31 de março de 2011

MORTES: SEMENTES DE VIDA

Um dia,
Um homem sério disse:
"Se o grão
não cair na terra,
e não morrer,
não produzirá fruto.
Mas se cair em terreno fértil
e morrer,
produzirá muito fruto.

Ele falava de si ...
Falava de você!

Ele caiu na terra ...
Morreu!
E foi semente
de muitos cristãos!
Se ele não tivesse morrido,
não teria ressuscitado.
E seria, certamente,
o homem mais esquecido do mundo!

Ele falava de você ...
Se você não morrer,
um pouco cada dia.
Se você não cair,
morto,
em terreno fértil,
você será sempre,
apenas uma semente.
Só semente,
estéril,
egoísta.
Mas se morrer,
morrer cada dia,
você será uma árvore,
produzirá muito fruto!
Frutos gostosos:
frutos de amor,
frutos de eternidade.

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17 de março de 2011

Q U A R E S M A

A palavra “Quaresma” vem da língua latina e tem sua origem no número “quarenta”.
Em religião, a Quaresma é o período de quarenta dias que vai da quarta-feira de cinzas até a quinta-feira santa, excluindo-se a contagem dos domingos. A Quaresma é um tempo forte de espiritualização da vida cristã, realizada por meio de: 1º. mais freqüente e fervorosa oração; 2º. de jejuns e mortificações para corrigir pecados, tendências pecaminosas, maus hábitos e vícios perniciosos; 3º. de boas obras de caridade fraterna; 4º. de mais assídua e piedosa participação nos sacramentos da Confissão e da Eucaristia; 5º. de participação consciente e ativa nas celebrações da comunidade paroquial.
A Quaresma é, também, um tempo forte de espiritualização, conversão, penitência e caridade, em preparação para um tempo ainda maior de espiritualidade que é a Páscoa. Numa palavra: a Quaresma é uma caminhada de preparação para a Páscoa da ressurreição de Jesus.
Podemos sintetizar esses dois tempos: Quaresma e Páscoa, em duas palavras: morte e ressurreição. Essas duas palavras estão fortemente ligadas a Jesus Cristo, nosso salvador e mestre, durante a Quaresma. Ele passou pela paixão e morte de cruz para chegar à ressurreição gloriosa. Por isso, aliás, na Quaresma, nós recordamos e celebramos a paixão e morte de Jesus para apropriarmo-nos do perdão e da salvação que nos mereceu, e em seguida celebramos solenemente a Páscoa da ressurreição. O objetivo final do caminho de Jesus era a ressurreição. O nosso caminho Quaresmal também deve ser este: chegarmos à Páscoa como pessoas ressuscitadas, com Jesus.
Nesta Quaresma, como Jesus, também nós precisamos passar da morte para a vida. Precisamos “fazer morrer” em nós os nossos erros e vícios, nossas misérias humanas, nossos egoísmos, vaidades, orgulhos, invejas, ressentimentos, mágoas, falsidades, infidelidades, erotismos, enganações e trapaças, para podermos “ressuscitar” como pessoas renovadas, para de uma vida cristã mais convertida, espiritualizada e produtiva de muitas boas obras de caridade e fraternidade.
Na quaresma devemos “sepultar” com Jesus, todos aqueles pecados, maus hábitos de vida, tendências viciosas que nos incomodam, nos levam a ofender a Deus e ao próximo, e que não nos deixam sermos bons como gostaríamos, a fim de ressuscitar com Jesus, para uma vida renovada no amor a Deus, ao próximo e a nós mesmos.

12 de março de 2011

O R E T I R O D E J E S U S

A palavra “retiro” é usada em linguagem religiosa para designar um tempo menos ou mais longo durante o qual uma pessoa ou um grupo se retiram para orar, ouvir a Deus e falar com Ele. Com o retiro as pessoas procuram reanimar-se no caminho de sua vida cristã, ou na vida consagrada, sacerdotal ou episcopal.

