3 de setembro de 2013

A  VIRTUDE  DA  CASTIDADE

A castidade é uma virtude. Toda virtude é uma qualidade ou hábito bom,  estável. As virtudes, portanto, não são atos ou hábitos passageiros, ou até mesmo atos momentâneos. As virtudes são permanentes e, a semelhança de outras qualidades que não são dadas naturalmente, devem ser adquiridas durante algum tempo e não se perdem com facilidade.
            A virtude da castidade é uma energia presente no psiquismo humano que comanda com equilíbrio todas as manifestações da sexualidade, sejam pensamentos, desejos, fantasias, emoções ou atos ligados à sexualidade.
            Por causa da desordem introduzida pelo pecado original no coração humano, 1º pelo obscurecimento da inteligência que não mais compreende o significado da sexualidade, 2º pelo enfraquecimento da vontade que não mais tem poder sobre as forças instintivas da sexualidade, esta se manifesta de diversas formas, nas quais a busca do prazer venéreo ou sexual passa a dominar a pessoa.
            A virtude da castidade é a energia criada no psiquismo do ser humano que “põe a desordem da sexualidade em ordem”, ou seja, imprime a direção correta do uso da sexualidade de acordo com a ordem moral e o estado de vida das pessoas: solteiros, casados, viúvos.
            A virtude da castidade é uma conquista vigorosa, às vezes penosa, por causa do grande poder do impulso (do instinto) sexual inconsciente. Este impulso impulsiona vigorosamente a pessoa para a busca do prazer erótico. Por sua vez, a virtude da castidade domestica esse impulso e estabelece a direção correta para o uso da sexualidade.
A conquista da virtude da castidade passa: 1º por um conhecimento da função procriadora da sexualidade humana, 2º por um conhecimento da sexualidade dentro do plano divino da procriação, o que leva, 3º. ao reconhecimento da importância, da grandeza e da santidade da sexualidade, 4º da decisão alegre e gratificada de realizar os atos de castidade, e repeti-los até chegar a criar o vigor da castidade.
Toda virtude é um hábito bom. O hábito é formado por ‘atos’ repetidos com freqüência. Assim, a repetição de atos de castidade criam o hábito bom da castidade, a que chamamos de virtude da castidade.
Suponhamos que um jovem tenha tomado conhecimento do sentido da sexualidade, de sua importância, grandeza e santidade, bem como de sua finalidade dentro do plano da procriação, e por tudo isto se põe a conquistar a castidade. Toda vez que aparece um pensamento erótico, ele põe em ordem essa desordem, substitui o pensamento erótico por algo bom. Quando surge uma fantasia, ou um desejo eróticos, ele prontamente põe em ordem essa desordem, orientando o seu psiquismo para algo bom e nobre. Quando surge uma sugestão para uma ação erótica: masturbação, relação sexual, pornografia de internet, ele reage e dá a orientação correta para esses desejos. Dessa forma, por esses atos de castidade repetidos, ele vai formando a energia da castidade, a qual cresce sempre mais pelos atos frequentemente repetidos. Ele os repete por uma escolha pessoal, por uma decisão de vontade. Portanto, esse “colocar em ordem a desordem” por uma decisão livre e assumida, não é frustrante e nem bloqueadora.
A virtude da castidade faz parte da virtude cardeal da temperança, que tende a moderar as paixões e os apetites da sensibilidade humana, em nosso caso, da sexualidade humana. A temperança é a virtude que direciona os prazeres da comida, da bebida e da sexualidade. A castidade é o aspecto, ou parte da temperança, que se refere aos prazeres da sexualidade.
A castidade tem como finalidade imediata ordenar toda a esfera sexual, de acordo com a norma moral, ou seja, procura que a sexualidade esteja de acordo com a moral e as leis naturais. Dentro das funções principais da castidade, encontram-se: dominar e dirigir o prazer sexual, e ajustar os atos sexuais à sua própria finalidade natural, isto é,  ordenar nosso instinto sexual.
Alguém poderia pensar que a castidade se opõe ao amor, mas, ao invés, o favorece porque se opõe ao prazer egoísta que impede o amor chegar a sua plenitude humana e espiritual. Graças a esta virtude, a pessoa integra sua sexualidade em sua vocação, ou seja, ordena sua sexualidade para desenvolver o amor e o domínio de si mesma.  
A castidade, como toda virtude, é uma tarefa e um trabalho pessoal. Isto significa que cada pessoa deve realizar um esforço predominantemente pessoal. A castidade é uma virtude moral. É também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo. Todo batizado é chamado à castidade. O cristão "se vestiu de Cristo", modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo seu específico estado de vida. No momento do Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade.
Castidade e estados de vida
Existem três formas da virtude da castidade: a primeira, dos esposos; a segunda, da viuvez; a terceira, da juventude. Nós não louvamos uma delas excluindo as outras. Cada uma é importante dentro do estado de vida .
1º Castidade dos esposos
            A castidade dos esposos os leva a realizar suas relações sexuais de forma natural, com plenitude de amor e de prazer, como expressão de uma comunhão física, emocional e espiritual. É contra a castidade matrimonial: o adultério, as relações anais e orais, a pornografia de revistas, de filmes eróticos, de internet pornográfica, ou de outra fonte de erotismo que vicie a pureza das relações sexuais. Os casados também devem colocar em ordem as desordens que surgem do impulso (instinto) da sexualidade, quais sejam: pensamentos, desejos, fantasias, emoções, impulsos eróticos. Por isto, a castidade matrimonial também é muito significativa dentro da vida de um casal.
2. Castidade da viuvez
            A castidade do viúvos e viúvas – tarefa muitas vezes difícil por causa dos hábitos de relações sexuais vividas no matrimônio – consiste em manterem-se sem a realização de atos sexuais com parceiros casados ou solteiros, sem se entregarem à masturbação compensatória da ausência das relações sexuais. A castidade assumida leva também a pôr em ordem as desordens dos pensamentos, desejos, fantasias, impulsos eróticos.
3. A castidade juvenil
            A castidade juvenil deve se iniciar na manutenção da virgindade física, psíquica e espiritual. A conservação da virgindade por uma opção pessoal motivada é um princípio excelente para uma vida de castidade. A castidade juvenil é uma força criada dentro do coração dos jovens que conserva a liberdade e o comando dos impulsos da sexualidade. A castidade jovem inclui: exclusão da masturbação caracterizada, de relações heterossexuais, de relações homossexuais, do cultivo de pensamentos, desejos, fantasias, pornografia de filmes, revistas, internet ou outras fontes de erotismo.

