13 de agosto de 2010

A Assunção Gloriosa da Mãe de Deus


Na festa da Assunção da Virgem Maria celebramos o acontecimento da sua elevação à glória do céu, em corpo e alma. Durante 1900 anos a Igreja acreditou e venerou a Assunção da Virgem Mãe. Mas só em 1950 é que a Santa Sé proclamou o Dogma da Assunção. Com isso, a Igreja, assistida pelo Espírito Santo nos deu a certeza de que podemos ter certeza de que Maria, de fato, foi elevada aos céus em corpo e alma.
A Assunção de Nossa Senhora foi transmitida pela tradição escrita e oral da Igreja. Ela não se encontra explicitamente na Sagrada Escritura, mas está ali implícita. Vamos analisar o fato histórico, segundo é contado pelos primeiros cristãos e transmitido pelos séculos de forma inconteste. Na ocasião de Pentecostes, Maria Santíssima tinha mais ou menos 47 anos de idade. Depois desse fato, permaneceu Ela ainda 25 anos na terra, para educar e formar, por assim dizer, a Igreja nascente, como outrora ela educara, protegera, e dirigira a infância do Filho de Deus. Ela terminou sua "carreira mortal" na idade de 72 anos, conforme a opinião mais comum. A morte de Nossa Senhor foi suave, chamada de "dormição". Diz o Vaticano II :”Terminados os seus dias terrenos, a Virgem Maria foi elevada aos céus em corpo e alma”.
Diversos Santos Padres da Igreja contam que os Apóstolos foram misteriosamente levados para Jerusalém na noite que precedera o desenlace da Bem-aventurada Virgem Maria. S. João Damasceno, um dos mais ilustres doutores da Igreja Oriental, refere que os fiéis de Jerusalém, ao terem notícia do falecimento de sua Mãe querida, como a chamavam, vieram em multidão prestar-lhe as últimas homenagens e que logo se multiplicaram os milagres em redor da relíquia sagrada de seu corpo. Três dias depois chegou o Apóstolo S. Tomé, que a Providência divina parecia ter afastado, para melhor manifestar a glória de Nossa Senhora, como dele já se servira para manifestar o fato da ressurreição de Nosso Senhor. S. Tomé pediu para ver o corpo de Nossa Senhora. Quando retiraram a pedra, o corpo já não mais se encontrava. Do túmulo se exalava um perfume de suavidade celestial! Como o seu Filho e pela virtude de seu Filho, a Virgem Santa ressuscitara ao terceiro dia. Os anjos retiraram o seu corpo imaculado e o transportaram ao céu, onde ele goza de uma glória inefável. Nada é mais autêntico do que estas antigas tradições da Igreja sobre o mistério da Assunção da Mãe de Deus, encontradas nos escritos dos Santos Padres e Doutores da Igreja, dos primeiros séculos, e relatadas no Concílio geral de Calcedônia, em 451. Os Apóstolos, ao abrirem o túmulo da Mãe de Deus para satisfazer a piedade de São Tomé e ao desejo deles todos, não encontrando mais ali o corpo de Nossa Senhora, deduziram e perceberam que Ela havia ressuscitado! Não era preciso ver à ressurreição para crer no fato, era uma dedução lógica decorrente das circunstâncias celestiais de sua morte, de sua santidade, da dignidade de Mãe de Deus, da sua Imaculada Conceição, da sua união com o Redentor, tudo isso constituía uma prova irrefutável da Assunção de Nossa Senhora. A Assunção difere da ascensão de Nosso Senhor no fato de que, no segundo caso, Nosso Senhor subiu por seu próprio poder, enquanto sua Mãe foi assunta ao Céu pelo poder de Deus.
Qual filho, podendo, não preservaria sua Mãe da morte? A dignidade de Filho de Deus feito homem exigia que não deixasse no túmulo Aquela de quem recebera o seu Corpo sagrado. Nosso Senhor Jesus Cristo, por assim dizer, preservando o corpo de Maria Santíssima, preservava a sua própria carne. A Assunção de Maria Santíssima foi sempre ensinada em todas as escolas de teologia e não há voz discordante entre os Doutores.

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2 de agosto de 2010

O SACERDÓCIO: UMA BÊNÇÃO PARA O POVO DE DEUS


Durante o Ano Sacerdotal, encerrado em Junho p.p. houve um grande esforço em toda a Igreja para uma renovação profunda da graça da ordenação sacerdotal no coração de todos os sacerdotes. Retiros espirituais, muitas orações especiais pelos sacerdotes em toda a Igreja, muitas pregações, pronunciamentos, artigos e livros escritos sobre a importância, a santidade, a grandeza e a necessidade imprescindível dos sacerdotes na vida do povo de Deus.
O Ano Sacerdotal terminou, mas os sacerdotes prosseguem, reanimados, a “gastar gratuitamente suas vidas” para pastorear o povo de Deus. Todo enriquecimento de cada sacerdote ocorrido durante esse Ano Sacerdotal, transbordará em forma de bênçãos de toda espécie para o bem de todos os católicos por ele servidos.