Aos trinta anos, antes de se lançar em sua missão messiânica de anunciar, inaugurar e fazer o Reino de Deus acontecer na humanidade, Jesus foi a algum lugar desabitado, solitário, longe de todos, para estar em oração diante de seu Pai celeste. Jesus permaneceu em retiro durante trinta dias, como nos conta são Mateus (Mt 4,1). Antes, porém, de partir para o retiro espiritual, Jesus viveu dois acontecimentos muito importantes. Eles nos são relatados por são Mateus dessa forma: “Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus. E do céu baixou uma voz: Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição” (Mt 3, 16-17). Primeiro acontecimento: desceu sobre Jesus o Divino Espírito Santo, que inundou sua natureza humana exatamente para que Ele iniciasse sua missão cheio do poder de Deus. Segundo acontecimento: Deus Pai manifestou-se declarando ser Jesus o seu Filho muito amado. Agora, cheio do poder do Espírito Santo, e sob o amor divino e providente do Pai, Jesus vai ao seu retiro espiritual.

A oração de Jesus

Qual teria sido a oração de Jesus, cheio do Espírito Santo, durante os trinta dias diante da face do seu Pai? – Não o sabemos. Não no-la foi revelada. Pode ser que tenha sido aquela oração que Jesus tinha “na ponta da língua” quando os discípulos lhe pediram: “Senhor, ensina-nos a orar!”

Ele respondeu de imediato: Eis como deveis rezar: Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.(Mt 6,09-13)

Pai...

Jesus adorou o seu Pai durante trinta dias. Reconheceu-o e proclamou-o como Deus soberano e único. Adorou-o e O proclamou como aquele que O gerou, na eternidade, por uma gestação de amor, e que por isso era Seu verdadeiro Pai. Jesus mergulhou em profundidade na grandeza da paternidade divina do Pai celeste, e ali entrou em êxtase diante da grandiosidade e da generosidade do amor paterno de Seu Pai. Jesus reconheceu e proclamou diante do Pai a Sua paternidade sobre todos os seres humanos, e em nome de todos, O adorou, O glorificou e Lhe rendeu graças infinitas. E Jesus pediu ao Pai que acolhesse como filhos adotivos Seus, todos aqueles que viessem a crer nEle, e por eles iria assumir a sua paixão e morte de cruz. Nessa oração de trinta dias, Jesus criou uma intimidade, uma comunhão tão amorosa com o Pai, que inundou o Seu coração a ponto de, durante a sua vida de pregação, sentir necessidade incontida de falar, de anunciar o amor de Seu Pai, sem cessar, a todos.

Pai nosso...

Em sua oração de trinta dias a seu Pai celeste, Jesus compreendeu, admirou, elogiou e glorificou a paternidade do Pai estendida para todos os seres humanos. Ele os criou para adotar como filhos e, fazendo-os participar de seu divino amor, torná-los todos felizes, muitos felizes. Ao contemplar todos os seres humanos feitos filhos do Pai celeste, em nome de todos e em favor de todos, Jesus adorou, glorificou e engrandeceu a paternidade adotiva do Pai, e Jesus começou a dizer: Pai nosso... Pai nosso... Pai meu e de todos os meus irmãos, seres humanos adotados por Ti e feitos Teus filhos, nós Te adoramos, Te bendizemos e Te agradecemos por tua paternidade divina.

Que estais no céu...

Ao contemplar o Pai, durante a sua oração de trinta dias, Jesus percebeu-O no céu. Isto é, que o Pai está na suprema felicidade, na mais perfeita realização e glória, no mais elevado grau de beatitude, no paraíso pleno de grandeza e santidade. Jesus contemplou o “céu do coração” vivido por “nosso” Pai. Nesta contemplação, o coração de Jesus se dilatou em alegria e júbilo por conhecer que é para esse céu de felicidade que o Pai quer conduzir todos os seus filhos adotivos. E Jesus alegrou-se por poder colaborar decisivamente por sua vida, paixão e morte de cruz, para que o maior número de Seus irmãos, filhos do Pai, possam chegar a participar do céu de felicidade onde está o Pai celeste.

Santificado seja o vosso nome:

Jesus, em sua oração de trinta dias, contemplou em tão grande profundidade a santidade perfeitíssima e suprema de “nosso” Pai, que seu coração desejou ardentemente que o Seu nome seja santificado, respeitado, honrado e dignificado por todos os seres humanos de todos os tempos. O nome santíssimo de um Pai tão amorosíssimo merece ser honrado, glorificado e prestigiando, e jamais desonrado, desrespeitado, desprestigiado. Em sua oração, Jesus honrou, glorificou e prestigiou o nome de “nosso” Pai, em nome de toda a humanidade.

Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu:

Em sua oração de trinta dias Jesus contemplou a vontade perfeitíssima e santíssima de “nosso” Pai. Contemplou que, em sua vontade divina, o Pai só quer o bem mais perfeito para todos os seres humanos de todos os tempos, para que sejam felizes, pela participação de Sua felicidade suprema e celestial. Mas Jesus percebe que os seres humanos, muitas vezes, agem contra a vontade do Pai, e por isso se tornam infelizes, insatisfeitos, desonrados e decaídos nas misérias humanas. Jesus olhou para dentro do Céu e viu que ali todos os Anjos e Santos, cumprem da maneira mais absolta a vontade do Pai e por isso gozam do paraíso da felicidade sempiterna. Então Jesus clamou: Pai, que na terra também se faça, se cumpra com amor, a vossa vontade, com é cumprida nos Céus, para que os seres humanos sejam fraternos, vivam em harmonia, paz, saúde e felicidade.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje:

Em sua oração de trinta dias, Jesus contemplou a humanidade, em favor da qual Ele iria dar sua vida até a morte de cruz. E teve compaixão da “fome” de todos os Seus irmãos. Fome de alimento material e fome de alimento espiritual. E Jesus, considerando o poder, o amor e as divinas providências do Pai, clama para que haja pão, comida, alimento material, todos os dias, pois todos os dias os seres humanos precisam se alimentar. Mas nesse clamor, Jesus também pede ao Pai o “alimento espiritual”, que é o “Pão vivo descido dos céus”, que é Jesus Eucarístico. Jesus pede ao Pai que haja o alimento completo de que o ser humano necessita em sua vida de cada dia.

Perdoai as nossas ofensas

Em sua oração de trinta dias, voltado em contemplação sobre a humanidade, Jesus reconhece que, infelizmente, o ser humano está ferido em sua natureza, e por isso acaba ofendendo muitas vezes ao seu Deus, que é seu Pai. E tantas vezes até de forma grave, gravíssima. E o coração de Jesus, pesaroso de “ver a vontade do Pai contrariada e magoada”, clama: Pai, perdoai as nossas ofensas, perdoai os nossos pecados, perdoai os nosso crimes. E esse clamor de Jesus em seu retiro repercute para todos os tempos sobre toda a humanidade, já que os pecados, infelizmente, se sucedem em todos os tempos.

Assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam:

Jesus, em oração, percebe que Ele e todos os que vierem a crer nEle e em sua palavra, saberão perdoar, e perdoarão de fato aos ofensores. Por isso, em seu pedido de perdão ao Pai, garante que Ele e os seus futuros discípulos procurarão perdoar a fim de serem também perdoados.

E não nos deixeis cair em tentação:

Em sua oração, de trinta dias debruçado sobre a humanidade, Jesus constata que em sua fragilidade o ser humano, ao ser tentado, muitas vezes cai, descamba, resvala e peca. Por isso, recorre ao Pai para que com sua graça venha em socorro na hora das tentações, a fim de que os seus filhos sejam vencedores nas tentações, e em vez de fazerem o mal, façam sempre o bem.

Mas livrai-nos do mal:

Cair na hora da tentação, ser derrotado na luta da tentação leva fatalmente a fazer algo que seja mau. O que é mau é contra a santa vontade do Pai e é sempre prejudicial àquele que é vencido pelo mal. Por isso Jesus clama ao Pai para que na tentação se coloque ao lado do seu filho adotivo que sofre a tentação, a fim de que este seja vencedor.

Nas três tentações Jesus é vencedor

Quando Jesus está para terminar o seu retiro de trinta dias, o inimigo tentador se apresenta para tentar Jesus. Faz-Lhe três poderosas tentações: de todos os prazeres, de todos os poderes, de possuir tudo. Jesus acabara de pedir ao Pai: “E não nos deixeis cair em tentação”. Cheio do poder do Espírito Santo, Jesus derrota o tentador e sai vitorioso para sempre. Porque Jesus, em sua oração de trinta dias, estava orando por todos os que nEle viessem a crer, a sua vitória é também nossa. Quando essas três grandes tentações, que aliás resumem todas as demais tentações existente, vierem a nos afetar, unidos pela fé a Jesus, seremos sempre vencedores. “Se Deus é por mim – está a meu favor – quem será contra mim?


