31 de maio de 2011

SÓ O AMOR FAZ FELIZ

Todos procuram a felicidade. Todos querem ser felizes. Esta busca parece ser mais intensa na juventude. O que o jovem mais quer é ser feliz. Onde a felicidade se encontra? O que faz o coração sentir-se feliz?
No livro do Gênesis lemos que “o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus”. O que é imagem e semelhança de Deus? Para responder precisamos saber “o que Deus é”. São João nos dá a resposta: “Deus é amor”. Ora, se Deus é amor, imagem e semelhança de Deus só pode ser “amor”. Portanto, o ser humano foi criado à imagem e semelhança do “Amor-Deus” para “ser” amor. Não apenas para “ter” amor. Foi criado para ser uma personificação do amor. Diria: para ser amor em forma de gente.
Se foi criado para ser amor, o ser humano – o jovem – só encontra realização plena se se realizar no amor. Só encontra a felicidade se chegar a ser “amor adulto”.
Onde encontrar a felicidade? No amor. É a única fonte da verdadeira realização e felicidade. É a única forma de satisfazer plenamente todos os anseios do coração.
Para chegar a ser amor, o jovem precisa receber muito amor, por muitos anos: na concepção, na gestação, na infância, meninice, adolescência e juventude. Até chegar á maturidade afetiva. Em todo esse percurso, o jovem também sente necessidade de dar amor... de ama. Aliás, é neste jogo de “receber e dar amor” que ele amadurece sua capacidade de amar.
Esta maturidade do coração o leva a “gostar de amar”, a sentir necessidade de amar, a querer manifestar afetiva e efetivamente seu amor, a desejar que as pessoas se deixem amar. Neste jogo de receber e de dar amor, a felicidade acontece. O coração sente-se feliz. A pessoa se realiza.
Porque foi criado para ser amor, o coração do jovem anseia ser amado e amar, pois encontra, neste diálogo, a plenitude que tanto deseja. Mas aquele que não vive o diálogo “receber-dar”, ou “dar-receber” amor, sente um grande vazio no coração. Vazio nem sempre consciente, mas sempre compulsivo. Compulsivo, porque gera uma necessidade premente de preenchimento, uma insatisfação irrequieta, um desejo impulsivo de buscar algo que satisfaça.
Daqui surge um perigo: de querer preencher o vazio do coração com aquilo que não preenche, que não satisfaz. Então, em vez da plenitude, da satisfação, da felicidade, surge a frustração, o vazio maior, a decepção, que desemboca muitas vezes no vício, na dependência química ou sexual, na marginalidade. Em vez da felicidade sonhada, a infelicidade do coração.
Só o amor, só a vivência do amor, só o amor afetivo e efetivo colocado no diálogo diário do “dar-receber” é que realiza o coração humano, pois foi criado para o amor, para ser amor.

VOCAÇÃO: UMA TERCEIRA VIA?

Quando se fala em “vocação” pensa-se quase sempre no chamado feito por Jesus a um ser humano para que assuma o sacerdócio ou a vida religiosa consagrada, masculina ou feminina. Verdade é que o enfoque anual que se dá às vocações, no mês vocacional, está mudando lentamente esse quadro. Fala-se claramente em vocação para o sacerdócio, para a vida consagrada, para o matrimônio etc. A realidade das múltiplas vocações eclesiais está sendo melhor definida, e melhor compreendida pelo povo de Deus.

