CORPUS CHRISTI
FESTA EUCARÍSTICA
A Igreja toda,
no mundo inteiro, em todas as comunidades onde haja sacerdotes, ou até mesmo
onde haja apenas ministros extraordinários da Eucaristia, celebra cheia de
louvor e de ação de graças, em meio a solenidades, procissões festivas ou
outras comemorações, a festa de Corpus Christi, a festa da Sagrada Eucaristia.
A
finalidade primeira dessa solenidade é agradecer e louvar a Jesus, pelo dom da Eucaristia. Diz o Missal popular: “A
festa do Corpo de Deus é a solene comemoração do Santíssimo Sacramento do
Altar. Por ela agradecemos e louvamos o amor de Jesus, pelo dom inefável da Eucaristia”.
O nome “Corpus
Christi” se traduz como “Corpo de Cristo”. Na verdade, é a festa do “Corpo e
Sangue” de Cristo Jesus, presentes na sagrada Eucaristia. Aliás, ha também
outras designações para essa festa, como: “Corpus Dómini”, que se traduz por
“Corpo do Senhor”, “Solenidade do Santíssimo Sacramento do Altar”, “Festa do
Corpo de Deus”, e outras. São nomes diversos para designar a mesma maravilha: a
“Presença real de Jesus Cristo” sob as espécies e aparências do Pão e do Vinho
consagrados na Santa Missa.
O grande
mistério da “Presença Real de Jesus na Eucaristia” foi instituído por Jesus, na
quinta-feira santa, durante a Santa Ceia. Naquela histórica noite, terminada a
ceia judaica do Cordeiro Pascal, Jesus pôs fim à antiga aliança, à antiga ceia,
bem como a todo o ritual dos sacrifícios oferecidos no templo. De imediato inaugurou o Novo Testamento, instituindo a
Nova Ceia do Novo Cordeiro Pascal, a Eucaristia.
Jesus, em seu
infinito e divino amor, quis permanecer na Igreja de forma sacramental, num
sinal visível revelador de Sua presença, a Sagrada Eucaristia. Na Eucaristia,
Jesus deixou à Igreja o único, eterno e supremo sacrifício de Sua vida, oferecido
na Cruz, a fim de que Ela o possa oferecer ao Pai celeste em cada Santa Missa
celebrada. Ao mesmo tempo, na Eucaristia, Jesus quer dar-se aos seus, em forma
de “Comunhão”, para ser companheiro de caminhada, para ser força, ânimo,
remédio, libertação, salvação e fonte de santidade para o ser humano.
A
Festa de Corpus Christi
É preciso
conhecer em profundidade o que é a Eucaristia, seu significado, sua riqueza, a
torrente de graças que dela emana, para se compreender melhor a festa de Corpus
Christi.
Na verdade, essa
festa deveria ocorrer todos os anos na quinta-feira santa, pois foi nesse dia
que Jesus a instituiu e no-la deu como dom supremo. No entanto, porque no dia
seguinte celebra-se a sexta-feira santa da paixão e morte de Jesus,
não há tempo, clima e ambiente para uma celebração eucarística alegre, festiva,
solene, pública. Por isso, a hierarquia da Igreja achou por bem instituir uma
festa especial, solene, litúrgica e pública, para adorar, louvar, agradecer e
exaltar a Jesus, pelo dom de si mesmo na Eucaristia.
A festa
litúrgica de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV no século XIII, e estabelecida na quinta-feira após a
festa da Santíssima Trindade. Aliás, o que motivou ainda mais esse Papa a
instituí-la, foi a triste realidade de que, naquela época, estava se difundindo
cada vez mais a “heresia eucarística”, que negava a presença real de Jesus na
Eucaristia, e portanto negava também a presença de Seu sacrifício em cada Santa
Missa, bem como a realidade da comunhão no Corpo e Sangue de Jesus.
Coube,
porém, ao Papa Clemente V, em 1314, propagar e incentivar a realização da
procissão solene, pública, de Corpus Christi. O Papa desejou que essa
festividade tomasse o significado de uma grande solenidade de “Ações de Graças”
ao coração de Cristo, pelo dom da Eucaristia, e por todos os benefícios que o
povo de Deus recebe cada dia, todos os dias, pelos séculos, através de Sua
presença real na Eucaristia.
