31 de agosto de 2012

  A VIRTUDE  DA  ALEGRIA
      CONTINUAÇÃO
A alegria é também uma virtude cristã. São Paulo exortava os cristãos de Filipos: «Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!» (Fp 4,4). Esta insistência do Apóstolo deve ajudar-nos a entender que a alegria, para um cristão, não é só um sentimento. É algo que se procura, que se busca, usando da própria força da alma, quer seja sentida quer não seja, e é a isso que se chama virtude. O mesmo Apóstolo explica noutras epístolas: «Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9,7) e aos Gálatas diz que a alegria é um fruto do Espírito Santo (Ga 5,22).
Como é que se pode transformar um sentimento (a alegria) numa virtude? Como é que se pode transformar uma ocorrência momentânea numa disposição habitual? A prática da alegria exige que se considere de um modo frequente aquilo que já possuímos e aquilo que ainda não possuímos, mas temos uma esperança firme de vir a possuir. Na prática, se consideramos com freqüência o grande amor de Deus por nós, e o nosso amor para com os irmãos, vamos consolidando as causas da alegria, e ela se tornará cada vez mais forte e profunda.
O exercício da virtude da alegria é, portanto, uma prática cristã. O cristianismo não pode ser nunca uma religião de tristeza porque isso seria identificá-lo com uma realidade má. A fé ensina-nos que já somos filhos de Deus e que ainda não se manifestou plenamente o que havemos de ser (cf. 1 Jo 3,2) mas essa esperança não engana porque o amor de Deus já foi derramado nos nossos corações (Rm 5,5). Por ser virtude, a alegria se manifesta em sorrisos, otimismo, abertura de coração, solidariedade, declarações de amor-caridade.
As virtudes são uma coroa de pérolas na qual cada uma tem sua beleza e força. E, ligadas entre si pelo fio do amor, formam uma unidade. A alegria é uma virtude sempre urgente. Se toda virtude procede de Deus e é uma participação de sua natureza, podemos nos perguntar: ‘Deus alegre?’ Lemos em Neemias: “Não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força (Ne 8,10). O amor vivido no seio da Trindade Santa é eterna alegria. Na mútua entrega e no mútuo acolhimento perpassa a alegria de existir e ser. Jesus a testemunha quando na parábola dos talentos: “Muito bem, servo bom e fiel. Vem participar de minha alegria!”(Mt 25,21).
 A alegria do Pai celeste é ver a alegria dos filhos. O que Jesus sempre pregou foi a prática do amor uns para com os outros. Ensina: “Este é meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). Este amor se constrói dentro de uma comunidade e é a alegria de viver, como lemos em Atos: “Dia após dia, unânimes, freqüentavam o templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração” (At 2,46). Esssa alegria é alimentada pelo Espírito Santo: “Os discípulos, porém, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo” (At 13,52), pois o “Reino de Deus... é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17). Jesus comunicou a alegria a seus discípulos e quer que seja uma dominante da comunidade nascente. Uma das experiências mais autênticas de Deus é o sentimento de profunda alegria que nos invade. Há uma razão: a presença de Deus em nós. Os fiéis curtem essa alegria em suas festas e na singeleza de seus relacionamentos.
Retomando o texto de Neemias “não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8,10), notamos que a alegria nos coloca acima das dificuldades da vida. Somos ungidos pelo Espírito que “nos ungiu com óleo de alegria” (Sl 45,7). O Evangelho é uma boa notícia de vida que provoca alegria. Os sofrimentos, mesmo que nos levem às lágrimas, não destroem as mil razões que temos de ter alegria. Seremos úteis ao mundo se formos instrumentos da alegria de Deus. Ela aliviará a cruz que carregamos. Alegrai-vos sempre no Senhor! (Fl 4,4).

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