Uma Terceira Via
Mas será que não haveria outra possibilidade de vocação para alguém que, honesta e conscientemente, não se sente chamado por Jesus, nem para o sacerdócio, nem para a vida consagrada masculina ou feminina, nem para algum instituto leigo de consagração a Deus, nem nessas comunidades novas, e nem para o matrimônio?
Como entender a vocação de uma pessoa que não se encaixa em nada do que foi exposto acima, mas que tem fé esclarecida, tem consciência de sua pertença à Igreja, sabe que sendo membro vivo do Corpo de Cristo, deve viver em comunhão e participação ativa? Haveria uma vocação específica para um jovem maduro, ou uma jovem adulta, que muito conscientemente não se sentem chamados para o matrimônio e nem para alguma forma de consagração? Haveria uma vocação semelhante para um viúvo ou viúva ainda relativamente jovens, bem como para um homem ou mulher desquitados ou divorciados que não se sentem mais vocacionados para um novo matrimônio, quando possível, nem para o sacerdócio ou para algum tipo de vida consagrada? Haveria uma vocação para estes, a ponto de, tendo realizado um discernimento vocacional correto e profundo, poderem assumir uma forma de vida cristã muito consciente, profunda, operosa e santa, dedicando todo seu tempo disponível, seus dons naturais, adquiridos ou sobrenaturais, para servir a Deus com grande satisfação na Igreja?  Com toda certeza, a resposta é “SIM”.
Essa resposta enraíza-se no Santo Batismo. Todo ser humano é criado para ser chamado à vida cristã. Em outros termos: todo ser humano tem a vocação à vida cristã. Pelo sacramento do Batismo acontece a sua consagração fundamental. Todas as outras consagrações enraízam-se nesta cepa fundamental necessária que é o Santo Batismo. Todo batizado é um consagrado ao Deus vivo, Uno e Trino. Mais. Pelo Batismo, o cristão é enxertado, implantado como membro de Jesus Cristo, sacerdote, profeta e rei. Portanto, passa a ser membro de Jesus Cristo, “sacerdote” para oferecer e santificar todas as coisas; “profeta”, para anunciar o Evangelho; rei, para ajudar a organizar todas as coisas, na sociedade menor ou maior, de acordo com o Evangelho. Na realidade batismal do sacerdócio, da profecia e da realiza, engloba-se toda a vida cristã.
Isto nos diz que todos aqueles que não receberam uma “vocação específica”, como todas as que descrevemos acima, têm uma vocação fundamental cristã, de sacerdócio, profecia e realeza a abraçar, assumir, desenvolver e colocar a serviço dos irmãos, na Igreja.
Pode-se porém perguntar: “Mas esta vocação batismal fundamental não é a de todos os batizados”? Sim, com certeza. No entanto, aquilo que aqui chamo de ‘Terceira Via” é algo diferente. É uma vocação também enraizada sobre a vocação batismal, como todas as demais, mas é diferente, “sui generis”.
É pois é diferente da vocação ao matrimônio, ao sacerdócio ou a alguma das muitas formas de consagrações. Nessa vocação a pessoa é chamada por Jesus a viver uma forma de vida, eu diria, plenamente leiga, sem qualquer outro vínculo a não ser o batismal. É chamada a viver com radicalidade sua vida cristã, buscando conscientemente a santidade, dedicando-se a servir a seus irmãos, na Igreja, com decisão e em todo seu tempo disponível, num ministério ou serviço conformado aos seus carismas pessoais.
Nessa vocação a pessoa poderia casar e tem todas as condições de fazê-lo. Mas se sente chamada fortemente a não casar para poder servir melhor, com mais liberdade. Poderia se consagrar em una das muitas formas de consagração, mas não sente que é esse o seu chamado. Sente, sim, que Jesus a quer servindo ao seu povo na sua Igreja, mas num estado leigo, sem vínculo de consagração.
Existem pessoas chamadas a essa vocação e que assumiram essa “terceira via”? Com certeza. Talvez mais do que imaginemos. É verdade, porém, que muitas dessas, ao manifestarem seu chamado a um diretor espiritual ou a um confessor, foram convencidas a fazerem algum tipo de consagração. Faltou um discernimento mais aprofundado. Talvez o sacerdote ou valoriza a consagração como uma forma mais elevada de servir na Igreja, esquecendo a consagração batismal, ou desconhece a possibilidade de uma vocação que não se destina a um compromisso de consagração particular.
Com certeza, o Espírito Santo levará a Igreja a descobrir mais profundamente a existência e a validade dessa vocação, e a propô-la com mais freqüência aos fiéis leigos.

VOCAÇÃO: AS NOVIDADES DO ESPÍRITO

Quando se fala em “vocação” pensa-se quase sempre no chamado feito por Jesus a um ser humano para que assuma o sacerdócio ou a vida religiosa consagrada, masculina ou feminina. Verdade é que o enfoque anual que se dá às vocações, no mês vocacional, está mudando lentamente esse quadro. Fala-se claramente em vocação para o sacerdócio, para a vida consagrada, para o matrimônio etc. A realidade das múltiplas vocações eclesiais está sendo melhor definida, e melhor compreendida pelo povo de Deus.

