29 de setembro de 2017

OS TRÊS ARCANJOS


            O nome “Arcanjo” é formado por duas palavras: arqui+anjo. Significa “anjo maior”. A palavra anjo vem da língua grega: “ânguelos”, e do latim:”ângelus”, que significa “mensageiro, portador de mensagens, noticiador”. Na verdade, o nome “anjo” não indica a “natureza”, ou seja, “aquilo que o anjo é”, mas a sua missão, a sua ação, o que ele faz. Santo Agostinho diz que “anjo é designação de encargo, e não de natureza. Se perguntas pela sua natureza, ele é ‘espírito’. Se perguntas pelo encargo, ele é ‘anjo’. É espírito, por aquilo que ele é. É anjo, por aquilo que ele faz”. Portanto, ao falar de anjos está se discorrendo sobre “espíritos”, seres espirituais, dotados de individualidade, inteligência e vontade.
            Os espíritos angélicos são “servidores e mensageiros de Deus”, “poderosos executores de sua palavra, e obedientes ao som de sua voz (Cf. Sl. 102, 20).
            Baseados em diversas citações bíblicas, alguns escritores sagrados os dividem três hierarquias. Cada hierarquia é formada por três categorias, formando nove categorias ou ordens de espíritos angélicos.
            A primeira hierarquia é formada pelos espíritos Serafins, pelos Querubins e pelos Tronos. Esses três grupos se mantém junto do trono de Deus, o adoram, contemplam, servem e engrandecem. Os Serafins são os “inflamados” do amor de Deus. Os Querubins são os portadores da plenitude da ciência divina. Os Tronos vivem a “fruição perpétua” da presença de Deus.
            A segunda hierarquia é formada pelos espíritos Dominações, pelos Virtudes e pelos Potências. Os Dominações presidem, organizam, dão ordens a outros espíritos. Os espíritos Virtudes são os executores: agem, fazem. E os Potências exercem o poder. Têm poder de remover obstáculos aos planos divinos e favorecer sua implantação.
            A terceira hierarquia é formada pelos espíritos chamados: Principados, Arcanjos e Anjos. Os Principados exercem poderes em nome de Deus, para o reino de Deus, em regiões maiores: países, províncias, estados.  Os Arcanjos, exercem domínios sobre cidades. Os Anjos, exercem o cuidado de pessoas. (Cf Legenda Áurea, pg. 813-824)
            A bem da verdade, é preciso dizer que alguns escritores sacros divergem, não dos nomes das nove categorias de espíritos, mas das atribuições de cada classe, descritas acima.
            Todos esses espíritos celestes são criados por Deus, estão na felicidade dos céus, servem em profundo amor e obediência a Deus, são profundamente unidos entre si na execução da missão geral dada por Deus, bem como nas incumbências pessoais.

OS TRÊS ARCANJOS
            Por causa de suas aparições e manifestações nominais e pessoais descritas na Bíblia ou narradas em acontecimentos documentados, os Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael são os mais conhecidos, venerados, invocados e prestigiados na Igreja.
            Nos séculos passados, cada Arcanjo tinha sua festa própria na liturgia católica. São Miguel era celebrado no dia 29 de setembro, São Gabriel no dia 24 de março e São Rafael no dia 24 de outubro. Com a reforma do calendário litúrgico, são celebrados num mesmo dia: 29 de setembro.

São Miguel Arcanjo.
            O nome Miguel significa “Quem é como Deus?”. Pelo significado do nome podemos perceber que esse arcanjo é “defensor intransigente e ciumento de Deus, de seus direitos divinos e de tudo quanto Lhe pertence”. É “adversário” dos inimigos de Deus, quer demônios, quer seres humanos. Pelo significado de seu nome compreendemos melhor sua missão, seus trabalhos, seus empenhos. São Gregório escreveu que “Quando se trata de realizar coisas maravilhosas, o enviado por Deus é Miguel”.
            Escritores sagrados, baseados em dados bíblicos, apontam para tarefas importantes deste arcanjo. Foi Miguel quem combateu Lúcifer e seus anjos rebeldes, e os expulsou do céu, obtendo uma grande vitória. É Miguel que, o tempo do anticristo, deve se erguer em defesa e em favor dos eleitos. Miguel é o protetor do povo eleito (Cf. Dan 10, 13 e 12,1) Foi Miguel quem disputou contra Satanás para proteger o corpo de Moisés, que o satânico queria fazer desaparecer, a fim de que o povo judeu adorasse Moisés em lugar de Deus. (Cf Carta de São Judas, v.9). É Miguel o chefe da luta contra o dragão (Cf. Apoc 12, 7). Na liturgia da esperança (dos falecidos) fala-se que Miguel acompanha os falecidos e os leva até Deus e ao paraíso. Ele era o protetor da sinagoga. Agora é o protetor da Igreja Católica.
            Em escritos religiosos relatam-se muitas aparições desse Arcanjo, realizando obras de grande poder, como vitórias em guerras, desaparecimento súbito de pestes mortais, orientações para o bem maior de uma população ou da Igreja.
            Miguel já era cultuado na sinagoga judaica como seu protetor. Desde os inícios da era cristã recebeu um culto fervoroso, tanto no oriente como no ocidente. Já os imperadores  romanos Constantino e Justiniano construíram e lhe dedicaram templos preciosos. O papa São Gregório dedicou-lhe um mausoléu, hoje conhecido como Castelo de Santo Ângelo, perto do Vaticano.
            Tradicionalmente, Miguel é invocado contra o demônio e suas tentativas de seduzir e fazer mal às pessoas, para libertar pessoas possessas, obcecadas ou oprimidas pelo diabo, para libertar pessoas e lugares contaminados pelas forças do mal.

