21 de agosto de 2014

. A VIRTUDE DA HUMILDADE
O nome “humildade” vem da língua Latina "humus" que significa “terra fértil”. A terra fértil acolhe as sementes, lhes comunica a energia para desabrochar, crescer, tornar-se arbusto e produzir frutos abundantes. A humildade, portanto, é um terreno fértil para produzir todas as demais virtudes humanas e cristãs. Esse terreno fértil é o “coração humilde”, ou seja, o interior do ser humano humilde.
A Humildade é a virtude que nos revela a realidade exata da nossos dons, nossas qualidades, nossas virtudes, nossas possibilidades, e ao mesmo tempo nos revela nossas fraquezas, nossa modéstia, nossa pobreza interior, nossas limitações e até nossos vícios e nossas tendências negativas. A humildade, portanto, nos dá uma radiografia exata de nossa pessoa e personalidade. E nós passamos a nos aceitar com tranqüilidade e serenidade de acordo com essa radiografia.
 A humildade tem como fundamento necessário a verdade. 1º A verdade sobre nós mesmos. 2º. A verdade sobre nós diante de Deus. E 3º. A verdade sobre nós diante dos outros seres humano.
 1º. Em relação a si mesmo, a pessoa humilde reconhece a verdade sobre a sua própria pessoa. Reconhece seus dons, suas qualidades, suas virtudes, suas possibilidades de agir bem. Sabe que tudo lhe foi doado por Deus, por isso não se vangloria, não se orgulha, não se envaidece, mas pelo contrário, agradece com alegria por todos os seus dons.. Pela humildade a pessoa reconhece também suas fraquezas, suas limitações, suas tendências negativas, até seus vícios e pecados. Não se entristece, não cria inferioridade. Procura, isto sim, na humildade, superar as fraquezas, vencer as tendências negativas e os pecados.
         2º. Em relação a Deus, pela humilde a pessoa reconhece a grandeza de Deus, seus direitos divinos sobre ela, pois reconhece que foi criada à sua imagem e semelhança, foi dEle que recebeu o dom da vida e todos os dons naturais e sobrenaturais. Por isso, a humildade torna o coração humano agradecido para com Deus, aberto às suas orientações e vontades, acolhedor de suas graças. Nisto, a humildade é porta aberta para a santidade. Aliás, a humildade é um terreno fértil da santidade.
3º Em relação ao próximo, a pessoa humildade reconhece e valoriza seus dons, suas qualidades, suas virtudes, suas boas ações, e sabe apreciar, elogiar e promover o outro. Mas sabe também conhecer as fraquezas, as limitações, as tendências negativas do outro, mas jamais critica, difama, humilha, acusa ou condena. Nisto, a humildade é muito misericordiosa e bondosa. A experiência das próprias fraquezas leva a ter misericórdia diante das fraquezas do outro. A pessoa humilde, sabe que os outros têm muito a lhe ensinar, e não desperdiça a graça de aprender, e de amadurecer em tudo o que faz. Quem é humilde reconhece o que tem de bom no outro, cresce com ele, valoriza-o e lhe dá a oportunidade de também ser bom. Ser humilde é saber ir até o ponto de não interferir nos outros, ser humilde é não intrometer-se  na vida dos outros.
A verdadeira humildade é aquela pela qual o ser humano tem consciência e possui uma convicção do que ele é, da sua capacidade, da sua força ou da sua fraqueza, compreende a sua inferioridade, reconhece seus limites, mas não sofre. Por isso, se esforça e trabalha para ser melhor e procura constantemente seu aperfeiçoamento físico, moral e espiritual.
A humildade é sabedoria, é ser gente com os outros, é deixar-se ajudar pelos outros, é saber respeitar os demais, é dar espaço para amar e ser amado, para encontrar e ser encontrado.  Se diz que a humildade é uma virtude humilde. Ela torna discretas as outras virtudes que existem nas pessoas.
A humildade não é depreciação de si mesmo, não é ignorância em relação ao que a pessoa é, mas ao contrário, ela tem conhecimento exato do que não é, mas também daquilo que tem de bom. A força desta virtude está na alma e não  é preciso ser santo para ter humildade.
Esta consciência daquilo que a pessoa é, tanto de bom como de limitações, se adquire lentamente pelo trabalho interior, ou pode ser provocada pelo reconhecimento da existência de alguém superior a si mesmo, por reconhecer a grandeza de Deus, o Ser Supremo, as suas forças universais, com as leis que as regem. Diante dessa compreensão e reconhecimento interiores nasce a humildade, como reverência à grandeza do Criador.