Um homem feito ponte
O sacerdote é um homem escolhido por Deus, chamado por Jesus, formado pela Igreja, para ser o intermediário direto e imediato entre Deus e os seres humanos. Daí vem o nome “pontífice”, que significa um “homem feito ponte”. Ponte é uma estrutura que liga margens opostas de um rio. Sua finalidade é possibilitar e facilitar a passagem de um lado para o outro. Assim o sacerdote é a “ponte” para possibilitar e facilitar a passagem de Deus que quer chegar aos homens, e a passagem dos homens que querem chegar a Deus. O sacerdote é o “provocador” desses encontros entre Deus e os homens, a fim que Deus possa realizar a sua obra de salvação e santificação na vida do ser humano, e este possa receber todas essas bênçãos que Deus lhe tem reservado.
É muito lindo o que o Espírito Santo inspirou São Paulo a escrever sobre o sacerdócio. Na leitura dê atenção à palavra “pontífice”, pois ela veio do Espírito Santo. “Em verdade, todo ‘pontífice’ é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Sabe compadecer-se dos que estão na ignorância e no erro, porque também ele está cercado de fraqueza. Por isso, ele deve oferecer sacrifícios tanto pelos próprios pecados quanto pelos pecados do povo. Ninguém se aproprie desta honra, senão somente aquele que é chamado por Deus, como Aarão. (Hb 5, 1-4)
Essas palavras bíblicas revelam a missão fundamental do ministério sacerdotal. Elas são tão explícitas e claras que dispensam comentários. Vale a pena relê-las e pesá-las.
(Continua na postagem seguinte)

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SACERDOTE: UM DOM DE JESUS À IGREJA

O sacerdote é sempre um grande dom, um precioso presente que Jesus dá à comunidade. O Santo Cura d’Ars escreveu: "Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia, e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina". Ele falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do “dom e da tarefa” confiados a uma criatura humana. Ele exclamava: "Oh como é grande o padre! Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. Deus obedece-lhe, pois ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do Céu e encerra-se numa pequena Hóstia".
Ao explicar aos seus fiéis a importância dos sacramentos, o Cura d’Ars dizia: "Sem o sacramento da Ordem, o qual gera o sacerdote, não teríamos a presença do Senhor Jesus. Quem O colocou ali naquele sacrário?... O sacerdote! - Quem, pelo batismo, acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida?... O sacerdote! - Quem a alimenta, pela Eucaristia, para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação?... O sacerdote! - Quem a há de preparar as pessoas para comparecerem diante de Deus após a morte, lavando-as pela última vez no sangue de Jesus Cristo?... O sacerdote, sempre o sacerdote! - E se uma alma chega a morrer, pelo pecado, quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a graça, a serenidade e a paz?... Ainda o sacerdote. Depois de Deus, o sacerdote é tudo! Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no céu".
Nos diz, ainda, o Santo Cura d’Ars: "Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos, não de susto, mas de amor. Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teriam servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra. Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, se não houvesse alguém para nos abrir a porta?... Pois bem: o padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens”.
(Continua na postagem a seguir)

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Sacerdote: um bom pastor

O padre participa do sacerdócio supremo de Jesus Cristo. Jesus exerceu seu ministério sacerdotal também como Bom Pastor. “Eu sou o Bom Pastor. Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem. Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Eu vim para que elas tenham vida e a tenham em abundância”(Jô 10, 11-15)
Da mesma forma, o padre é constituído para ser um bom pastor, a fim de pastorear as ovelhas, que aliás não são suas, mas são de Jesus. E pastoreá-las como Jesus as pastorearia pessoalmente: conhecendo-as, dando a vida por elas e comunicando-lhes a vida plena.
Esse pastoreio é realizado por meio de todas as ações sacerdotais pastorais. Citamos algumas: 1. O padre deve ser o formador e pastoreador de comunidades de discípulos de Jesus, criando neles a consciência e a vivência de comunidade cristã entre todos, para que todos se sintam, de fato, membros da comunidade, co-responsáveis e participativos de toda a vida da comunidade. Deve criar neles uma consciência forte de pertença a uma comunidade centralizada na pessoa de Jesus Cristo. Que todos se sintam discípulos comprometidos com Jesus Cristo, e por isso, participantes co-responsáveis e ativos em sua comunidade.
2. O padre é o ministro ordinário de cinco dos sete sacramentos. Os sete sacramentos são os canais maiores de comunicação das graças de salvação e santificação, adquiridas e concedidas por Jesus. O leitor leu acima as referências feitas pelo Cura d’Ars sobre os sacramentos. A síntese tão real e concreta feita por ele é maravilhosa. Dispensa-me de fazer mais explicações.
3. O padre é o educador da fé de suas ovelhas. Por seu exemplo de fé profunda, por sua vida de oração, pelo fervor na celebração dos sacramentos, por meio de sua pregação e de seu atendimento personalizado, o padre comunica sua fé, desperta a fé no coração das pessoas, a alimenta permanentemente, a purifica de desvios, erros e conhecimentos falsos, e procura levá-la à maturidade plena. O resultado final de seu trabalho deve ser o de conseguir criar comunidades de discípulos de Jesus, apaixonados por Ele, adultos em sua fé e em sua vida cristã.
4. Convocando esses discípulos de Jesus, organizar pastorais que atendam a todas as necessidades das comunidades: a pastoral missionária que vai em busca dos batizados afastados da vida cristã, bem como dos não batizados; a evangelização querigmática que faz o primeiro anúncio de Jesus Cristo e provoca um encontro pessoal das pessoas com Ele, a fim de que se tornem discípulos do Senhor e participantes da comunidade; as diversas catequeses dirigidas àqueles que, pela evangelização querigmática, conheceram Jesus e querem segui-lo, sejam crianças, adolescentes, jovens, ou adultos; a pastoral familiar dirigida a namorados, noivos, casados, re-casados, viúvos, separados; as pastorais destinadas aos idosos, aos enfermos, aos enlutados; a pastoral social destinada a atender às necessidades dos pobres, dos desempregados, dos migrantes; e outras, ainda, segundo as necessidades específicas da comunidade.
Um padre com coração de bom pastor, como o de Jesus, sabe do que suas ovelhas necessitam e sabe envolver os discípulos de Jesus para organizar essas pastorais.
“Rogai ao Senhor da messe para que mande muitos operários”.

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