22 de setembro de 2012

PRIMEIRO PECADO CAPITAL


A  SOBERBA/ORGULHO
  A Escritura, em diversas ocasiões, diz que "o orgulho/soberba é o início de todo pecado", porque ele acaba com a humilde submissão e obediência da criatura a Deus. O primeiro pecado do primeiro homem foi um pecado de orgulho, o desejo do conhecimento do bem e do mal, em que ele queria ser seu próprio Deus, pois queria ser igual a Deus, e não ter que Lhe obedecer. Na opinião de S. Tomás, orgulho é mais que um pecado capital. Ele é fonte dos pecados capitais e particularmente da vanglória, que é um dos seus primeiros efeitos.

Diz o Eclesiástico:“O início do orgulho/soberba num homem é renegar a Deus, pois seu coração se afasta daquele que o criou, porque o princípio de todo pecado é o orgulho. A aquele que nele se compraz será coberto de maldições, e acabará sendo por elas derrubado. Eis porque o Senhor desonrou a assembléia dos maus, e os destruiu para sempre. Deus derrubou os tronos dos chefes orgulhosos e em lugar deles fez sentar homens pacíficos. Deus fez secar as raízes das nações arrogantes, e implantou os humildes entre as mesmas nações.(...) Deus apaga a memória dos orgulhosos, enquanto faz perdurar a dos humildes de coração. O orgulho não foi criado para os homens, nem a cólera para o sexo feminino.*(Eclo 10,14-22)

S. Tomás definiu o orgulho/soberba como um extraordinário amor à nossa própria excelência. O homem orgulhoso deseja, de fato, parecer superior ao que ele realmente é: essa é a falsidade em sua vida.
Orgulho é, como diz S. Agostinho, um amor perverso pela grandeza; ele nos leva a imitar a Deus de uma maneira errada, não produzindo a igualdade com nossos companheiros e desejando impor nossa dominação sobre eles, em vez de viver em humilde submissão à lei divina.
O orgulho/soberba é uma venda nos olhos do espírito, que nos impede de ver a verdade, especialmente aquela relativa à majestade de Deus e à excelência daqueles que nos ultrapassam. O orgulho perverte a nossa vida como alguém que torce uma mola. Isso nos impede de pedir a luz de Deus, que consequentemente esconde sua verdade ao orgulhoso. O orgulho nos afasta, portanto, do conhecimento efetivo da vontade de Deus, da contemplação, do que a humildade, pelo contrário, nos dispõe. Por isto Cristo diz: "Eu Te agradeço, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque Tu escondeste estas coisas dos sábios e prudentes e as revelastes aos pequeninos." O orgulho espiritual é o mais poderoso agente para nos tirar da contemplação das coisas divinas.
Em paralelo, segundo Santo Tomás de Aquino, a soberba/orgulho era um pecado tão grandioso que era fora de série, devendo ser tratado em separado do resto, e merecendo uma atenção especial.
Pela soberba/orgulho, nós nos achamos melhores que todo mundo, não respeitando o próximo e passando por cima de tudo e de todos. O soberbo se torna o seu próprio Deus, pois a glória de tudo o que você faz sempre vai para você mesmo. O seu umbigo passa a ser o centro do universo.
Ser soberbo é querer ser melhor que os outros, aparecer mais, não tolerar competidores. Não podendo vencê-los os diminui, ridiculariza. O soberbo olha o mundo ao redor de si, achando-se o centro do universo, e que fora do seu umbigo não há salvação. Ele é o próprio deus sol, o centro de tudo. Na escola, no trabalho, no cotidiano, conhecemos muitas pessoas assim. Alguns fingem ser o que não são, são como gralhas com penas de pavão, que desmascaradas, são enxotadas do mundo dos ricos e dos sábios, e ridicularizadas no seu próprio meio. Como todo pecado avaliado pela igreja como capital (pois vem do latim: caput, cabeça) a soberba/orgulho traz consigo um leque de “amigos”, todos de uma forma ou de outra ligados a ela. São amigos da soberba/orgulho: a luxuria, a altivez, a presunção, a vaidade, e a arrogância.
A ”cabeça”gerou todos esses membros, daí o nome de capital. O demônio da soberba/orgulho é o nosso conhecido lúcifer, o anjo decaído. Aquele mesmo que tentou ser igual a Deus, e que fez tentação a Jesus Cristo. Em seu orgulho disse: “Tudo isso te darei se prostrado me adorares”. É isso que o soberbo quer, ser adorado.
Mas não pensem que a soberba/orgulho é inerente aos belos, ricos e sábios, não! Existe o avesso desse sentimento tão peculiar.  Há o pobre soberbo, que não aceita ajuda, que ostenta sua miséria como um galardão para ser admirado pelos outros e citado como exemplo. Ele quer que digam: “Vejam como ele é tão íntegro”! Pois é isso que o falso soberbo quer: admiração. Assim fingem ser mais ignorantes do que são, ostentam uma falsa humildade, depreciam-se sempre para serem elogiados. São orgulhosos dos seus dotes. Sempre, porém, queimando interiormente, invejando os mais afortunados, não raro tentando prejudicá-los.                          O soberbo vive enamorado consigo mesmo, gosta de se mostrar, quer despertar inveja e admiração. O soberbo quer sempre estar no topo. Não pode viver sem platéia. O orgulho e a presunção não são  sentimentos apenas humanos. São também diabólicos.
O orgulho sufoca, destrói, mata, derruba. É um pecado mencionado com  bastante freqüência nas Escrituras e todas as suas menções indicam que Deus o odeia. Deus realmente abomina o sentimento de orgulho! Toda criatura que cai nesta perigosa cilada enfrenta o Deus todo poderoso sem o menor temor. Isto porque o orgulho cega o entendimento. Ele faz seus escravos pensarem que podem tomar o lugar do Onipotente Deus, ou que podem ser uma criatura superior às outras. Mas isto é engano, um caminho que leva tudo à destruição.
São Tomás de Aquino considerou a soberba/orgulho um pecado específico, embora possa ser encontrado em todos os outros pecados. A soberba/orgulho é a forma básica do pecado. Ela teria sido a responsável pela desobediência de Adão, que provou o fruto proibido com a ambição de se tornar Deus. A soberba/orgulho leva o homem a desprezar os superiores e a desobedecer as leis. Ela nada mais é que o desejo distorcido de grandeza.  
A pessoa que manifesta a soberba/orgulho atribui apenas a si próprio os bens que possui. Tem ligação direta com a ambição desmedida, a vanglória, a hipocrisia, a ostentação, a presunção, a arrogância, a altivez, a vaidade. O orgulho excessivo faz um conceito elevado ou exagerado de si próprio.

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