As Novidades do Espírito
Em nossos dias, principalmente a partir da presença e da ação renovadora da Renovação Carismática, estão surgindo muitas novas comunidades de vida, nas quais os vocacionados por Jesus, fazem algum tipo de consagração, para servir aos irmãos, na Igreja, dentro do carisma específico de cada comunidade. A novidade do Espírito Santo, neste campo, é a diversidade de pessoas chamadas para a mesma comunidade: solteiros e casados, homens e mulheres, famílias inteiras. É tão surpreendente essa realidade, que esse tipo novo de comunidade ou instituição ainda não é contemplado no Código de Direito Canônico. No entanto, a realidade é de tal forma exuberante e incontestável, na Igreja dos nossos tempos, que a Santa Sé a está estudando com atenção e interesse, a fim de poder abrir-lhe espaço no Código e conceder-lhe legitimidade canônica.

VOCAÇÃO UNIVERSAL

O termo ‘vocação’ vem da língua latina, e se traduz por ‘chamado’. Esse termo é usado em diversos sentidos, pois seu significado se abre como as muitas e diferentes palhetas de um belo leque.
Em seu significado mais específico, evangélico e eclesial, vocação é o chamado que Jesus ressuscitado faz a determinadas pessoas, propondo-lhes algum “estilo diferente de vida’ e/ou alguma ‘missão’ a ser realizada. Foi o que ocorreu com os doze Apóstolos. Foi o que aconteceu com milhões de homens e mulheres, nestes 1978 anos, desde a ressurreição de Jesus até os nossos dias. Estes todos, chamados por Jesus, disseram um “Eis-me aqui, envia-me, Senhor!” e se tornaram padres, bispos e papas. E as mulheres tornaram-se religiosas consagradas em ordens, congregações, institutos ou comunidades de consagradas.

Uma vocação universal
Em sentido muito amplo e abrangente, pode-se falar em ‘vocação à vida’, pois todo ser humano é chamado por Deus a existir para sempre, isto é, para uma rápida peregrinação por este planeta, e depois a viver a vida eterna.
Junto com o chamado à vida, existe a vocação ao ‘cristianismo’. Todos os seres humanos são criados pelo Pai celeste a fim de se tornarem ‘filhos de Deus’ pelo conhecimento e aceitação de Jesus e pelo recebimento do Espírito Santo, no santo Batismo. Mesmo que muitos, muitíssimos não cheguem a sê-lo, a vontade do Pai é esta: ‘que todos cheguem ao conhecimento da Verdade, que é Jesus, se tornem filhos de Deus e se salvem’. Estas vocações à vida e à filiação divina são universais. Isto é, são para todos os seres humanos.

Vocacionados a servir
Em nossos dias, na Igreja, toma-se cada vez mais consciência de um chamado para uma diversidade cada vez maior de ministérios, pastorais e serviços a serem prestados nas comunidades católicas. Este chamado pode ser para o exercício dos ministérios leigos como: do Batismo, do Matrimônio, da Eucaristia, da Esperança etc. Outros se sentem chamados aos diversos trabalhos de evangelização querigmática ou de catequeses. Outros, para as mais diversas pastorais. À medida que os leigos estão assumindo seu lugar específico na Igreja e a hierarquia abandona o habitual clericalismo e abre espaço para eles, estes ministérios, pastorais e serviços passam a ser dinamizados por pessoas mais conscientes, mais bem preparadas e, principalmente, por pessoas que assumem “não por serem ‘chamadas’ pelo padre”, ou “porque têm vontade de fazer alguma coisa”, mas porque descobriram em seu coração o chamado de Jesus. Portanto, assumem a sua missão ‘por vocação’, por causa do chamado do Mestre.