De onde vieram as procissões
A fé
na presença real de Jesus na Eucaristia, o culto litúrgico, a devoção à Eucaristia, o sentimento profundo de
gratidão a Jesus vivo por sua presença real entre nós, a admiração dos corações
pelas graças sem fim recebidas de Jesus eucarístico, levaram o povo de Deus a
preparar e realizar procissões solenes, com toda espécie de enfeites e
decorações, com corais e bandas de música solenizando as procissões, com
janelas, portas e frentes de casas religiosamente decoradas, tudo para expressar
a fé, a gratidão e o encantamento por Jesus, presente no “Sinal Eucarístico”
conduzido na procissão.
Talvez
a comparação que faço seja banal, mas é feita para ajudar na compreensão.
Quando a seleção brasileira voltou da copa do mundo com a
taça da vitória, em todas as cidades por onde passava,
faziam-se manifestações populares para enaltecer o feito esportivo. Em Corpus
Christi, nós católicos realizamos uma festividade religiosa e social, conduzindo
o nosso Salvador, Jesus Cristo ressuscitado, pelas ruas de nossas cidades e
vilas, glorificando-o pelo imenso amor com que nos ama a cada dia por sua
presença na Eucaristia. Eis o significado público das procissões!
O Amor quer expandir-se Compreendemos
até com facilidade, portanto: 1º. porque a Igreja realiza com toda
festividade, todos os anos, a procissão de Corpus Christi; 2º. qual é o espírito, a intenção,
a mística que deve mover esse acontecimento; 3º. quais os frutos que
essa festa deve produzir no coração dos católicos. Respondendo:
1º. Imaginemos o infinito bem, as imensas graças que Jesus realiza todos
os dias, em milhares e milhares de corações,
em todas as Santa Missa celebradas no mundo todo; imaginemos todas as bênçãos e
graças que os corações recebem, todos os dias, nas Santas Comunhões realizadas,
nas adorações, eucarísticas, nas visitas a Jesus no sacrário, nas bênçãos
eucarísticas. Lembremo-nos que essa torrente caudalosa de graças acontece cada
dia, todos os dias, nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano. Diante dessa
realidade, não há como não celebrar, como não festejar solene, pública e
gloriosamente a Jesus Eucarístico. 2º.
O espírito, a mística, a intenção dessa festividade decorre exatamente do que
você leu acima. Não pode ser outro, senão, a expressão da profunda fé, a
manifestação pública da imensa e cordial gratidão a Jesus pelo tesouro da
Eucaristia, fonte inesgotável de salvação e santificação. Em síntese: “Porque o
coração reconhece profundamente agradecido, induz a adorar, celebrar e
agradecer”. Ou seja, a realizar a festa e as procissões.
É verdade que em certas cidades
brasileiras, as maravilhosas decorações das ruas, e até os concursos da rua
mais bem decorada, já não são realizados por causa de Jesus eucarístico, para
glorificá-lo e agradecê-lo pelo dom da Eucaristia. São realizados, sim, por
causa do turismo que traz dinheiro, e da competição entre os decoradores. É
lastimável. Que Jesus seja glorificado também por esse vazio de corações
superficiais, e que um dia eles venham a conhecer Jesus eucarístico e a
realizar as decorações por causa dele e Para Ele.
3º. Os frutos desta fé e
festividade devem ser inúmeros: aprofundamento da fé na presença real de Jesus
na Eucaristia; baseado na fé, um despertar mais consciente para a celebração e
participação da Santa Missa dominical e até diária; um afervoramento da piedade
eucarística, manifesta na santa Comunhão, nas adorações mais freqüentes e
freqüentadas, nas visitas a Jesus vivo presente no sacrário das Igrejas; na
conversão maior dos corações para uma vida mais santa; no despertar de uma
consciência maior para servir aos irmãos, em qualquer situação ou necessidade;
num amor maior à Igreja, corpo de Cristo ressuscitado, e outros.
Que
nesta festa de Corpus Christi, Jesus eucarístico seja ainda mais reconhecido,
aceito, obedecido, amado, adorado, glorificado e agradecido.
“Graças e louvores
sejam dados a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento”.