14 de abril de 2011

A Páscoa Das Ressurreições



Vivemos, mais uma vez, as alegrias da Páscoa e do tempo pascal. Celebramos o intrigante mistério da morte e da ressurreição. Tanto da morte e da ressurreição de Jesus Cristo, Filho do Deus da vida, como também o da nossa própria morte e ressurreição. Jesus ressuscitou! Nós também vamos ressuscitar! A maior notícia de todos os tempos que já foi anunciada sobre a face da terra foi esta: Jesus ressuscitou! Jesus, que havia sido preso, torturado, crucificado, morto e sepultado, ressuscitou! Venceu a morte! Ela O tinha dominado em seu corpo por algumas horas, mas depois Ele a venceu, voltou à vida, ressuscitou! Lemos em São Lucas o que o Anjo disse às mulheres que tinham ido ao túmulo, de madrugada: “Por que buscais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui! Ele ressuscitou!” (Lc 24, 5-6). A ressurreição do Senhor foi e continua sendo a maior notícia já proclamada, não apenas como um acontecimento importante restrito ao próprio Jesus ressuscitado, mas por seu conteúdo revelador de verdades supremas que dizem respeito a toda a humanidade, aos nossos antepassados, às nossas famílias, e a cada um de nós.

Autenticidade de Jesus Ao ressuscitar o corpo de Jesus, pelo poder do Espírito Santo, o Pai celeste quis nos dar a certeza absoluta de que Jesus de Nazaré é o Seu Filho, é o Messias prometido e enviado, é o Salvador da humanidade. O Pai celeste, pela ressurreição, colocou sobre Jesus um “selo de autenticidade, de garantia” absoluta e definitiva, de que Ele era o Seu Filho, enviado como redentor, salvador e comunicador do Espírito Santo. A ressurreição de Jesus tornou-se o fundamento inabalável de toda a fé do cristianismo, de cada cristão, e de nossa própria fé pessoal. São Paulo declara com toda firmeza: “Se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé, e ainda estais em vossos pecados” (1 Co 15,17). Nossa fé em Jesus não nos daria qualquer segurança, seria inútil, não poderíamos nos basear nEle, e seria até perigoso crer nas verdades reveladas por Ele, e viver uma vida toda de acordo com seus ensinamentos, se Ele não tivesse cumprido sua palavra de que “Ele seria morto, sim, mas que iria ressuscitar”. Portanto, se Ele não tivesse ressuscitado, teria mentido para nós. E se tivesse nos enganado e mentido em coisa tão importante, como haveríamos de crer nEle, em tantas outras revelações que nos fez? Tudo seria muito duvidoso e inseguro. “Mas não! Jesus ressuscitou, como primícias dos que morreram”, proclama Paulo (1Cor 15,20). Portanto, podemos crer nEle! Podemos basear nossa vida cristã com absoluta segurança na Pessoa e nos ensinamentos do ressuscitado.