26 de maio de 2011

Vocação para o Matrimônio


O termo ‘vocação’ vem da língua latina, e se traduz por ‘chamado’. Esse termo é usado em diversos sentidos, pois seu significado se abre como as muitas e diferentes palhetas de um belo leque.
Em sentido amplo, pode-se falar em ‘vocação para o matrimônio’, para a ‘paternidade ou para a ‘maternidade’. Estas são vocações implícitas na própria natureza criada. Pelo fato de alguém ser criado ‘homem’, em sua natureza está ‘embutido’ o chamado ao matrimônio e à paternidade. Da mesma forma, aquela que é gerada ‘mulher’ traz em si mesma a vocação ao matrimônio e à maternidade. As exceções são muito raras, e quase sempre determinadas por algum tipo de problema pessoal.
É preciso afirmar de imediato que aqueles que são chamados ao sacerdócio e à vida consagrada, quer masculina quer feminina, trazem, sim, em sua natureza, essa vocação ao matrimônio, à paternidade e à maternidade. Se estes todos assumem o celibato, não é por falta da vocação ao matrimônio, mas sim por uma ‘opção positiva’ diante do chamado de Jesus para uma vida celibatária. Estes todos podem afirmar: “Eu não renunciei ao matrimônio!... Eu aceitei o convite de Jesus, e optei, e escolhi livre, voluntária e positivamente viver esse tipo de vida para o qual Ele me chamou!”
Na verdade, a família é tão importante para o ser humano, que o matrimônio, a paternidade e a maternidade deveriam ser sempre assumidos “como uma vocação personalizada” do Pai celeste. O conhecimento da responsabilidade, da importância e da grandeza de formar um lar deveria ser tão profundo que induzisse os jovens a se prepararem para o matrimônio com todo cuidado, esmero e honestidade. Aliás, deveria ser exatamente com a mesma seriedade como um jovem se prepara para o sacerdócio, ou uma jovem se prepara para a vida consagrada.
Para os jovens poderem se preparar muito bem para o matrimônio, precisam possuir um conhecimento claro e profundo do “projeto divino da procriação humana”. Esse conhecimento lhes mostrará o verdadeiro significado do “masculino e do feminino”, da “genitalidade” masculina e feminina, do sentido da “mútua atração” entre o homem e a mulher, do significado do namoro, do noivado e do casamento, bem como da importância de formar um lar que seja “ninho de amor”, para a realização e felicidade do casal e dos filhos.

VOCAÇÃO OU DOM NATURAL?


“Vocação é como um jogo de quebra-cabeça. À medida que a pessoa encontra os pedaços adequados e progressivamente vai formando o quadro, se sente estimulada a prosseguir. Ao concluir a montagem, sente o sabor da vitória alcançada e a gratificação da obra realizada”. Bem. Esta definição comparativa e explicitativa da vocação não é minha. De todo modo pode ser uma boa “chave de compreensão” para quem deseja compreender o que é uma vocação.
O termo ‘vocação’ vem da língua latina, do verbo “vocare”. Vocação se traduz por ‘chamado’. Este termo é usado em diversos sentidos, pois seu significado se abre como as muitas e diferentes palhetas de um belo leque.

Vocação ou dom natural?
Algumas pessoas chamam de ‘vocação’ os dons naturais congênitos dados por Deus às pessoas. Por exemplo: o dom de pintar, de esculpir, de desenhar, de cantar, de composição musical, de tocar instrumento musical, de escrever com arte, de falar com perfeição, de dramaturgia, de algum esporte específico etc. etc. Em última análise, esses dons procedem de Deus Pai, devem ser cultivados e colocados a serviço do bem das comunidades e das pessoas. Pergunta-se: são vocações, são dons naturais especiais, ou são carismas? Talvez a designação não seja muito importante. Significativo é desenvolver este pendor e colocá-lo a serviço do bem comum.
Pessoalmente prefiro chamar de “dons naturais”, congênitos, a essas capacidades especiais e personalizadas, embutidas na própria natureza da pessoa. Em sentido muito amplo, e analisados a partir do doador, Deus Pai, que os concede para que a pessoa os coloque a serviço do bem de todos, poder-se-ia, talvez, chamá-los de “vocação”.
O leitor tem aqui a possibilidade de avançar na reflexão e optar por uma definição mais pessoal.

