No mês de agosto, na festa da
Assunção, celebramos o glorioso acontecimento da elevação de Maria, mãe de
Jesus, aos céus, em corpo e alma. Diz o
Vaticano II, no número 147: “Terminado o curso da via terrestre, Maria foi assunta
em corpo e alma à glória celeste”. Em síntese. Ao final de sua vida terrena,
certo dia, a Virgem “adormeceu”, seu corpo foi imediatamente glorificado, e Ela
– completa – com seu corpo e alma – foi elevada aos céus. Seu corpo não se
corrompeu. Foi transformado, glorificado, imortalizado, à semelhança do corpo
ressuscitado de Jesus.
Maria não morreu?... Uma corrente de
teólogos diz que não. Aliás, eles indicam argumentos teológicos e bíblicos
muito fortes. Para esses, ela teria apenas “adormecido” num sono semelhante ao
da morte. Seu espírito – sua alma – não
teria deixado seu corpo. Neste estado de “dormição - adormecimento”, foi sepultada,
e imediatamente transformada, glorificada e elevada, inteira, para a glória do
céu.
Maria morreu?... Outra corrente de
reflexão teológica diz que sim, e aponta seus argumentos. Afirmam que Maria
quis seguir o mesmo caminho de seu Filho. À semelhança de Jesus, Maria teria morrido, teria sido sepultada e
imediatamente ressuscitada. Seu corpo teria sido glorificado, e Ela – inteira –
teria sido elevada à glória dos céus, em corpo e alma.
Como
foi exatamente a “passagem”, a “páscoa” de Maria para o céu, por certo, só o
saberemos quando estivermos com Ela, na glória.
O túmulo de
Nossa Senhora.
O túmulo onde a Virgem “repousou por
um pouco de tempo” está em Jerusalém, na Igreja da Assunção. Um documento de
alta antiguidade, chamado “Dormício Vírginis”, “A Dormição, o Adormecer da
Virgem”, conhecido desde o segundo século, revela o lugar onde o corpo de Maria
deveria ser colocado. Diz o documento:
“Nesta manhã, tomai convosco a senhora Maria e andai para fora de Jerusalém,
pelo caminho que conduz à cabeceira do vale, além do monte das Oliveiras. Ali
existem três grutas: uma larga, externa; depois outra, dentro dessa; e uma
pequena câmara interna, com um banco elevado, de argila, na parte leste.
Colocai a Bendita sobre aquele banco”. Alguns atribuem esse documento ao
Apóstolo São Tiago, bispo de Jerusalém.
Essa tumba era venerada pela
comunidade judeu-cristã deste os primórdios da Igreja, como sendo, de fato, o
túmulo de Nossa Senhora. No século V, a “câmara” onde foi colocado o corpo de
Nossa Senhora foi separada e isolada do conjunto das duas outras salas
anteriores, e em torno, e sobre ela, foi construída uma igreja, como se pode
ver atualmente. Essa igreja foi dedicada à Assunção de Maria. (Cf. Guida di
terra Santa, pg 104, ano 1973)
A igreja da Assunção,
em Jerusalém
No lugar do túmulo de Nossa Senhora
foi construída a igreja da Assunção. A construção passou por várias
modificações, inclusive por destruições feitas por Saladino (1187) e
reconstruções realizadas pelos cruzados, e mais tarde, pelos frades
franciscanos. Atualmente, se desce por uma longa escadaria até o corpo da
igreja subterrânea, onde se encontra a tumba, “onde a Imaculada dormiu seu
breve sono”. Desde 1757, quando os frades franciscanos foram expulsos do local
e lhes foi tirado o direito de cuidar do local, à comunidade católica sobra a
possibilidade de ali prestar um culto público e comunitário, de forma oficial, apenas
três vezes por ano, dentre as quais, o dia 15 de agosto, quando se celebra a
Assunção de Maria. (Cf. Guida di terra Santa, pg 104, ano 1973)
A Assunção na Bíblia
Não encontramos textos bíblicos “explícitos”
que relatem a verdade da Assunção de Maria aos céus, em corpo e alma. Os
estudiosos do assunto, contudo, dão fortes razões para explicar o fato de os
escritores sagrados do Novo Testamento não relatarem esse acontecimento.
Esses mesmos mariólogos, em suas
reflexões teológicas, apontam para alguns textos bíblicos onde vêem
“implicitamente” a presença da verdade da Assunção, ou seja, da ressurreição e
glorificação imediata da Virgem, após sua “dormição”. Eis alguns textos. 1. No
proto-evangelho: Gn 3,15. 2. Na saudação
do Arcanjo a Maria: Lc 1,28 3. Salmo
131, 8. 4. Salmo 44, 10. 5. Apoc 12, 1.
A algum possível leitor que não
aceita essa verdade porque não há textos bíblicos explícitos que falem a
palavra “Assunção”, e nem relatem claramente o fato ocorrido com Maria,
precisamos lembrar que nós, católicos, temos duas fontes principais da revelação:
a Bíblia e a Tradição. É bom recordar que os Evangelhos, antes de serem
escritos como os temos hoje, também eram “tradição”. Eram falados, contados,
pregados, escritos por partes. A Tradição é muito forte na transmissão do
acontecimento da Assunção, deste os inícios do cristianismo. Ela é, para nós,
fonte segura da verdade sobre a Assunção da Virgem.
A voz da Tradição
O conhecimento da verdade da
Assunção, a aceitação feliz e agradecida desse fato, as narrativas orais feitas
de geração para geração, os escritos apócrifos descritivos, o culto junto à
tumba da Virgem, toda essa tradição foi ininterrupta na Igreja, desde os tempos
apostólicos.
A literatura do povo fiel daqueles
dias longínquos afirma de forma mais explícita a Assunção corpórea de Maria. Os
escritos apócrifos, tão numerosos e difundidos nas línguas orientais, relatam
com abundância de pormenores a Assunção de Maria. Se neles há piedosas
considerações feitas por fantasias estimuladas pela fé e amor para com Maria,
em sua substância encontra-se o relato do pensamento e das crenças dos cristãos
daqueles tempos, sobre a verdade da Assunção da Imaculada.
O cuidado para com o lugar do túmulo
de Maria, a construção da igreja sobre o túmulo, as disputas contra os hereges
pela posse do local, as várias reconstruções da igreja, aliás em séculos tão distantes,
mostram desde os tempos apostólicos a forte convicção e certeza dos cristãos
quanto à Assunção da mãe de Jesus. Essa tradição torna-se uma muito forte prova
da veracidade do acontecimento da Assunção de Maria.
A festa e o dogma
A festa da Assunção já foi instituída nos longínquos anos
trezentos, e logo aparece como uma festa de uso universal e comum, não somente
entre os cristãos, mas também entre antiqüíssimas igrejas nacionais, como a dos
armênios e dos etíopes.
A partir do século V, a Assunção de
Maria já se encontra afirmada em muitos documentos. No século VII a doutrina e
a festa da Assunção se difundem por todo orbe católico.
No Concílio Ecumênico Vaticano I,
mais de duzentos bispos solicitaram ao Papa a declaração do dogma da Assunção
de Maria aos céus em corpo e alma. Mas essa verdade só foi declarada como “verdade
de fé”, como Dogma de fé, em primeiro de novembro de 1950, pelo Papa Pio XII.
Com a declaração do dogma, a Igreja
nos garante a certeza de que, de fato, a Virgem Maria foi elevada aos céus em
corpo e alma, e está na gloria, junto da Trindade.
“Maria, assunta aos céus, tu és a
glória de Jerusalém, a alegria de Israel e a honra do nosso povo”!