30 de agosto de 2017

CREIO, SENHOR, MAS AUMENTAI A MINHA FÉ.


A fé é um dom de Deus que energiza e ilumina o coração de uma pessoa para que ela possa crer firmemente em Jesus ressuscitado e em todas as revelações feitas por Ele. A fé abre a porta para que se possa ter uma vida de comunhão com a Trindade e para poder entrar na Igreja e viver nela o caminho da vida cristã, a vida sacramental para alcançar a salvação.
O início do caminho da fé acontece no Santo Batismo. Nele, o Espírito Santo deposita o gérmen da fé no coração do batizando. Depois, pelo exemplo dos pais e da família, pelas catequeses na vida da igreja, pela participação na comunidade católica, aquele gérmen cresce, se desenvolve e pode chegar a uma plena maturidade.
A fé precisa ser alimentada. O primeiro lugar para alimentar a fé é a própria família. Ali, os pais devem cultivar a semente da fé, falando bem de Jesus, de Deus e de Nossa Senhora, devem introduzir os filhos na vida de oração, devem formá-los para participar da vida da Igreja.
O segundo lugar de alimento e crescimento da fé é a comunidade católica. Seja a paróquia ou outra comunidade menor, dentro da paróquia. Pela participação nas catequeses para a vida eucarística e para o Crisma, pela participação das missas dominicais, pela participação de todas as expressões religiosas realizadas na comunidade católica, a fé vai se consolidando e fortificando até chagar ao ideal de uma maturidade.

Porque a fé é um dom de Deus, doado por meio do Espírito Santo, devemos pedir ao Divino Espírito que faça crescer a nossa fé. “Eu creio, Senhor, mas aumentai a minha fé”, deve ser um pedido repetido sempre de novo, principalmente quando lemos, estudamos ou ouvirmos falar de alguma verdade misteriosa de nossa fé. Muitas das verdades de nossa fé são misteriosas, e portanto não podemos compreendê-las integralmente. Onde termina a nossa capacidade de entender é que se inicia o verdadeiro “crer”. Então dizemos de coração: “Eu creio, não porque compreendo. Creio porque Jesus afirmou e ensinou”. Eis a pureza da fé!

17 de agosto de 2017

ASSUNÇÃO DA IMACULADA


 
            No mês de agosto, na festa da Assunção, celebramos o glorioso acontecimento da elevação de Maria, mãe de Jesus, aos céus, em corpo e alma.  Diz o Vaticano II, no número 147: “Terminado o curso da via terrestre, Maria foi assunta em corpo e alma à glória celeste”. Em síntese. Ao final de sua vida terrena, certo dia, a Virgem “adormeceu”, seu corpo foi imediatamente glorificado, e Ela – completa – com seu corpo e alma – foi elevada aos céus. Seu corpo não se corrompeu. Foi transformado, glorificado, imortalizado, à semelhança do corpo ressuscitado de Jesus.
            Maria não morreu?... Uma corrente de teólogos diz que não. Aliás, eles indicam argumentos teológicos e bíblicos muito fortes. Para esses, ela teria apenas “adormecido” num sono semelhante ao da morte. Seu espírito – sua alma –  não teria deixado seu corpo. Neste estado de “dormição - adormecimento”, foi sepultada, e imediatamente transformada, glorificada e elevada, inteira, para a glória do céu.
            Maria morreu?... Outra corrente de reflexão teológica diz que sim, e aponta seus argumentos. Afirmam que Maria quis seguir o mesmo caminho de seu Filho. À semelhança de Jesus,  Maria teria morrido, teria sido sepultada e imediatamente ressuscitada. Seu corpo teria sido glorificado, e Ela – inteira – teria sido elevada à glória dos céus, em corpo e alma.
            Como foi exatamente a “passagem”, a “páscoa” de Maria para o céu, por certo, só o saberemos quando estivermos com Ela, na glória.

O túmulo  de  Nossa Senhora.
            O túmulo onde a Virgem “repousou por um pouco de tempo” está em Jerusalém, na Igreja da Assunção. Um documento de alta antiguidade, chamado “Dormício Vírginis”, “A Dormição, o Adormecer da Virgem”, conhecido desde o segundo século, revela o lugar onde o corpo de Maria deveria ser colocado. Diz o documento: “Nesta manhã, tomai convosco a senhora Maria e andai para fora de Jerusalém, pelo caminho que conduz à cabeceira do vale, além do monte das Oliveiras. Ali existem três grutas: uma larga, externa; depois outra, dentro dessa; e uma pequena câmara interna, com um banco elevado, de argila, na parte leste. Colocai a Bendita sobre aquele banco”. Alguns atribuem esse documento ao Apóstolo São Tiago, bispo de Jerusalém.
            Essa tumba era venerada pela comunidade judeu-cristã deste os primórdios da Igreja, como sendo, de fato, o túmulo de Nossa Senhora. No século V, a “câmara” onde foi colocado o corpo de Nossa Senhora foi separada e isolada do conjunto das duas outras salas anteriores, e em torno, e sobre ela, foi construída uma igreja, como se pode ver atualmente. Essa igreja foi dedicada à Assunção de Maria. (Cf. Guida di terra Santa, pg 104, ano 1973)

A igreja da Assunção, em Jerusalém
            No lugar do túmulo de Nossa Senhora foi construída a igreja da Assunção. A construção passou por várias modificações, inclusive por destruições feitas por Saladino (1187) e reconstruções realizadas pelos cruzados, e mais tarde, pelos frades franciscanos. Atualmente, se desce por uma longa escadaria até o corpo da igreja subterrânea, onde se encontra a tumba, “onde a Imaculada dormiu seu breve sono”. Desde 1757, quando os frades franciscanos foram expulsos do local e lhes foi tirado o direito de cuidar do local, à comunidade católica sobra a possibilidade de ali prestar um culto público e comunitário, de forma oficial, apenas três vezes por ano, dentre as quais, o dia 15 de agosto, quando se celebra a Assunção de Maria. (Cf. Guida di terra Santa, pg 104, ano 1973)

A Assunção na Bíblia
            Não encontramos textos bíblicos “explícitos” que relatem a verdade da Assunção de Maria aos céus, em corpo e alma. Os estudiosos do assunto, contudo, dão fortes razões para explicar o fato de os escritores sagrados do Novo Testamento não relatarem esse acontecimento.
            Esses mesmos mariólogos, em suas reflexões teológicas, apontam para alguns textos bíblicos onde vêem “implicitamente” a presença da verdade da Assunção, ou seja, da ressurreição e glorificação imediata da Virgem, após sua “dormição”. Eis alguns textos. 1. No proto-evangelho: Gn 3,15.  2. Na saudação do Arcanjo a Maria: Lc 1,28  3. Salmo 131, 8.  4. Salmo 44, 10.  5. Apoc 12, 1.
            A algum possível leitor que não aceita essa verdade porque não há textos bíblicos explícitos que falem a palavra “Assunção”, e nem relatem claramente o fato ocorrido com Maria, precisamos lembrar que nós, católicos, temos duas fontes principais da revelação: a Bíblia e a Tradição. É bom recordar que os Evangelhos, antes de serem escritos como os temos hoje, também eram “tradição”. Eram falados, contados, pregados, escritos por partes. A Tradição é muito forte na transmissão do acontecimento da Assunção, deste os inícios do cristianismo. Ela é, para nós, fonte segura da verdade sobre a Assunção da Virgem.

A voz da Tradição
            O conhecimento da verdade da Assunção, a aceitação feliz e agradecida desse fato, as narrativas orais feitas de geração para geração, os escritos apócrifos descritivos, o culto junto à tumba da Virgem, toda essa tradição foi ininterrupta na Igreja, desde os tempos apostólicos.
            A literatura do povo fiel daqueles dias longínquos afirma de forma mais explícita a Assunção corpórea de Maria. Os escritos apócrifos, tão numerosos e difundidos nas línguas orientais, relatam com abundância de pormenores a Assunção de Maria. Se neles há piedosas considerações feitas por fantasias estimuladas pela fé e amor para com Maria, em sua substância encontra-se o relato do pensamento e das crenças dos cristãos daqueles tempos, sobre a verdade da Assunção da Imaculada.
            O cuidado para com o lugar do túmulo de Maria, a construção da igreja sobre o túmulo, as disputas contra os hereges pela posse do local, as várias reconstruções da igreja, aliás em séculos tão distantes, mostram desde os tempos apostólicos a forte convicção e certeza dos cristãos quanto à Assunção da mãe de Jesus. Essa tradição torna-se uma muito forte prova da veracidade do acontecimento da Assunção de Maria.
           
A festa e o dogma
            A festa da Assunção já foi instituída nos longínquos anos trezentos, e logo aparece como uma festa de uso universal e comum, não somente entre os cristãos, mas também entre antiqüíssimas igrejas nacionais, como a dos armênios e dos etíopes.
            A partir do século V, a Assunção de Maria já se encontra afirmada em muitos documentos. No século VII a doutrina e a festa da Assunção se difundem por todo orbe católico.
            No Concílio Ecumênico Vaticano I, mais de duzentos bispos solicitaram ao Papa a declaração do dogma da Assunção de Maria aos céus em corpo e alma. Mas essa verdade só foi declarada como “verdade de fé”, como Dogma de fé, em primeiro de novembro de 1950, pelo Papa Pio XII.
            Com a declaração do dogma, a Igreja nos garante a certeza de que, de fato, a Virgem Maria foi elevada aos céus em corpo e alma, e está na gloria, junto da Trindade.
            “Maria, assunta aos céus, tu és a glória de Jerusalém, a alegria de Israel e a honra do nosso povo”!


15 de agosto de 2017

A FÉ VEM DO OUVIR



A fé é uma energia espiritual e uma iluminação do nosso intelecto que nos capacitam crer em Jesus ressuscitado e em todas as verdades por Ele reveladas.  A fé é um dom, um presente de Deus. Não somos nós que a criamos, mas foi o Espírito Santo que no-la deu no dia do nosso batismo.
Para que alguém possa chegar a crer em Jesus, é preciso que dEle ouça falar, e ouça falar de tal forma que se desperte no ouvinte o desejo de conhecê-Lo, e assim nasça a fé em Jesus.
São Paulo, ao escrever aos Romanos disse: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Jl 3,5). Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?  E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas (Is 52,7)?...  Mas não são todos que prestaram ouvido à boa nova. É o que exclama Isaías: Senhor, quem acreditou na nossa pregação (Is 53,1)?  Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo.  (Rm 10, 13-18).
Nesse texto ressaltamos que “para ser salvo é preciso crer em Jesus. Para crer nEle é preciso ouvir falar dEle. E para ouvir falar dele é preciso que haja quem pregue” Portanto, a fé em Jesus vem do ouvir falar bem dEle”.
Por que Zaqueu quis tanto ver Jesus? Por que a prostituta foi procurar Jesus num banquete? Por que Nicodemos foi procurar Jesus à noite? Por que Jairo foi procurar Jesus para ressuscitar sua filha? Porque vários leprosos foram pedir a Jesus a cura? Por que muitos doentes foram pedir a Jesus a cura? Foi porque “ouviram falar das maravilhas feitas por Jesus, e ao ouvir, se lhes despertou a fé nEle, e por isso foram procurá-Lo e todos foram atendidos.
Além de renovar em profundidade a nossa própria fé, precisamos falar muito bem de Jesus às pessoas que ainda não creem, a fim de que recebam o dom da fé, creiam em Jesus, vivam uma vida cristã verdadeira e sejam salvos. “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Jl 3,5)


9 de agosto de 2017

SÓ A FÉ SALVA?


No que concerne à fé e as obras, não podemos deixar de citar o texto bíblico de São Tiago. “De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo? Assim também a fé: se não tiver obras é morta em si mesma. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Queres ver, ó homem vão, como a fé sem obras é estéril? Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas obras, oferecendo o seu filho  Isaac sobre o altar? Vês como a fé cooperava com as suas obras e era completada por elas. Vedes como o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé? Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta. (Tg 2,14-25)
            Não existe fé verdadeira sem obras. As obras sobrenaturais são produzidas pela fé. Em relação à discussão se é a fé que salva, ou se são  as obras que salvam não podemos separar, dividir, uma da outra. Quanto maior a fé, maior será o número de boas obras. Quanto mais obras ótimas são feitas, é sinal de uma grande fé.
            O que salva é a fé profunda em nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitado e nas verdades por Ele reveladas. E essa fé gera uma vida cristã vivida em santidade e cheia de boas obras.
A fé é como uma árvore  pessegueiro. As obras são os pêssegos. De que serve um pessegueiro se não produz pêssegos? Mas os pêssegos só existem se existe o pessegueiro. A fé é causa das obras. As obras são a conseqüência da fé.

            Queremos aprofundar e consolidar a nossa vida de fé, e por meio dela, queremos renovar o nosso relacionamento com a Trindade, bem como toda a nossa vida cristã, a nossa vida com a Igreja, a celebração dos sacramentos, o alimento da Palavra, enfim tudo para que vivendo em santidade e boas obras, alcancemos a glória celeste.