VOCAÇÃO: UMA TERCEIRA VIA ?
AGOSTO - MÊS DAS VOCAÇÕES
Quando se fala em “vocação” pensa-se quase sempre no chamado feito por Jesus a um ser humano para que assuma o sacerdócio ou a vida religiosa consagrada, masculina ou feminina.
Mas será que não haveria outra possibilidade de vocação para alguém que, honesta e conscientemente, não se sente chamado por Jesus, nem para o sacerdócio, nem para a vida consagrada masculina ou feminina, nem para algum instituto ligo de consagração a Deus, nem nessas comunidades novas, e nem para o matrimônio?
Como entender a vocação de uma pessoa que não se encaixa em nada do que foi exposto acima, mas que tem fé esclarecida, tem consciência de sua pertença à Igreja, sabe que sendo membro vivo do Corpo de Cristo, deve viver em comunhão e participação ativa? Haveria uma vocação específica para um jovem maduro, ou uma jovem adulta, que muito conscientemente não se sentem chamados para o matrimônio e nem para alguma forma de consagração? Haveria uma vocação semelhante para um viúvo ou viúva ainda relativamente jovens, bem como para um homem ou mulher desquitados ou divorciados que não se sentem mais vocacionados para um novo matrimônio, quando possível, nem para o sacerdócio ou para algum tipo de vida consagrada? Haveria uma vocação para estes, a ponto de, tendo realizado um discernimento vocacional correto e profundo, poderem assumir uma forma de vida cristã muito consciente, profunda, operosa e santa, dedicando todo seu tempo disponível, seus dons naturais, adquiridos ou sobrenaturais, para servir a Deus com grande satisfação na Igreja?
Essa resposta enraíza-se no Santo Batismo. Todo ser humano é criado para ser chamado à vida cristã. Em outros termos: todo ser humano tem a vocação à vida cristã. Pelo sacramento do Batismo acontece a sua consagração fundamental. Todas as outras consagrações enraízam-se nesta cepa fundamental necessária que é o Santo Batismo. Todo batizado é um consagrado ao Deus vivo, Uno e Trino. Mais. Pelo Batismo, o cristão é enxertado, implantado como membro de Jesus Cristo, sacerdote, profeta e rei. Portanto, passa a ser membro de Jesus Cristo, “sacerdote” para oferecer e santificar todas as coisas; “profeta”, para anunciar o Evangelho; rei, para ajudar a organizar todas as coisas, na sociedade menor ou maior, de acordo com o Evangelho. Na realidade batismal do sacerdócio, da profecia e da realiza, engloba-se toda a vida cristã.
Isto nos diz que todos aqueles que não receberam uma “vocação específica”, como todas as que descrevemos acima, têm uma vocação fundamental cristã, de sacerdócio, profecia e realeza a abraçar, assumir, desenvolver e colocar a serviço dos irmãos, na Igreja.
Pode-se porém perguntar: “Mas esta vocação batismal fundamental não é a de todos os batizados”? Sim, com certeza. No entanto, aquilo que aqui chamo de ‘Terceira Via” é algo diferente. É uma vocação também enraizada sobre a vocação batismal, como todas as demais, mas é diferente, “sui generis”.
É, pois, diferente da vocação ao matrimônio, ao sacerdócio ou a alguma das muitas formas de consagrações. Nessa vocação a pessoa é chamada por Jesus a viver uma forma de vida, eu diria, plenamente leiga, sem qualquer outro vínculo a não ser o batismal. É chamada a viver com radicalidade sua vida cristã, buscando conscientemente a santidade, dedicando-se a servir a seus irmãos, na Igreja, com decisão e em todo seu tempo disponível, num ministério ou serviço conformado aos seus carismas pessoais.
OPÇÃO SURPREENDENTENessa vocação a pessoa poderia casar e tem todas as condições de fazê-lo. Mas se sente chamada fortemente a não casar para poder servir melhor, com mais liberdade. Poderia se consagrar em una das muitas formas de consagração, mas não sente que é esse o seu chamado. Sente, sim, que Jesus a quer servindo ao seu povo na sua Igreja, mas num estado leigo, sem vínculo de consagração.
Existem pessoas chamadas a essa vocação e que assumiram essa “terceira via”? Com certeza. Talvez mais do que imaginamos. É verdade, porém, que muitas dessas, ao manifestarem seu chamado a um diretor espiritual ou a um confessor, foram convencidas a fazerem algum tipo de consagração. Faltou um discernimento mais aprofundado. Talvez o sacerdote ou valoriza a consagração como uma forma mais elevada de servir na Igreja, esquecendo a consagração batismal, ou desconhece a possibilidade de uma vocação que não se destina a um compromisso de consagração particular.
Com certeza, o Espírito Santo levará a Igreja a descobrir mais profundamente a existência e a validade dessa vocação, e a propô-la com mais freqüência aos fiéis leigos.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial