22 de fevereiro de 2010

MÁGOAS DO TIO FALECIDO



“Papai tinha uma empresa em sociedade com um tio, irmão mais velho dele. Por diversos anos a empresa funcionou muito bem, cresceu e deu bons lucros. Tanto meu tio como papai, graças à empresa, construíram boas residências, compraram apartamento na praia, enfim, puderam dar às nossas famílias um muito bom nível de vida.
Após quase vinte anos, papai percebeu que as coisas começaram a tomar rumos estranhos. Enquanto os lucros caíam cada vez mais e a empresa entrou em dificuldades, meu tio enriquecia mais e mais. Para encurtar a história: a empresa faliu, porque devia demais aos fornecedores. Para pagá-los judicialmente, papai teve que vender quase tudo. Só sobrou a casa e um carro. No entanto, meu tio está por cima. Papai descobriu tarde demais que, em vez de pagar os fornecedores, meu tio desviava e aplicava o dinheiro em bancos, em nome de fantasmas. Papai sofreu e sofre muito com tudo o que ocorreu.
Meu tio recentemente teve um câncer no fígado e morreu. Sabe, eu tenho muita mágoa dele e de toda sua família. Pior. Ás vezes me surpreendo sentindo como uma satisfação vingativa por ele ter morrido. Sinto-me muito mal ao perceber isso. Tais sentimentos não me fazem bem. Nem resolvem qualquer problema.”
O desamor entre familiares
Há muitos casos semelhantes de pessoas revoltadas e magoadas por causa de problemas familiares surgidos com fraudes materiais, nas divisões de heranças ou por outras razões semelhantes. As vítimas passam a sofrer duplamente. Sofrem com o problema como tal, e sofrem suas conseqüências, ou seja, sentimentos dolorosos de ódios, raivas, ressentimentos, sentimentos de vingança etc. Mais. Por causa desses sentimentos de desamor surgem, depois, problemas de depressão, desequilíbrios emocionais e tantos outros problemas de saúde física.
Ocorrendo o problema, o que se deve fazer é buscar e aplicar soluções. Principalmente quanto às conseqüências humanas, emocionais. No caso do nosso jovem, com certeza nada poderá recuperar materialmente. Mais importante do que recuperar bens materiais, porém, é curar o coração ferido, curar os sentimentos feridos, curar o íntimo do jovem.
Para conseguir a cura dos corações feridos é preciso trabalhar em duas áreas interiores. Primeira: “eliminar toda a rejeição ao fato ocorrido”, pois o íntimo, o coração não acolhe, não aceita, não quer admitir o que aconteceu, ou seja: a trapaça, a perda dos bens, a queda do nível de vida, e que tudo tenha sido causado pelo próprio tio. Pelo fato de não aceitar, o coração “rejeita” aqueles fatos. Cria-se, portanto, uma rejeição psicológica e emocional. Essa
rejeição torna-se uma força viva, poderosa, ativa, que mantém acesa a chama do desamor, das emoções feridas, como o ódio, a raiva, a mágoa, a vingança, a tristeza e outros. É preciso, pois, desalojar o processo de rejeição, substituindo-o por um processo inverso de “aceitação”. É preciso internalizar uma aceitação de tudo o que ocorreu, e da realidade tal qual é.
É preciso entender que “aceitar” não é justificar, nem aprovar, nem pôr panos quentes, ou afirmar que foi justo, legal e bom o que ocorreu. Não. Esta aceitação necessária para a cura das emoções consiste em acolher o problema como um fato histórico ocorrido e irreversível. Aconteceu? Sim. Aconteceu. É um fato. Não dá para fazer o tempo retornar e evitar o que aconteceu. É preciso, pois, aceitar a realidade histórica dos fatos para eliminar a rejeição e chegar à cura emocional.
Decidir-se a solucionar o problema
Como realizar essa terapia? Procure um lugar tranqüilo. Concentre-se. Raciocine e decida-se aceitar os fatos ocorridos para seu próprio bem e saúde. Fale consigo mesmo, diga seu nome, e afirme que você aceita, que acolhe aqueles fatos. “Eu, Fábio, aceito, acolho como parte de minha vida que papai tenha feito sociedade dom meu tio. Eu aceito. Aceito e acolho que após anos, tio Alfredo tenha começado a trapacear nos negócios. Aceito o fato de ele ter desviado tanto dinheiro. Aceito e acolho que papai jamais tenha suspeitado e ficado alerta. Eu aceito, ainda, que a empresa tenha falido. Aceito e acolho como parte de nossa vida que tenhamos perdido quase tudo. Eu aceito ...” E continua verbalizando essa aceitação em relação a todos os fatos negativos rejeitados por seu coração. Falar prolongadamente. Repetir muito as palavras: eu aceito, eu acolho, eu admito.
Segunda. Curar as feridas emocionais. O coração ficou muito ferido pelos acontecimentos. Para curar essas feridas, nada melhor, nada mais rápido e profundo do que a terapia do perdão. Perdoar tudo. Perdoar profundamente. Perdoar repetidas vezes. Esse perdão não beneficia o tio. Beneficia, sim, a quem perdoa. Pergunto: Quem está ferido? Quem está sofrendo? Conservar o sofrimento resolve algum problema? A solução, pois é perdoar. Ao perdoar, o coração fica curado, as emoções dolorosas são sanadas, e todas as suas seqüelas emocionais ou físicas são eliminadas.
O perdão que cura
Como fazê-lo? Logo após a terapia da aceitação, trazer pela imaginação a pessoa que causou o problema e, conversando com ela, como se estivesse fisicamente presente, perdoá-la de tudo o que aconteceu. Fato por fato. Ofensa por ofensa. Prejuízo por prejuízo. Detalhadamente. “Tio Alfredo, eu o perdôo de todo coração pela sua fraqueza de personalidade, e por um dia ter planejado prejudicar papai e nossa família. Eu o perdôo. Perdôo-o por todo desvio de dinheiro... Pela trapaça com fantasmas... Eu o perdôo por ter criado a crise financeira da empresa... Perdôo-o por ter levado papai a perder quase tudo o que possuía...” Desta forma, se possível falando em voz audível, vai perdoando de tudo quanto ocorreu.
Para que o coração fique plenamente curado e a pessoa possa sentir-me normal, sadia, com todo o problema superado, é preciso repetir esses dois passos: a aceitação e o perdão, por diversas vezes. Muitas vezes. Até sentir-se bem. Até sentir-se curado.