Vocação e Realização
Quando alguém consegue encontrar todas as peças e chega a montar um grande jogo de ‘quebra-cabeça’, tem a grata sensação de vitória alcançada, e de gratificação por ver que aquele amontoado de pecinhas se tornou um belíssimo quadro. Não é exatamente assim que se sente aquele de abraçou sua vocação e a fez uma fonte de bem para seus irmãos?...
Quando alguém caminha em sua vida com o coração aberto para Deus e para o amor dos irmãos, algum dia poderá sentir uma misteriosa voz interior, chamando, chamando, convidando para alguma missão. Quando esse coração der ouvidos à voz que chama, prestar atenção ao convite, der uma resposta positiva e se empenhar para cumprir a missão recebida, encontrará muito mais sentido em seu viver, descobrirá a alegria e a grandeza de poder servir a Deus na pessoa dos irmãos, fará um grande bem a muita gente, será uma bênção para a comunidade e, ele mesmo, perceberá o valor maior de sua vida, feita ‘dom’ para os irmãos.
Vocação é um ‘quebra-cabeça’?... Sim! Mas só até o momento de reconhecer, assumir e realizar a missão confiada por meio da vocação. Depois, ‘vocação é realização’!... “Realização-cumprimento” diário da missão recebida e assumida, e “realização-felicidade” do coração, por cumprir a missão.

19 de maio de 2011

VOCAÇÃO: CHAMADO DIVINO


Quando se fala em “vocação” pensa-se, quase sempre, no chamado feito por Jesus a um ser humano para que assuma o sacerdócio ou a vida religiosa consagrada, masculina ou feminina. Verdade é que o enfoque anual que se dá às vocações, no mês vocacional, está mudando lentamente esse quadro. Fala-se claramente em vocação para o sacerdócio, para a vida consagrada, para o matrimônio etc. A realidade das múltiplas vocações eclesiais está sendo melhor definida, e melhor compreendida pelo povo de Deus.

Sacerdócio e vida consagrada
Todo católico que vive sua fé e caminha na Igreja, conhece os sacerdotes e compreende sua vocação, seu chamado divino para esse ministério. Conhece a vocação das religiosas consagradas, também chamadas de freiras ou irmãs. Talvez entenda pouco a respeito das diversas congregações, mas tem conhecimento da realidade dessas vocações.
Existe também a vocação à vida religiosa consagrada masculina. São homens chamados por Jesus para se consagrarem a Deus e servirem a seu povo, mas fora do sacerdócio. Esses se consagram ou numa congregação, ou num instituto religioso como, por exemplo, os Irmãos Maristas, os Irmãos Lassalistas, os Irmãos do Sagrado Coração de Jesus e outros.
Outros homens, chamados por Jesus para essa forma de vida consagrada, se consagram a Deus em ordens, congregações ou institutos, onde a maioria é de sacerdotes. Nessas há sacerdotes e há consagrados não sacerdotes. Duas classes? Não. Duas vocações diferentes dentro de uma mesma ordem, congregação ou instituto.
Há ainda outras vocações destinadas a diferentes formas de consagração a Deus, diferente da feita em ordens, congregações e institutos de vida consagrada. São as vocações para uma consagração a Deus em institutos seculares, em associações de vida apostólica, ou mesmo, para uma consagração individual leiga.

As novidades do Espírito
Em nossos dias, principalmente a partir da presença e da ação renovadora da Renovação Carismática, bem como de outras “espiritualidades”, estão surgindo muitas novas comunidades de vida, nas quais os vocacionados por Jesus, fazem algum tipo de consagração, para servir aos irmãos, na Igreja, dentro do carisma específico de cada comunidade. A novidade do Espírito Santo, neste campo, é a diversidade de pessoas chamadas para a mesma comunidade: solteiros e casados, homens e mulheres, famílias inteiras. É tão surpreendente essa realidade, que esse tipo novo de comunidade ou instituição ainda não é contemplado no Código de Direito Canônico. No entanto, a realidade é de tal forma exuberante e incontestável, na Igreja dos nossos tempos, que a Santa Sé a está estudando com atenção e interesse, a fim de poder abrir-lhe espaço no Código e conceder-lhe legitimidade canônica.



9 de maio de 2011

Mãe: a Primeira Evangelizadora

A mãe católica, que vive sua vida iluminada pela fé, e à luz da fé vive sua experiência pessoal do grande amor de Deus para com ela mesma, poderá ser – deveria ser – a primeira evangelizadora em seu lar. Que é evangelizar? - A Santa Madre Tereza de Calcutá disse que “Evangelizar é ter Jesus no coração e levar Jesus ao coração dos irmãos”. Que sabedoria! Que definição inspirada! Portanto, mãe evangelizadora é aquela que tem Jesus vivo no seu coração, adora Jesus presente em sua vida, percebe todos os dias os sinais do Seu amor, sinais esses que acontecem em sua vida, em sua família, ao seu derredor, e põe sua confiança e suas necessidades no coração de Deus. Ao mesmo tempo, essa mãe evangelizadora se empenha, ora sem cessar, e age concretamente para levar o seu Jesus ao coração do marido e dos filhos.