9 de março de 2011

Ressurreição cada dia

Ressuscitar
é obra de cada dia!
A vida diária do cristão
deve ser um caminhar seguro
para a definitiva ressurreição.
Sobe-se, por uma escada,
a um andar superior,
andando degrau por degrau ...
Sobe-se à vida superior,
à glória de Deus,
de ressurreição em ressurreição.
Ressuscitar, cada dia,
é começar a ser sempre melhor ...
Orar com mais fé e amor
é ressuscitar!
Perdoar sempre de novo
é ressuscitar!
Dar um auxílio, com amor,
é ressuscitar!
Corrigir um vício
é ressuscitar!
Aderir mais à palavra de Deus
é ressuscitar!
Iniciar uma nova manhã
com vontade de sorrir a todos
é ressuscitar!


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3 de março de 2011

QUARESMA - MORTES E RESSURREIÇÕES

Os amores de Deus Pai, de Jesus ressuscitado e do Espírito Santo se manifestam novamente de forma especial, neste tempo quaresmal, chamando-nos à conversão e à santidade, e oferecendo-nos suas graças para que elas aconteçam.A quaresma é um “kairós”. É um tempo forte de graças divinas, oferecidas por Deus-Trindade a todos os cristãos, e recebidas por aqueles que abrem seus corações e participam consciente e vivamente desse tempo de conversão para a santidade.Quaresma são os quarenta dias vividos entre a quarta-feira de cinzas e o Domingo de Ramos. Ou os dias contados entre o primeiro domingo da quaresma e a Quinta-Feira Santa.Todos nós somos chamados a fazer desse tempo um abençoado período de reflexão sobre a qualidade de nossa vida cristã: pessoal, familiar, comunitária, profissional e social, com a finalidade de “mudarmos para melhor” aquilo que não está de acordo com os mandamentos e ensinamentos de Jesus, bem como para “tornarmos” ainda melhores e mais perfeitos aqueles aspectos de nossa vida que já estão conformes aos ideais de uma vida cristã autêntica, e até santa. Portanto, dois pólos: conversão e santificação.O tempo quaresmal é uma caminhada em direção à Páscoa da Ressurreição de Jesus e de nossas ressurreições pessoais. Podemos sintetizar essa caminhada em duas palavras: mortes e ressurreições.

Mortes. Fazer morrer, crucificar, eliminar, extinguir em nós tudo aquilo que ainda é pecado, vício, tendências negativas como: orgulhos, egoísmos, invejas, vaidades, ódios, ressentimentos, mágoas, sensualidades, erotismos, materialismos, preguiças espirituais, infidelidades, corrupções etc. O trabalho de conversão consiste exatamente em extirpar, eliminar, “fazer morrer” todo o mal que ainda exista em nós, para vivermos uma vida cristã mais santa e ressuscitada.

Ressurreições. Avivarmos em nós, e tornarmos mais fortes e dinâmicas em nós, as virtudes, as boas qualidades, os nossos bons propósitos de vida, o crescimento de nosso relacionamento com Deus, a vivência de nossa fé e de nosso culto religioso, uma vida matrimonial e familiar de muito melhor qualidade em amor e em convivência, nosso testemunho cristão na profissão, no trabalho, na comunidade, na sociedade. De fato, o objetivo maior da quaresma é levar-nos a muitas ressurreições.

Conversão: Como ótimo Pai que só quer o bem, a felicidade e a santidade de seus filhos, nesta quaresma, Deus nos chama à mudanças em nossa vida. Ele fiz: “Convertei-vos! Renunciai a todas as vossas faltas! Que não haja mais em vós o mal que vos faça cair! Repeli para longe de vós todas as vossas culpas, para criardes em vós um coração novo e um novo espírito”. (Ez 18, 30b-31). Como é lindo esse chamado feito pelo Pai celeste!Eis a finalidade da conversão a que somos convocados a realizar: “criar um coração novo e um novo espírito”, a fim de vivermos nossa vida cristã de cada dia, num relacionamento de profundo amor com Deus Pai, com Jesus, com o Espírito Santo, e ao mesmo tempo, num mais perfeito e crescente amor os seus irmãos, o namorado, os amigos, os colegas todos, enfim, todas as pessoas que passam pelo caminho de nossa vida.