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3 de fevereiro de 2010

O OXIGÊNIO DO AMOR



O oxigênio mais importante e necessário para o seu coração jovem, o alimento mais desejado e melhor saboreado por você, é o amor. De forma particular, o amor afetivo.
A fase tão bela e importante de sua juventude está, natural e necessariamente envolta pela atmosfera do amor. O seu coração jovem deseja e espera receber muito amor dos pais e irmãos, dos familiares e amigos, enfim, de todos aqueles com quem se relaciona. É próprio do seu coração esperar receber amor, muito amor, pois necessita dessa seiva vital para amadurecer, para sentir-se pleno, realizado e feliz. O maior vazio, o mais doloroso e angustiante vazio, é o do coração carente de amor.
Além de desejar e esperar receber muito amor, o seu coração jovem sente uma necessidade incontida de amar, de dar amor afetivo, de sentir-se amando afetivamen-te. Essa experiência faz vibrar seu coração e lhe proporciona uma sensação de felicidade e plenitude, de sucesso e maturidade.
Apesar da experiência desejada do corte definitivo do cordão umbilical, isto é, da busca da liberdade e independência em relação aos seus pais e irmãos, você se sente muito bem quando percebe que está amando afetivamente aos pais, e por isso, consegue dialogar, questionar com amor, conviver em harmonia com eles. É que seu coração sente necessidade de amar afetivamente e gosta de perceber o sucesso desta experiência de amor.
Mais ainda. O seu coração jovem sente necessidade imperiosa de amar a alguém de outro sexo, em quem “achou graça”, e por quem se afeiçoou. Aliás, este impulso é movido por dupla força: o anseio natural de amar, e o desejo existencial de se completar, formando casal.
Embora o anseio de amar a alguém do sexo oposto sempre contenha uma par-cela menor ou maior de desejo erótico, nesse anseio predominam: o êxtase do amor afetivo, a realização que proporciona, a sensação de sucesso no amor, e a plenitude do coração.
Esta experiência do sucesso no amor deixa você feliz. Mais. Ela é importante para sua maturação humana e segurança pessoal. É uma experiência e ventura muito desejáveis para todos os jovens. Quero dizer: oxalá todos os jovens, todos, sem exceção, realizassem com sucesso pleno tal experiência e ventura do “ser amado e do amar”. O fracasso que nenhum jovem deveria experimentar é o do “não ser amado, não sentir-se amado e não conseguir amar”. Esse fracasso quebra a espinha dorsal da personalidade do jovem, gera uma profunda sensação de vazio e infelicidade, leva-o a procurar satisfazer-se com aquilo que não pode preencher, e que muitas vezes, aumenta ainda mais o vazio interior e a sensação de infelicidade.
O oxigênio mais importante é o amor!