A humildade é uma virtude que atua sem ilusão, sendo guiada pela razão, e baseada na verdade. Por isso, um bom conhecimento teórico da humildade favorece o aprofundamento nesta virtude. A humildade produz no interior do homem: alegria, paz e serenidade. A verdadeira humildade sempre está acompanhada de outras virtudes, como a caridade, a misericórdia, o amor, a verdade e a compaixão.
          Entretanto, a virtude da humildade, como maturidade de ser e de existir, tem um valor e um sentido transformador e dignificante para a vida humana. Humilde é a pessoa que tem a capacidade para se relacionar sadiamente consigo, com os outros, com os bens da criação e com o Criador.
       Humildade é a virtude de alguém que tem consciência do que é: de suas virtudes, habilidades e qualidades, mas igualmente de seus limites e fraquezas. Humilde é a pessoa aberta para a vida, para a transformação, para a mudança, para o crescimento, para o acolhimento dos valores e da ajuda de Deus e dos outros. Uma pessoa humilde sabe que não é dona da verdade. Ela está sempre aberta à mudança e ao crescimento. Reconhece e aceita que todos têm algo a ensinar. Não exclui ninguém. Busca conviver com todos tendo um espírito de disponibilidade para colaborar, como tem maturidade para aceitar a ajuda de qualquer pessoa independente de sua posição social, cultural, ou religiosa. É alguém grato à vida.
Na verdade, a virtude da humildade nos leva ao verdadeiro  auto conhecimento, com nossas virtudes e limites. Nos leva também a reconhecer e aceitar o valor de cada pessoa e de sua importância no convívio social. A humildade, como virtude, é indispensável para que o próprio amor aconteça. Sem humildade não há verdadeiro amor, pois sabemos que o amor exige e supõe a comunhão, a partilha e a parceria de vida, isto é, o espírito de vida em equipe, a busca da justiça do social, a abertura de vida para o acolhimento e da entre ajuda.
        Portanto, a pessoa humilde apresenta normalmente estas características: admite que não é dona absoluta da verdade; sabe acolher e respeitar a pessoa do outro; está sempre aberta para aprender e mudar; ajuda e se deixa ajudar; ama e se deixa amar; tem boa convivência social; não nega suas habilidades e qualidades, como igualmente seus limites e fraquezas. É alguém amadurecido no seu ser, existir e conviver. Sabe antes de tudo reconhecer os valores do que os defeitos de cada pessoa com a qual convive. É por natureza serviçal. Particularmente é alguém agradecido por tudo o que recebeu e recebe de Deus, da vida e de todos. Alguém integrado consigo.
A pessoa verdadeiramente humilde não se considera superior, nem inferior a ninguém, pois vê em todos um universo de inteligência e de beleza. Por isso, o humilde não discrimina, nem maltrata qualquer pessoa. Para ele, ricos e pobres, inteligentes e obtusos, bons e maus são, antes de tudo, filhos de Deus.
Uma pessoa verdadeiramente humilde não se orgulha de seus bens, de sua riqueza, de seu patrimônio intelectual ou de sua boa aparência. E age assim porque sabe que tudo é passageiro na vida terrena. Uma pessoa assim é sábia e, certamente, vive tranqüila.
 A pessoa humilde é a mesma em todas as ocasiões. Se está em situação desfavorável, conserva-se tranqüila e não se sente inferiorizada, pois conhece suas potencialidades.
  Se vive em condições confortáveis, busca vivenciar a solidariedade, a alegria, o bom humor e a tolerância. É assim que se constrói um futuro de alegria e realização.
Jesus Cristo nos deixou lições e exemplos de humildade. Ao lavar os pés de seus discípulos quis revelar a grandeza da humildade que sabe servir até nas atitudes mais humildes. Ele também disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”(Mt 11,29) . Em outra oportunidade falou: “Quem se orgulha será humilhado e quem se humilha será exaltado” (Lc 14,11).




1 Comentários:

Anonymous yanese disse...

EXcelente

22 de agosto de 2014 às 14:33  

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