Que é evangelizar? – “Evangelizar é fazer Jesus acontecer no coração de alguém”. A mãe evangelizadora se empenha conscientemente para fazer Jesus vivo acontecer no coração e na vida dos membros de sua família. Ela ora, fala, age de tal forma que aos poucos, com o tempo, as pessoas de sua família conheçam, acreditem, amem, obedeçam, sigam, respeitem Jesus vivo, e vivam uma vida iluminada e fortalecida por Seus exemplos e ensinamentos. Essa mãe, aos poucos, faz Jesus acontecer no coração e na vida dos seus entes queridos. Jesus se torna “um acontecimento” marcante e profundamente influente nas pessoas de seu lar.
A mãe evangelizadora sabe que se conseguir “fazer Jesus acontecer” no coração e na vida do marido e dos filhos, ela terá alcançado para eles a maior bênção e a fonte de todas as graças para toda sua vida. A mãe sabe que se Jesus morar vivo, acolhido, adorado, obedecido e seguido pelo marido e pelos filhos, eles viverão uma vida honesta, digna, honrada, sadia, feliz e abençoada. Seu lar será “uma igreja doméstica”, um “templo em culto permanente”, e como consequência natural, será “um ninho de amor”, onde todos amar-se-ão e sentir-se-ão muito felizes e realizados.
A mãe evangelizadora sabe por própria experiência de fé e de vida cristã que Jesus vivo é o maior tesouro e a melhor herança que ela pode dar aos seus queridos. Jesus é o maior tesouro porque Ele, com seu exemplo de vida e com seus ensinamentos conduz as pessoas que o seguem pelos caminhos verdadeiros do bem, da verdade, da bondade, do verdadeiro amor, das virtudes humanas e cristãs e dos melhores valores terrenos e eternos. Jesus é a melhor herança porque além de conduzir as pessoas pelos melhores caminhos nesta vida, ele liberta, cura, salva, abençoa, protege e santifica para a vida verdadeira, que é a eterna. A mãe evangelizadora sabe que se seu marido e seus filhos tiverem Jesus no coração a vida toda, eles estão todos juntos com ela, um dia, na glória preparada para os eleitos, seguidores de Jesus.