As nossas ressurreições Jesus já realizou sua definitiva ressurreição. Agora é nossa vez de, como seus discípulos, fazermos acontecer as nossas ressurreições, até chegarmos à definitiva, para entrarmos na vida eterna. Jesus morreu para ressuscitar. Nós também morreremos para podermos ressuscitar. Mas enquanto estamos vivos nesta terra, precisamos “morrer todos os dias” para “ressuscitar um pouco mais a cada dia”. Precisamos “morrer e estar mortos, isto é, não mais existirmos para a prática das obras más, das obras mortas”, a fim de podermos “estar vivos” para uma vida nova, e para realizar as obras de santidade. Nós mesmos precisamos comandar o processo das “mortes e ressurreições” a serem realizadas em nossa vida. Se percebermos em nós a “morte” do orgulho que nos leva a viver e agir de forma autoritária, sobranceira, escravizadora, humilhadora dos outros, na família, no trabalho ou na comunidade, nossa decisão deverá ser: “fazê-lo morrer”, extirpá-lo, erradicá-lo, a fim de “fazermos ressuscitar” em nós a humildade, a bondade, a concórdia e a paz com todos. Se o fizermos, então teremos realizado uma “passagem”, fizemos acontecer uma páscoa. Se percebermos em nosso coração a “morte” da presença de ressentimentos, raivas, mágoas, vinganças e ódios, precisamos nos decidir a “fazer morrer” todo esse desamor, a fim de “ressuscitarmos” para uma vida de perdão, de misericórdia, de reconciliação e de amor para com aqueles que nos ofenderam. Então realizamos uma “passagem”. Aconteceu em nós mais uma páscoa. Se percebermos a presença da “morte”, isto é, de algum tipo de dependência e escravidão a qualquer forma de erotismo como: revistas pornográficas, sites eróticos, filmes e DVDs eróticos, adultério, prostituição, homossexualidade etc. precisamos nos decidir a “fazer morrer” todas essas tendências e vícios, custe o que custar, a fim de “fazermos ressuscitar” uma vida pessoal de castidade, de valorização cristã da sexualidade e da genitalidade, uma vida limpa e casta como convém a alguém que é templo do Espírito Santo. Se o conseguirmos, fizemos acontecer mais uma páscoa. Se nos surpreendermos com a presença do egoísmo, dos interesses egocêntricos, das ganâncias, das vaidades, da gula desenfreada, da escravidão das modas e do consumismo, precisamos nos decidir a “crucificar e fazer morrer” essas fraquezas viciosas para “fazermos ressuscitar” em nós um coração livre e feliz por ter derrotado esses males e estar vivendo vida nova. Se o fizermos, então teremos feito uma “passagem de vida nova”, uma Páscoa. Dessa forma, ao encontrarmos em nós qualquer tipo de vício, de pecado, de tendências pecaminosas, de escravidões interiores, de impiedades ou de outras formas de males, precisamos nos decidir a “crucificar e a fazer morrer” todas essas fontes de mal, a fim de “ressuscitarmos” em nós, uma vida renovada e santa. A nossa caminhada de quaresma, com todos os exercícios de penitências, com todas as práticas sacramentais e de piedade, tiveram como finalidade “crucificar e fazer morrer” todo pecado e todas as tendências más e vícios pecaminosos, a fim de que pudéssemos “ressuscitar, na Páscoa, como renovadas criaturas”. Aliás, toda vez que realizarmos essas duas “passagens”, estaremos valorizando a paixão, morte e ressurreição do próprio Jesus. O desabrochar da vida A ressurreição de Jesus é a garantia de que a nossa vida humana, passageira, peregrina, feliz, mas também sofrida, “desabrochará” numa outra forma de vida: eterna e definitiva. E se, por nossa fé no Ressuscitado, e ensinados por Ele, vivermos tão bem nossa vida cristã, e fizermos sempre o bem a todos, a ponto de sermos “aprovados” na “prestação de contas” de nossa vida terrena, a nossa vida futura será vivida na glória da presença de Deus, de Nossa Senhora, dos Anjos e Santos. Será uma vida absolutamente feliz, realizadora, irreversível, plena de gozo eterno, onde não haverá mais desamor, doença, dor, sofrimentos psicológicos, emocionais, espirituais, físicos, familiares e sociais. “Deus será tudo em todos”. A posse de Deus será a causa de toda felicidade do coração. Por sua vez, a certeza de que essa felicidade plena, perfeita, completa é definitiva, gera uma segurança que produz um “céu no coração”. A ressurreição de Jesus é a certeza de que nossa vida cristã terrena desabrochará plenamente na vida eterna nos céus.

Páscoa, vida e esperança A ressurreição de Jesus nos dá plena certeza de que existe vida após a morte, de que existe a vida eterna. A certeza de nossa vida eterna feliz gera a “esperança cristã” da vinda do dia de “possuirmos o que esperamos”. Ao mesmo tempo, a “esperança feliz do céu” torna-se uma fonte perene de força extraordinária para vivermos nossa vida cristã diária, em união com a Trindade, obedientes a Jesus e aos seus ensinamentos, caminhando com a Igreja, na prática das virtudes, na realização do bem, e vencendo as tentações do inimigo, da carne e do mundo. A “esperança-certeza” do Céu sempre foi a força extraordinária de todos os mártires para enfrentar os tormentos cruéis do martírio. Eis a sua convicção: “Agora vou sofrer o martírio e vou morrer. Mas logo, logo, estarei com Deus, na felicidade suprema do Céu!” Aliás, a “esperança do Céu” também sempre foi a força invencível secreta de todos os grandes missionários, de todos os Santos que gastaram suas vidas em favor dos pequenos, pobres e enfermos. Muitos cristãos suportaram com paciência e em paz profunda suas doenças dolorosíssimas e prolongadas, fortalecidos pela esperança do Céu. Outros chegavam a pedir a Deus “que os levasse desta vida terrena”, pois ansiavam profundamente chegar à vida eterna nos Céus. “Por que continuar neste vale de lágrimas, se posso passar a viver nas planícies floridas e deliciosas dos Céus?” Pela Páscoa de Jesus temos a certeza de nossa páscoa pessoal. Essa, gera a esperança do céu que, por sua vez, faz desabrochar uma vida cristã santa, que terá como recompensa uma vida eterna feliz, a ser vivida na casa do Pai, para sempre.

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