíso “do coração”. Era uma felicidade que preenchia plenamente o coração humano. A presença viva de Deus sempre gera uma felicidade e um gozo profundos. Ainda hoje.
Ocorre que pela desobediência de Adão e Eva às ordens de Deus, eles O ofenderam e se afastaram de Sua amizade. Foram expulsos do Paraíso, ou seja, perderam o “paraíso do coração”. Perderam aquela felicidade profunda que era gerada pela amizade com Deus. Esse afastamento de Deus por causa do “pecado das origens” passou, por geração humana, para todos os seres humanos. Todos nascemos afastados de Deus, fora do “paraíso do coração”. Todos não sentimos nem experimentamos naturalmente o amor e a amizade de Deus, e por isso temos uma sensação quase inconsciente de um vazio, de uma ausência, de uma falta de algo ansiosamente desejado: a felicidade do coração.
Por causa do pecado original, todos os seres humanos, ao nascer, não se sentem inclinados, “voltados”, “convertidos” para Deus. Nascemos pagãos, sem sentir necessidade de Deus, e sem o “paraíso do coração”.
Todavia, Deus, que havia criado o ser humano para a felicidade gerada pela comunhão com Ele mesmo, veio “procurar o que se havia perdido”. Desde o paraíso terrestre, Deus sempre procurou atrair novamente o ser humano para si, para levá-lo de volta ao “paraíso do coração”. Essa procura de Deus para atrair o ser humano para si, perpassa todas as páginas das Escrituras do Antigo Testamento, e culmina com a vinda de Jesus Cristo.

A VOLTA PARA DEUS

Jesus veio para “reconduzir” a humanidade e cada ser humano “de volta” para Deus, para um reencontro com Deus, para uma amizade com Deus, para a felicidade que a presença de Deus gera no coração humano. Jesus disse: “Deus não enviou o Seu Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3, 19). Disse ainda: “Eu não vim salvar os justos, mas os pecadores” (Mt 9,12). Aliás, as parábolas do Filho Pródigo e da Ovelha Perdida referem-se exatamente a esta “busca” que Deus faz para “conduzir de volta” o ser humano ao paraíso da convivência com Deus, já aqui na terra, para perpetuá-la, depois, na eternidade.
Ao iniciar a sua missão messiânica, logo após ter sido batizado por João e receber o Espírito Santo em forma de pomba, Jesus iniciou suas pregações dizendo: “Convertei-vos e crede na Boa Nova”, do Evangelho (Mc 1, 14-15). Esta dupla afirmação resume o caminho da vida cristã.
1º. A conversão para Deus. A conversão é um voltar-se para Deus de todo coração. É aceitar Deus na própria vida. É criar uma amizade profunda com Deus. É descobrir tantas provas do amor de Deus que convençam o coração que Deus o ama com amor gratuito e incondicional. Na verdade, o voltar-se para Deus é imprescindível para se poder “crer na Boa Nova”. Mas o nosso coração foi tão ferido pelo pecado original, e é tão ferido pelos nossos pecados, que precisamos trabalhar a vida toda para podermos nos “converter” sempre mais para Deus. Só estaremos totalmente voltados para Deus, totalmente convertidos, quando entrarmos no Céu. Ali está o nosso “paraíso”, a felicidade suprema causada pela comunhão plena e definitiva com a Trindade.
2º. Crer na Boa Nova, no Evangelho de Jesus Cristo. Crer, acreditar, pôr fé na Boa Nova dos ensinamentos de Jesus, e por esses ensinamentos, crer firmemente em Deus como Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

