27 de fevereiro de 2015

MARIA EVANGELIZADORA
            Na visita a Isabel, Maria foi evangelizadora no sentido mais completo e estrito do termo. Maria levou Jesus e o fez acontecer na vida de João Batista e de seus pais Isabel e Zacarias. Porque Maria levou Jesus, houve grandes maravilhas naquela família. Eis a evangelização: fazer Jesus acontecer!
            Maria sempre teve consciência lúcida a respeito da necessidade do ser humano conhecer Jesus, aceitá-lo como Deus, Salvador e Senhor, e fazer-se discípulo fiel do mestre.
            Em Caná  da Galileia, no milagre da transformação da  água em vinho, o acontecimento mais importante não foi o de terem tido muito vinho para beber. O mais importante foi o fato de, vendo o milagre pedido por Maria, "os discípulos acreditaram nele". Maria fez "Jesus acontecer na vida dos discípulos", pois haviam sido chamados apenas há  três dias, e não tinham ainda muita certeza de quem era aquele galileu. No milagre, Jesus aconteceu na vida dos discípulos. Foram evangelizados. Creram nele, e o seguiram com maior segurança pessoal.
            Evangelizar é fazer Jesus acontecer na vida das pessoas para que "creiam nele, o aceitem e o sigam como a um mestre". Quando Jesus acontece, tudo o demais virá  por acréscimo.
            Sem evangelização verdadeira não há  verdadeiro cristianismo, nem verdadeiro catolicismo, nem Igreja viva. Pois, sem Jesus vivo, Salvador e Senhor, como haveria cristianismo?
            Maria é, na verdade, a estrela humana maior da evangelização. Ela gerou Jesus no corpo e no coração, para dá-lo à humanidade e, em particular, a cada um de seus filhos adotados sob a cruz redentora de Jesus.

            Maria, estrela da Evangelização, fazei Jesus acontecer em nossos corações!

26 de fevereiro de 2015

JÁ NÃO SOU EU QUE VIVO

O grande apóstolo missionário, São Paulo, certo dia parou para avaliar o seu viver. Entrou no mais íntimo do seu coração a fim de tomar conhecimento de sua vida de fé, de seu relacionamento com Jesus vivo, do sentido de sua vida apostólica. Chegou a uma conclusão surpreendente, expressa nestes termos: “Já não sou eu que vivo. É Jesus Cristo que vive em mim”.
Paulo constatou que Jesus ressuscitado havia penetrado e tomado posse de todo seu ser espiritual, psicológico, emocional e operacional. Sentia que ele, Paulo, era “apenas uma casca humana”. O conteúdo de sua pessoa, o existir, o modo de viver, a hierarquia de valores de toda sua vida eram os de Jesus vivo. Ele constatou que seu modo de pensar, de querer, de falar, de julgar, de ouvir, de questionar, de trabalhar, enfim, de viver, não era mais o modo de “Paulo de Tarso”, mas o de Jesus vivo. “Já não sou eu que vivo. É Jesus Cristo que vive em mim”.
Eis o resultado do “ser cristão”. Eis o objetivo essencial, fundamental e maior do cristianismo e do catolicismo: tornar o ser humano semelhante a Jesus vivo. Internalizar nele Jesus ressuscitado. Torná-lo “um com ele”. Levá-lo a viver como “um membro vivo e apropriado ao corpo dele”. Criar uma “identidade com Jesus”, no viver, no pensar, no querer, no falar, no agir, na hierarquia de valores, enfim, no essencial do viver a vida pessoal.
Esse processo essencial da vida cristã se inicia com “um encontro pessoal profundo com Jesus ressuscitado”. Foi o que ocorreu com Paulo, no caminho de Damasco. É preciso que, embora de forma diferente e muito personalizada, ocorra o mesmo encontro com Jesus, por parte de todo aquele que quer viver a vida cristã na sua essência. Jesus precisa “ressuscitar, pular para fora da sepultura na vida da pessoa, e nela permanecer vivo”, por toda a vida. Só Jesus vivo, pelo seu Espírito, pode transformar uma vida e torná-la semelhante à sua. Um “Jesus defunto” nada poderia transformar.
Ë preciso “cristificar-se”, isto é, “ficar igual a”, “ficar como” Cristo Jesus. É preciso “conformar-se” com Jesus vivo, ou seja, “entrar na forma” (fôrma...) criada por Jesus, pelo exemplo de sua vida. É preciso “identificar-se” com Jesus, isto é, tornar-se idêntico a Jesus, em sua forma de viver.
O processo de “cristificação”, ou seja, de tornar-se como Jesus vivo, prossegue pelo cultivo de uma amizade íntima, profunda, consciente e cultivada com ele. Essa amizade deve crescer por meio de uma admiração cada dia mais apaixonada por Jesus. Essa amizade se aprofunda pelo contato direto com Jesus vivo na oração pessoal, na Santa Missa e Comunhão, na meditação e assimilação de sua vida, de suas palavras e ações, pela leitura constante e repetida dos santos Evangelhos e do Novo Testamento, pelo encontro pessoal com ele no sacramento da Confissão, na alegria de poder falar bem dele aos irmãos, e de empenhar-se em viver com seriedade a forma de vida que ele propõe.
Após longo e dedicado empenho, pela ação poderosa da graça de Deus, poderemos, talvez, chegar à conclusão feliz de podermos dizer como Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas Jesus vivo que vive em mim”. “Eu sou a casca humana, mas o cerne, o conteúdo existencial é Jesus”!