Um chamado especial. Para aqueles católicos que abandonaram sua fé, sua Igreja, sua vida de oração, sua vida cristã, o Deus misericordioso e preocupado com a salvação desses seus filhos que o abandonaram, tem um chamado todo especial: “Converte-te ao Senhor, abandona os teus pecados! Volta para o Senhor! (Cf. Eclo 17,21-23) Diz mais: “Volta ao Senhor teu Deus, porque foi teu pecado que te fez cair. Volta ao teu Senhor” (Cf Os 14,1-2) E diz ainda: “Desde o tempo de vossos pais vos apartastes de meus mandamentos, e não os guardastes. Voltai a mim e eu me voltarei para vós”. (Mal 2,7) Sim, Deus se preocupa muito com aqueles que dEle se afastaram, e por isso vivem no pecado, correndo o risco de perderem-se para a vida eterna. Essa perda seria a pior desgraça que poderia ocorrer na vida de alguém: perder o céu e ser condenado à separação eterna de Deus e dos Santos.Se esse chamado de Deus é particular para aqueles que o abandonaram, é inteiramente válido também para nós que, apesar de procurarmos a santidade, tantas vezes caímos em pecados, ou ainda estamos presos a certos vícios pecaminosos, a tendências que geram o mal em nós ou para o próximo. Todos precisamos de mudanças, de conversões, em alguns aspectos de nossa vida pessoal, familiar, religiosa, eclesial, profissional ou social.Quais são os motivos pelos quais o nosso Deus nos chama com tanta insistência, com tanta misericórdia e com tanta bondade para que nós nos voltemos a Ele de todo coração? É porque Ele nos ama com amor divino e eterno. É porque Ele sabe que se nós vivermos no seu amor e no amor ao próximo, estaremos vivendo no melhor caminho para nosso verdadeiro bem, realização e felicidade. Vivermos numa profunda amizade com Deus nos dá a sabedoria que procede se seus ensinamentos, os quais são todos para o nosso maior bem, durante esta vida, e como garantia de uma futura vida eterna feliz. O chamado de Deus à conversão e às ressurreições, na verdade, é um chamado a sermos santos. Viver em santidade na vida cristã de cada dia é a graça máxima que um batizado por ter.

Fontes de graças. Para decidirmo-nos a realizar uma caminhada quaresmal com “mortes e ressurreições”, e mais ainda, para conseguirmos realizá-las, necessitamos muito da graça divina, do auxílio divino. “O espírito está pronto, mas a carne é fraca”, disse Jesus, a nosso respeito. Ou como escreveu Paulo: “Muitas vezes faço o mal que eu não quero, e não consigo fazer o bem que eu quero”.Na quaresma, de forma especial, Deus tem “suas mãos cheias de bênçãos estendidas para nós” oferecendo-nos seu auxílio, para conseguirmos realizar as mortes e as ressurreições de que precisamos e desejamos. Basta que realizemos a nossa parte nesses processos de mortes e ressurreições.Uma fonte jorrante de graças é a meditação e a contemplação da paixão, morte e ressurreição de Jesus, nosso Salvador. A quaresma e, principalmente, a semana santa nos chamam a olhar para Jesus sofredor, morto e ressuscitado, e a perguntarmo-nos: por que tão grande e terrível sofrimento?... “Por que” e “para que” a paixão e morte de Jesus?...Jesus foi capaz de abraçar sua paixão e morte de cruz “porque” somos pecadores, e sem a salvação conquistada por Ele estaríamos todos condenados. Mais. Jesus aceitou sua paixão e morte “para que” possamos ser perdoados de nossos pecados, reconciliados com Deus e admitidos à salvação eterna.Jesus sofreu por nós e para nós! Então, nesta quaresma, precisamos nos perguntar: se Jesus foi capaz de sofrer sua paixão e morte pela minha salvação, o que é que eu estou fazendo em minha vida para me apropriar dessa redenção e para alcançar a minha salvação eterna? Estou levando suficientemente a sério o processo de minha salvação eterna? E se eu viesse a me perder?... Essa reflexão levada à profundidade e a sério poderá levar-nos a grandes transformações em nossa vida cristã vivida cada dia.Outra fonte importante de graças para o sucesso de nossas “mortes e ressurreições” é a participação do programa religioso de sua paróquia. Ele é realizado exatamente para que os participantes possam receber as graças divinas. Quem participa, recebe; quem não participa, perde. Importante é realizar uma santa confissão individual, muito bem preparada e realizada.Já na quarta feira de cinzas, no evangelho da Santa Missa, Jesus propõe três fontes de graças para a quaresma: a oração, o jejum e a esmola. Essas práticas, realizadas com verdadeiro espírito cristão, poderão produzir muitas graças de “mortes e ressurreições” para nós, nesta quaresma.