A CONVERSÃO PARA DEUS


A conversão para Deus é obra de uma vida toda. Podemos nos “voltar” para Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, sempre mais, durante toda a vida. E na medida em que nós nos convertemos mais, também vamos aceitando as verdades por Ele reveladas, e vamos transformando as nossas vidas “conformando-as” com os ensinamentos divinos.
Quanto mais um marido-pai se converte para Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, faz uma amizade com Eles e a cultiva em sua vida por um relacionamento perseverante, tanto mais ele será um bom marido e um bom pai, pois as luzes dos ensinamentos de Jesus lhe indicarão o modo correto de ser esposo e pai. Ele aprenderá a amar com fidelidade, a amar afetivamente sua esposa e filhos, ele saberá compreender, perdoar, promover, incentivar, dirigir, cuidar muito bem da esposa e dos filhos.
Quanto mais uma esposa-mãe se converter progressivamente para Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, tanto mais crescerá em sua amizade com Eles, tanto mais ela será uma boa esposa e boa mãe; tanto mais ela será uma esposa fiel, amorosa, carinhosa, dedicada e cuidadosa de seu marido; tanto mais ela cuidará de seus filhos, e procurará educá-los nos caminhos de Deus, da Igreja, num caminho bom e honrado; tanto mais ela saberá compreender, perdoar, socorrer e dirigir seus filhos e seu marido.
Quanto mais um jovem, uma jovem, se converterem para Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, e descobrirem o valor dEles em suas vidas, descobrirem a beleza dos ensinamentos divinos para suas vidas jovens, tanto mais gostarão de viver uma vida honrada, honesta, casta, sincera, justa e bela em relação a seus pais e a seus irmãos. Tanto mais se dedicarão aos estudos e aos trabalhos com honestidade e empenho, preparando-se para um futuro, com responsabilidade de dignidade.
Quanto mais uma pessoa se voltar para Deus e cultivar sua amizade com Deus por meio de atos religiosos, tanto mais gostará de conhecer a Deus Pai, a Deus Filho e a Deus Espírito Santo, tanto mais se encantará pelas belezas divinas e pela grandeza de Seu amor, tanto mais descobrirá a importância dos mandamentos e ensinamentos divinos, e procurará com alegria viver esses mandamentos e ensinamentos, como sendo o melhor caminho para sua vida.
A conversão progressiva para Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo gera a alegria e a felicidade que pode preencher o coração humano. Nessa convivência de amor com Deus se “recupera” o “paraíso perdido”, que é a felicidade do coração. Se é verdade que esse “paraíso reencontrado” não é perfeito e definitivo, é verdade também que ele induz, impulsiona a viver a vida cristã de tal forma que se alcançará, se conquistaráo “paraíso perfeito e definitivo”, o Céu, para estar com Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, por toda a eternidade.

JESUS É A BOA NOVA

A grande Boa Nova, o Grande Evangelho, antes de tudo, é uma pessoa: Jesus Cristo! Quando os Anjos de Belém anunciaram aos Pastores o nascimento de Jesus, nosso Salvador, disseram: “Eis que venho anunciar-vos uma grande notícia, que será motivo de alegria para todo o povo: nasceu para vós o Salvador”.(Lc 2,10-11) Esta foi a mais extraordinária notícia que poderíamos ter recebido: a Vinda de Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor.
Antes de tudo precisamos crer, acreditar, pôr fé incondicional em Jesus, como Filho de Deus, Salvador e Senhor. Quando cremos firmemente em Jesus ressuscitado, naturalmente creremos em todas as maravilhosas revelações que Ele nos fez a respeito do Deus-Trindade, a respeito do sentido eterno de nossas vidas, e a respeito do sentido do mundo.
Todo aquele que se converte de todo coração para Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, também necessariamente aceita Jesus e todas as verdades por Ele reveladas. Converter-se para Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo sempre mais, durante toda a vida, e crer em Jesus e em suas revelações cada vez mais, eis a vida cristã.
É verdade, sim, que Jesus é o “coração”, é o centro, é a síntese perfeita da Boa Nova. Ele foi encarregado por Deus Pai para desvendar essa Boa Nova, fazendo-nos revelações maravilhosas. Uma Boa Nova revelada por Jesus é: Deus Pai nos ama com amor gratuito e incondicional, e por isso nos mandou Jesus para nos salvar e para levar-nos para junto dEle, no céu. Outra Boa Nova é: Deus Pai nos adotou como filhos Seus e quer dar-nos a herança da vida eterna. Outra Boa Nova é: Após esta vida terrena existe outra vida, eterna, que será o “paraíso do coração” por toda a eternidade, e que a presença de Deus gera essa felicidade perfeita e sem fim. Outra Boa Nova é: quem crer em Jesus e for batizado será salvo por Jesus, para poder entrar no paraíso da felicidade eterna. Todas as Boas Novas, enfim, estão descritas nos santos evangelhos. “Convertei-vos e crede na Boa Nova, que é Jesus”.