Sabedoria para evangelizar
A mãe evangelizadora arde num desejo permanente de ver seu marido e seus filhos caminhando pelos caminhos de Jesus, participativos da vida da igreja, cultuadores dos sacramentos, pessoas de oração e de uma vida cristã exemplar. Porque seu coração arde nesses desejos, ela se empenha em desempenhar muito bem o seu papel.
1º. Oração. Ela sabe por experiência que aceitar e seguir Jesus vivo com firmeza na vida de cada dia é uma grande graça. E a graça é dada por Deus, gratuitamente, principalmente àqueles que a pedem com perseverança. Por isso ela é uma “mulher de Deus em oração constante”. Ela ora perseverantemente para que o Espírito Santo “gere Jesus” no coração do marido e dos filhos. Ela ora para que Marido e filhos conheçam Jesus, O aceitem em suas vidas, conheçam seus ensinamentos e os vivam em suas vidas como valores preciosos. Sua oração perseverante se eleva com constância e com muita confiança, para que os seus entes queridos sejam discípulos fiéis de Jesus Cristo.
Além de orar ‘pela’ família, ela ora ‘com’ a família, promovendo momentos de oração com seus queridos. Nesta oração em família, ela vai educando para a oração verdadeira, aquela que brota do coração. Ela educa para saber orar ao Pai, a Jesus ressuscitado, ao Espírito Santo, a Nossa Senhora, ao Anjo da guarda e a alguns Santos que sejam mais bem acolhidos pelos membros da família. Pela oração em família, ela vai fazendo crescer a amizade das pessoas de sua casa com as Pessoas divinas e as pessoas celestes.
2º. Exemplo. Ela sabe que “as palavras ensinam, mas os exemplos seduzem”. Conscientemente, mas naturalmente, ela dá um bom exemplo de fé, de amor a Deus, de amor à igreja, de respeito pelas coisas de Deus, e ao mesmo tempo dá um exemplo de verdade, de humildade, de dignidade, de fidelidade, de bondade, de perdão e de misericórdia de forma que seu exemplo se torna um testemunho luminoso para seus filhos e marido, a ponto de eles quererem seguir o exemplo da mãe.
3º. As palavras. A mãe evangelizadora tema sabedoria de aproveitar os mais diversos momentos da vida em família para lançar sementes de evangelização no coração dos membros de sua família. Apenas alguns exemplos: na hora do almoço ou do jantar, além da oração de agradecimento, ela fala do amor de Deus que se manifesta pelo alimento de cada dia. Ela diz: “Como Deus é bom! Mais uma vez temos comida! Tanta gente passa fome, e nós nunca tivemos falta! Como Deus é bom para nós!” Outro dia, ela diz” Que bênção do Pai celeste, podermos estar aqui, tomando a nossa refeição!” – Quando acontece alguma coisa boa, na família, ela aproveita para agradecer diante de todos: “Deus nos ama tanto! Mais uma vez Ele prova o amor que tem por nós!” – Dessa forma, diante de acontecimentos bons ocorridos na família, ou nos vizinhos e parentes, ou na paróquia, ou no país, ou no mundo, ela aproveita a chance e fala bem de Deus Pai, de Jesus, do Espírito Santo, e semeia a fé, o amor de Deus, a gratidão e a confiança diante de Deus. Aos poucos ela vai formando a fé, a vida cristã, os verdadeiros valores humanos e cristãos no coração das pessoas de sua família.
4º. As práticas religiosas. A mãe evangelizadora sabe motivar todas as práticas religiosas, para que sejam realizadas com conhecimento sadio, com gratidão e com piedade. Ela infunde no coração das pessoas da família, que a amizade com Deus Pai, com Jesus vivo, com o Espírito Santo e com Maria deve manifestar-se por meio de práticas de culto, como a Santa Missa dominical, a oração diária, a confissão e a participação na vida da comunidade católica. Ela procura conscientizar que essas práticas devem ser como uma resposta muito boa ao amor e às bênçãos recebidas de Deus. Em cada fim de semana ela fala sempre de novo que “Deus nos deu mais uma semana de vida, com saúde, alimento, casa para morar, e tantas coisas boas, e por isso, agora, devemos ir para a casa de Deus, para participar da Missa, a fim de agradecer por tudo. A Missa é um dever e um compromisso de gratidão para com Deus. Se Ele nos dá 168 horas de vida por semana, e nos pede apenas uma hora para a Santa Missa, seria uma grande ingratidão dizer ‘não’ e não comparecer na Missa. Ainda mais que na Missa Deus quer nos abençoar ainda mais.”
5º. O tempos Litúrgicos. A mãe evangelizadora aproveita os tempos litúrgico do Advento, do Natal, da quaresma, da Páscoa, de pentecostes, das festas de Jesus Cristo e de Nossa Senhora para formar o coração cristão dos membros de sua família. Ela, com pequenos comentários feitos em horas oportunas, vai catequizando, instruindo e levando às práticas próprias de cada um desses acontecimentos litúrgicos. Dessa forma, ela vai educando os membros de sua família na fé, na vida cristã, nas práticas religiosas, na vida de amor a Deus e ao próximo.
Feliz a mãe que compreende esta sua missão evangelizadora e procura, com sabedoria, realizá-la. Por essa missão evangelizadora, ela traz ao coração do marido e dos filhos o maior tesouro do mundo: o Deus vivo, Uno e Trino. Por este tesouro, ela traz a maior força no coração para que os seus entes queridos vivam uma vida cristã profunda, e recebam todas as graças divinas para superarem todas as tentações do inimigo, do mundo e da sociedade paganizada. Ao mesmo tempo, pela presença de Deus na família, ela alcança a bênção de que sua família seja um “ninho de amor” onde todos se sintam felizes, amados e amantes, sadios e portadores das verdadeiras hierarquias de valores humanos e cristãos.