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2 de março de 2011

SOMOS TEMPLOS VIVOS DE DEUS

O Deus vivo em quem cremos de todo coração, a quem adoramos, louvamos, rendemos graças e obedecemos com alegria, por meio dos escritores sagrados, e principalmente por meio de Jesus Cristo, nos revelou nossa verdadeira identidade e grandeza, como seres humanos criados à imagem de Deus, adotados como filhos seus, e destinados para a glória dos céus. Dentre as grandezas e belezas reveladas a nosso respeito está essa verdade que nos foi ensinada por São Paulo, de que “somos templos vivos de Deus”. Eis o texto sagrado: “Não sabeis que sois o templos de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?* Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós. (1 Cor 3, 16-19).
Todo templo religioso material é considerado “casa de Deus”, “morada do Altíssimo”, “lugar do encontro com Deus”, “local de celebração de Deus e de oração a Deus”. Embora possamos encontrar Deus em qualquer lugar, pois Ele é onipresente, isto é, está presente em todos os lugares, o templo é o lugar mais apropriado para encontrar Deus. Ele ali mora de modo particular, já que o templo lhe é construído e consagrado. Mas o templo material também é simbólico. Simboliza, em primeiro lugar, o Céu onde Deus está perpetuamente presente, onde está rodeado, adorado e glorificado por todos os Anjos e Santos. Simboliza, também, o templo vivo que é todo ser humano.

Templos vivos de Deus
“Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? – Essa é uma revelação misteriosa e maravilhosa. O Deus-Trindade quis manter como “ponto de encontro conosco” o nosso coração, isto é, a nossa interioridade composta pelo nosso espírito e pelo nosso psíquico, residentes em nosso físico. Todo o nosso ser é morada do Deus-Trindade. Isso por iniciativa dEle. Ele quer morar em nós, porque nos ama com amor divino e eterno. Quem ama quer estar junto do amado...
Quando quisermos encontrar o nosso querido Deus-Trindade, basta entrarmos em nós mesmos. Ali Ele nos aguarda, acolhe, ouve, fala e abençoa. Ali podemos conviver com Ele. Feliz todo aquele que recebeu a bênção de saber e querer todos os dias entrar em audiência com Deus, no templo do seu coração! Ali está a fonte de todas as bênçãos: Deus!

Desde o Santo Batismo
A graça maiúscula que recebemos no Santo Batismo foi a “inabitação” da Trindade santa em nosso templo interior. Ao ser batizada uma criança, os pais e padrinhos a entregam ao Senhorio de Jesus, o qual passa a ser o “Senhor”, o “dominus”, “ o Kyrios” daquela criança. Ela então não pertence mais aos pais. Pertence ao Senhor. Este, entrega a criança aos pais para que cuidem dela em nome dEle, o Senhor.Nessa entrega feita pelos pais e na aceitação feita pelo Senhor, o Espírito Santo é enviado para tomar posse da pessoa, em nome da Trindade. É agora – ao ser batizado - que o batizando se torna templo de Deus, pela inabitação do Espírito Santo que, por sua vez, torna presentes consigo, o Pai e o Filho. É no santo Batismo que a Trindade veio habitar em nós, e nós fomos consagrados como templos de Deus.
Essa realidade é tão expressa no ato do Batismo que, logo após o derramamento da água, acompanhado das palavras próprias, o ministro que batiza unge a criança com o santo óleo do crisma (o mesmo óleo usado pelo bispo na crisma dos jovens), consagrando o corpo do batizando como templo de Deus. Que maravilha!