São Gabriel Arcanjo
            O nome Gabriel significa “Força de Deus”. É o mensageiro celeste que recebeu a maior e a mais admirável missão de anunciar a “Encarnação do Verbo eterno”, do filho de Deus, do Messias e Salvador, no ventre virginal da Virgem de Nazaré (Cf. Lc 1, 26-38). Foi ele quem anunciou também o nascimento milagroso de João Batista (Cf. Lc 1, 5-25).
            Quando apareceu a Zacarias, pai de João Batista, no templo de Jerusalém, a fim de anunciar o nascimento do Precursor, o Arcanjo disse: “Eu sou Gabriel que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te trazer esta feliz nova. (Cf Lc 1, 19) Essa declaração nos revela o quanto Gabriel está diante do trono divino, prestando atenção e servindo a Deus em mensagens de primeira grandeza.
            Revelou seu poder pessoal quando castigou a falta de fé de Zacarias. Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem, visto que não deste crédito às minhas palavras, que se hão de cumprir a seu tempo (Lc 1,20).


São Rafael Arcanjo         
            O nome Rafael significa “Deus cura”, ou ainda “Medicina de Deus”. Esse arcanjo aparece numa história interessante e edificante no livro bíblico de Tobias. Ele mesmo revela quem é: “Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença de Deus” (Cf.  Tob 12, 15)
            Na história de Tobias, Rafael aparece disfarçado em figura humana, como inesperado companheiro de viagem de Tobias, conhecedor dos caminhos e das pessoas, cuidadoso e protetor do amigo de viagem. Por causa dessa missão realizada com toda sabedoria e cuidado, Rafael é invocado como “guia e protetor dos viajantes”.
            Na mesma oportunidade da viagem, Rafael ensina a Tobias o remédio para a cura da cegueira de seu pai Tobit. Por isso é também invocado como intercessor para a cura dos enfermos.
            Vale a pena reler o livro de Tobias. São poucas páginas. Um relato maravilhoso e comovente que revela o quanto Deus protege e promove os justos. Tenho absoluta certeza de que o leitor ficará muito bem impressionado com as maravilhas reveladas nesse livro, principalmente a atuação disfarçada do arcanjo Rafael.          


17 de setembro de 2017

ADORAÇÃO AO DEUS UNO E TRINO


Quando se pensa ou se fala de “adoração”, logo vem à mente a imagem de uma igreja ou capela, onde sobre o altar, Jesus está exposto no Santíssimo Sacramento, e um grupo maior ou menor de pessoas está orando, cantando, lendo textos bíblicos, enfim, orando de várias formas.
            Sim, aquilo é adoração. Por certo de muito boa qualidade e muito agradável ao Senhor Jesus. Mas adoração é muito mais do que aquilo. A adoração é uma forma de culto muito especial no seu conteúdo e no seu sentido. Adorar é entrar em contato, é estabelecer uma comunhão com Deus, reconhecendo-O como Deus, proclamando-O como Deus, bendizendo-O por Ele ser Deus, glorificando-O por seus atributos, virtudes e qualidades divinas, declarando-O como o Deus único, verdadeiro, Uno e Trino.
            A essência da adoração está no reconhecimento da divindade, na proclamação de que “Deus é Deus”! E tudo o demais que se faça naquele culto, antes de tudo seja dirigido à Divindade de Deus. O adorador põem-se diante de Deus, entra em contato direto com Deus, ora, fala, canta, escuta a voz de Deus, aceita-O como seu Deus, rende-se a Ele inteiramente, acolhe sua Palavra, procura modelar sua vida de acordo com os mandamentos divinos e as vontades divinas. O objeto da adoração, portanto, é a Divindade, é o Deus verdadeiro, único, Uno e Trino.
Depois de ter entrado e de estar na verdadeira adoração pela presença e comunhão com Deus, tudo o mais que o adorador realiza se situa dentro do espírito da adoração. Ou seja, do reconhecimento da divindade. O pedido de perdão é dirigido a Deus. O louvor por todas as criaturas se dirige a Deus. A ação de graças por todos os benefícios é feita a Deus. O intercessão é dirigida a Deus. Os pedidos de cura e libertação são dirigidos a Deus. Enfim, tudo o que se faça, em última análise é dirigido a Deus. Isto é adoração.
            A adoração pode ser dirigida ao Deus Uno e Trino, único e verdadeiro, Pai e Filho e Espírito Santo. Mas pode ser dirigida a uma pessoa divina determinada. Podemos realizar uma ótima adoração dirigida ao Pai eterno. Podemos fazer uma excelente adoração ao Espírito Santo. E podemos realizar um significativa adoração ao Filho eterno.
            É muito comum e tradicional realizarmos adorações a Jesus sacramentado. Talvez nunca tenhamos feito meia hora de adoração ao Pai eterno ou ao Espírito Santo. Não fomos ensinados. Não se fazem nas nossas igrejas. É verdade que onde se encontra Jesus sacramentado encontram-se também o Pai e o Espírito Santo. E por certo, Estes se alegram com a adoração a Jesus Eucarístico. Mas, em nossa vida de culto e oração deveríamos também incluir o Pai e o Espírito Santo.
            Para realizar uma adoração ao Pai eterno e ao Espírito Santo, não precisamos ir à igreja e expor Jesus santíssimo sobre o altar. Podemos realizar essa adoração em qualquer lugar nobre, onde possamos estar tranquilos em oração.
            Assim como a adoração a Jesus sacramentado traz muitos furtos espirituais para os adoradores, igualmente a adoração ao Pai e ao Espírito trazem excelentes graças para a nossa vida cristã.