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A Experiência de Ser Filho-Filha.



Sentir-se filho-filha, ter presente no coração a vivência profunda do amor recebido de uma mãe e de um pai, é uma das experiências mais maravilhosas e importantes para o ser humano.
Leonarda nasceu de mãe solteira. Com três dias foi assumida por uma tia para ser criada. Nunca conheceu sua mãe, nem seu pai. A tia, mesmo procurando cuidar dela da melhor forma, não pôde lhe dar todo afeto, carinho e presença amorosa que Leonarda precisava para amadurecer afetivamente e superar o trauma da rejeição e da ausência da mãe. Jovem, bela, inteligente, já ao final do segundo grau, um dia ela disse às amigas: “Vocês se queixam dos pais, brigam com eles por causa de coisas banais! Eu daria tudo, tudo, para ter a experiência que vocês podem ter, e que eu jamais poderei fazer: sentir-me filha, experimentar o afeto, o colo, o beijo de uma mãe e de um pai. Se vocês sentissem o vazio que eu sinto, a ausência que eu experimento, vocês não perderiam uma oportunidade sequer de curtir o amor da mãe e do pai. E vocês não ficariam se queixando deles por bobeiras”.
A experiência de ser filho-filha, de sentir-se filho-filha, de curtir o afeto, a presença e a amizade de um pai e de uma mãe é a experiência humana mais preciosa e edificante que pode existir.
Aquilo que o coração da criança, do adolescente ou do jovem mais necessita e deseja, mais o satisfaz e torna feliz, é o amor paterno e materno, é a experiência de sentir-se filho muito amado ou filha muito querida.
Jovem, descubra no porta-jóias do seu coração esta pérola preciosíssima: a experiência maravilhosa de ser e sentir-se filho muito amado ou filha muito querida. Talvez essa jóia preciosa esteja muito esquecida por você! Talvez você nem percebeu que a possui, e por isto sente-se “pobre, carente”, quando na verdade você possui o tesouro!
Jovem, valorize o grande tesouro da vida, da presença, da amizade, do diálogo, do afeto, da bondade, da beleza, da convivência com seus pais. Repito aquilo que um dia ouvi: ”Você só perceberá todo o imenso valor de seus pais quando eles vieram a faltar” É verdade!
Sejam como forem seus pais, deixe-se amar por eles, ame-os, curta-os enquanto puder, aproprie-se do tesouro de suas vidas comunicadas a você pelo amor, valorize-os, e não perca uma única chance de fazê-los felizes. Você jamais se arre-penderá do amor que tiver recebido e tiver dado a seus pais. Se você fizer este jogo do “deixar-se amar e do amar” a seus pais, seu coração irá lhe agradecer por toda vida, e até na eternidade.

MAMÃE MORREU... AGORA É TARDE!