Construir o nosso templinho
A fim de vivenciar em profundidade essa verdade de que somos templos de Deus, podemos “construir o nosso templo para Deus”, em nosso interior, por meio de um trabalho realizado com a nossa imaginação. Com o poder de nossa imaginação, entramos em nós mesmos, e imaginamos construir ali uma igrejinha, ou uma capela, ou um pequeno santuário, ou um pequeno templo, ou uma linda sala de oração. Seria como aquele templino ou salinha que nós construiríamos para Deus, ali junto de nossa casa ou apartamento, se pudéssemos. A imaginação é rápida e poderosa. Em alguns momentos de concentração e ação, conseguiremos construir o nosso templo para Deus. Procuremos fazê-lo.
Terminada a construção do templinho, entremos nele e olhemo-lo em todos os detalhes de sua beleza, assim como foi de nossa vontade e bom gosto decorá-lo. Fixemos em nossa memória sua construção, sua beleza e dignidade, a fim de termos facilidade de ali entrar, e de sentirmo-nos muito bem toda vez que ali nós entrarmos.
Agora, entremos nele, sintamo-nos dentro dele. Em oração, peçamos a Deus que venha ali habitar para sempre. Façamos uma entrega amorosa do nosso templinho a Deus. Declaremos nossa decisão de entrar ali muitas vezes para encontrá-Lo, adorá-Lo, ouvi-Lo, sermos abençoado por Ele.
Sentindo-nos dentro do nosso templo, percebamos a real presença misteriosa e amorosa de Deus. Permaneçamos em oração, de forma particular, agradecendo essa graça bendita de Sua habitação no nosso templo vivo.
Sempre que quisermos voltar à presença de Deus, imaginemo-nos entrando no nosso templo e imaginemo-nos na presença real de Deus Pai, de Jesus e do Espírito Santo. O cultivo consciente dessa forma de encontrar o Deus-Trindade torna-se uma fonte extraordinária de espiritualidade Trinitária e de santidade de vida cristã.

Dignidade e responsabilidade
As palavras da Escritura sugerem a dignidade, mas também a responsabilidade, de sermos templos de Deus: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós”.
Nossa dignidade: o templo de Deus, que somos nós, é sagrado. Sagrado é tudo aquilo faz parte ou pertence ao “Sagrado” por excelência, que é Deus. Portanto, somos “sagrados” porque pertencemos Deus. Ele é o nosso “dono”, o nosso “Senhor”. Não nos pertencemos, não podemos fazer de nossa vida o que quisermos. Devemos viver “para Deus”, segundo seus mandamentos, ensinamentos, conselhos, orientações e proibições.
Nossa responsabilidade: adoramos, glorificamos e engrandecemos o nosso Deus-Trindade, presente no nosso templo interior, em primeiríssimo lugar quando vivemos uma vida cristã santa, no matrimônio, na família, no trabalho, na profissão, na vida social, na comunidade, no namoro, no noivado, na juventude, em toda parte e em todas as situações da vida. O templo “sagrado” que somos nós não pode ser profanado por pensamentos perversos, por desejos maldosos, por palavras torpes de toda espécie, por ações e atitudes indecorosas e maléficas, por vícios de toda sorte, enfim por toda sorte de pecados. Quem assim age, está “destruindo” o templo de Deus. E diz a Escritura: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruir”. De que modo Deus o destruirá? Se alguém vive em pecado grave, destruindo-se por uma má vida, e não se converter, Deus o destruirá, negando-lhe a vida eterna feliz e gloriosa do céu.

Embelezar o templo
Quando nascemos, o nosso interior (espírito e psíquico) estava manchado com o pecado original e suas tristes consequências. O Batismo lavou a culpa original, mas as sequelas permaneceram. Infelizmente. Essas sequelas: orgulho, inveja, vaidade, gula, preguiça espiritual, mental e física, ciúmes, tendências ao ódio, à raiva, à mágoa e vingança; erotismos de toda sorte, materialismo, impiedade etc. continuaram após o Batismo. Ora, todo o trabalho de nossa vida cristã, ajudados pelas graças divinas que nos vem de forma especial pelos sacramentos, pela ascese cristã, pela oração fervorosa e pelas boas obras, consiste em eliminar progressivamente essas sequelas do pecado das origens e em contrapartida, criarmos e cultivarmos as virtudes cristãs.
O embelezamento do nosso templo interior ocorre por graça divina e por nosso empenho cristão, nessa parceria com a Trindade. Esse embelezamento ocorre: 1º quando desenvolvemos os sete dons infusos: sabedoria, entendimento, ciência, conselho, fortaleza, piedade e santo temor de Deus. 2. Quando cultivamos os frutos do Espírito Santo: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e autodomínio. Atenção: esses são frutos ”do” Espírito... Ele é a “arvore” que os produz. Nós precisamos pedir-lhe que os produza em nós. 3. Quando cultivamos as virtudes humanas e cristãs.
Esse embelezamento é a santidade... Quanto maior a santidade, mais belo é o templo de Deus, que somos nós.

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