Ofensas à castidade
A luxúria é um desejo desordenado ou um gozo desregrado do prazer venéreo. O prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo, isolado das finalidades de procriação e de união. (Catecismo da Igreja, §2351)
Por masturbação se deve entender a excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de conseguir um prazer venéreo. "Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmaram sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseca e gravemente desordenado". Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade. Aí o prazer sexual é buscado fora da "relação sexual exigida pela ordem moral, que realiza, no contexto de um amor verdadeiro, o sentido integral da doação mútua e da procriação humana".(Catecismo da Igreja, §2352)
A fornicação é a união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres, solteiros ou viúvos. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos. Além disso, é um escândalo grave quando há corrupção de jovens. (Catecismo da Igreja §2353)
A pornografia consiste em retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros para exibi-los a terceiros de maneira deliberada. Ela ofende a castidade porque desnatura o ato conjugal, doação íntima dos esposos entre si. Atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (atores, comerciantes, público), porque cada um se torna para o outro objeto de um prazer rudimentar e de um proveito ilícito, mergulha uns e outros na ilusão de um mundo artificial. E uma falta grave. As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos. ".(Catecismo da Igreja §2354)
A prostituição vai contra a dignidade da pessoa que se prostitui, reduzida, assim, ao prazer venéreo que dela se obtém. Aquele que paga peca gravemente contra si mesmo; viola a castidade à qual se comprometeu em seu Batismo e mancha seu corpo, templo do Espírito Santo. A prostituição é um flagelo social. Envolve comumente mulheres, homens, crianças ou adolescentes (nestes dois últimos casos, ao pecado soma-se um escândalo). Se é sempre gravemente pecaminoso entregar-se à prostituição, a miséria, a chantagem e a pressão social podem atenuar a imputabilidade da falta. ".(Catecismo da Igreja §2355)
O estupro designa a realização de ato sexual à força, com violência, na intimidade sexual de uma pessoa. Fere a justiça e a caridade. O estupro lesa profundamente o direito de cada um ao respeito, à liberdade, à integridade física e moral. Provoca um dano grave que pode marcar a vítima por toda a vida. E sempre um ato intrinsecamente mau. Mais grave ainda é o estupro cometido pelos pais (cf. incesto) ou educadores contra as criança que lhes são confiadas ".(Catecismo da Igreja §2356)
A castidade significa a integração correta da sexualidade na pessoa e, com isso, a unidade interior do homem em seu ser corporal e espiritual. A sexualidade, na qual se exprime a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se pessoal e verdadeiramente humana quando é integrada na relação de pessoa a pessoa, na doação mútua integral e temporalmente ilimitada do homem e da mulher. ".(Catecismo da Igreja §2337)
Os casados são chamados a serem fiéis. Ser fiel é ser casto, no caso do matrimônio. É ter fidelidade aos compromissos assumidos no casamento. Também os conjugues devem manter o leito conjugal sem mancha, que seria a pureza de suas intenções e a honestidade de seu trato, num contexto de cumplicidade e de amor verdadeiro. Devem cumprir fiel e sinceramente o dever conjugal, pois tudo o que serve para a transmissão da vida é, não só lícito, como louvável.
Para o solteiro, castidade, pela sua abrangência conceitual, tem o sentido de manter-se virgem (casto, puro), até o casamento. Viver em continência, com pureza de intenção e de pensamentos, cultivando os valores da amizade e do respeito. Os namorados devem procurar conhecer um ao outro interiormente, ou seja, a personalidade, a maneira de pensar e de agir, de reagir nas situações da vida, os sentimentos, e não o corpo, no sentido sexual.

1 Comentários:

Anonymous yanese disse...

Excelente

5 de setembro de 2013 às 16:17  

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