Piero, um jovem de dezessete anos, um dia foi acordado bem cedo. Deram-lhe uma triste e dolorosa notícia: sua mãe teve um enfarto fulminante e morreu. Foi encontrada morta na cama.
Passados os dias dolorosos do velório, do sepultamento, da grande ausência e saudades, Piero entrou em profundo sentimento de remorso e de auto-condenação. A lembrança dos muitos sofrimentos que havia causado à mãezinha não lhe saíam da mente. Martelavam sua consciência de dia e de noite
Na ânsia de ser livre, de ser dono de seu nariz, de sair de casa e voltar quando quisesse ou bem entendesse, a qualquer hora da noite, sem dar satisfação aos pais, Piero provocou muitos atritos com os pais. Discutiu, brigou, desobedeceu, desabafou, disse palavras pesadas e humilhantes. Jamais aceitou dialogar e chegar a algum acordo com os pais. Fez sua mãe chorar muitas vezes. Ele era a grande preocupação dos pais e de toda a família. Chegou a ficar dias e dias sem sequer cumprimentar seus pais.
A volta ao amor pela dor
A morte súbita da mãe caiu em seu coração como uma bomba. Transtornou todo seu interior. Caiu em si e percebeu quantos e quão grandes sofrimentos havia causado a ela. Percebeu muito bem sua ingratidão, seu desamor, injustiça e maldade cometidas contra os pais.
Um profundo sentimento de arrependimento, de remorso e de abatimento envolveu todo seu ser. Dizia: “Eu daria tudo para poder pedir perdão a mamãe e refazer todo mal que fiz contra ela... Mas agora é tarde! Mamãe morreu!”
Muitas pessoas têm sofrimentos semelhantes aos de Piero. Sentem remorsos dolorosos em relação a entes queridos falecidos, por não tê-los amado em vida, por não ter cuidado bem deles na enfermidade ou velhice, por tê-los ofendido, injustiçado, maltratado em vida. Tais remorsos geram outros sentimentos negativos como: auto-condenação, auto punição, ódios ou raivas de si mesmos e profundos sentimentos de tristeza.
Como prestar auxílio eficaz a essas pessoas para se libertarem de seus sofrimentos?
Em primeiro lugar é preciso ensiná-los, convencê-los e levá-los a pedir perdão ao ente querido falecido. É preciso recordar-lhes que os falecidos vivem. A morte é apenas uma páscoa, uma passagem desta, para outra vida melhor, vivida junto a Deus para sempre. Ora, se os falecidos existem, vivem junto a Deus, há condições de, através da oração do perdão, fazer chegar a eles o seu pedido de perdão.
É preciso curar-se para viver melhor
Como agir concretamente? Procure um lugar silencioso: seu quarto, o escritório, a sala, uma igreja. Entre em clima de oração e ore brevemente. Em seguida, traga pela imaginação a pessoa falecida. Imagine-a viva, bela, feliz, rejuvenescida, sadia, amiga, assim como ela está junto de Deus. Agora fale com ela, como se ela estivesse realmente presente. Fale prolongadamente, se possível em voz audível. Fale para pedir-lhe perdão profunda e detalhadamente por todos os desamores, ofensas, sofrimentos causados a ela em vida. Peça perdão por tudo quanto seu coração lamenta ter agido de forma errada contra ela.
Em segundo lugar, é preciso ensinar, convencer e levar a pessoa a perdoar-se a si mesma, por ter ofendido, por não ter amado ou prejudicado o falecido. O auto-perdão, ou seja, o perdoar-se a si mesmo é um remédio poderoso e eficaz para curar toda mágoa de si, pelo fato de ter ofendido a pessoa falecida.
Como agir concretamente? Logo após ter pedido perdão ao ente querido falecido, você continua falando consigo mesmo, em voz audível, perdoando-se profundamente. Você diz seu próprio nome e perdoa-se detalhada-mente por todo sofrimento causado à pessoa falecida. Por exemplo: “Eu Piero, me perdoo de todo coração por todo sofrimento causado a mamãe. Eu me perdoo de todo coração. Perdoo-me por todas as lágrimas que chorou por minha causa. Perdoo-me por todas as palavras duras, ingratas, ofensivas que lancei em seu rosto. Eu me perdoo...” E prossegue perdoando-se detalhadamente, repassando todas as ofensas cometidas. Algo importante: é preciso repetir estas duas formas de perdão mais vezes, muitas vezes. Na repetição diária está o segredo do sucesso, ou seja, o segredo da cura total de todo auto--desamor e dos remorsos.

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