25 de fevereiro de 2015

Fontes de graças

Para decidirmo-nos a realizar uma caminhada quaresmal com “mortes e ressurreições”, e mais ainda, para conseguirmos realizá-las, necessitamos muito da graça divina, do auxílio divino. “O espírito está pronto, mas a carne é fraca”, disse Jesus, a nosso respeito. Ou como escreveu Paulo: “Muitas vezes faço o mal que eu não quero, e não consigo fazer o bem que eu quero”.
Na quaresma, de forma especial, Deus tem “suas mãos cheias de bênçãos estendidas para nós” oferecendo-nos seu auxílio, para conseguirmos realizar as mortes e as ressurreições de que precisamos e desejamos. Basta que realizemos a nossa parte nesses processos de mortes e ressurreições.
Uma fonte jorrante de graças é a meditação e a contemplação da paixão, morte e ressurreição de Jesus, nosso Salvador. A quaresma e, principalmente, a semana santa nos chamam a olhar para Jesus sofredor, morto e ressuscitado, e a perguntarmo-nos: por que tão grande e terrível sofrimento?... “Por que” e “para que” a paixão e morte de Jesus?...
Jesus foi capaz de abraçar sua paixão e morte de cruz “porque” somos pecadores, e sem a salvação conquistada por Ele estaríamos todos condenados. Mais. Jesus aceitou sua paixão e morte “para que” possamos ser perdoados de nossos pecados, reconciliados com Deus e admitidos à salvação eter-na.
Jesus sofreu por nós e para nós! Então, nesta quaresma, precisamos nos perguntar: se Jesus foi capaz de sofrer sua paixão e morte pela minha salvação, o que é que eu estou fazendo em minha vida para me apropriar dessa redenção e para alcançar a minha salvação eterna? Estou levando suficientemente a sério o processo de minha salvação eterna? E se eu viesse a me perder?... Essa reflexão levada à profundidade e a sério poderá levar-nos a grandes transformações em nossa vida cristã vivida cada dia.



24 de fevereiro de 2015

FÉ E ESPIRITUALIDADE

A vida cristã fundamenta-se sobre as verdades reveladas por Deus, acolhidas na fé. Alimenta-se pela fé nessas verdades reveladas. Manifesta-se pela espiritualidade. A espiritualidade, por sua vez, envolve e anima todas as expressões dos relacionamentos pessoais com Deus, com o próximo e consigo mesmo.
Sem a verdadeira fé no Deus vivo, não há espiritualidade cristã. E sem espiritualidade, não há genuína vida cristã. A vida cristã, aliás, se revela como um estilo de vida baseado na hierarquia dos valores revelados por Deus, e envolve todo o viver de uma pessoa humana.
A fé cristã nasce e jorra “do crer, do acreditar, do ter absoluta certeza” de que Deus existe, de que ele é Uno e Trino, de que se tornou “Emanuel”, isto é, “Deus Conosco” pela encarnação, e veio como Salvador. Essa “absoluta certeza” depositada em Deus abre as portas do coração para “acreditar e ter absoluta segurança” de que aquilo que, por meio de Jesus, Deus revelou, ensinou e propôs, é absolutamente correto e verdadeiro.
A fé se baseia na “autoridade divina”, e não em nossos conhecimentos ou lógicas. Eis a simplicidade da fé: “Jesus revelou tal verdade? Foi ele quem falou? Foi ele quem ordenou, quem declarou?... Sim!... Então posso acreditar! Posso crer! Posso aceitar, e devo viver! Creio, pois Jesus, por ser Deus, fala a verdade e não pode mentir, nem enganar ou trapacear”.
Essa fé depositada sobre a autoridade e a veracidade de Deus é que gera a verdadeira espiritualidade cristã. Por sua vez, a espiritualidade abre o coração e unge o espírito para que todo relacionamento com Deus seja real, verdadeiro, profundo e pleno de graça. Alguns exemplos.
A fé profunda na verdade da presença real de Jesus na Eucaristia produz a “espiritualidade eucarística”. Essa, induz o coração a celebrar com grande devoção, profundidade, alegria e santidade, o mistério da presença real do sacrifício de Jesus, presente em cada Santa Missa; leva a realizar com profundo amor um encontro muito pessoal com Jesus, na Comunhão eucarística. Sem fé e espiritualidade, a Santa Missa torna-se uma cerimônia vazia, rotineira, sem sentido. Com fé e espiritualidade eucarística, a Santa Missa se torna o maior tesouro para o coração, pois é o encontro de maior profundidade com o próprio Deus. Aliás, é a espiritualidade eucarística que leva à adoração, à visita a Jesus Eucarístico, bem como a todo culto eucarístico.
Outro exemplo. Porque cremos que Jesus falou a verdade quando disse: “A quem perdoardes os pecados, estes lhes serão perdoados”, é que nasce em nós a espiritualidade penitencial. Esta nos leva a celebrar o sacramento do perdão com seriedade, profundidade e santidade. Sem espiritualidade, a confissão perde seu sentido, é menosprezada. E se for realizada, o será de forma superficial e rotineira.
Ainda outro exemplo. Aquele que crê em Nossa Senhora passa a ter uma “espiritualidade mariana” que o leva a criar uma amizade com a Mãe celeste, e a ela dirigir as preces de seu coração filial.
Portanto, a fé autêntica gera a espiritualidade. Esta, dá profundo significado e valor a todos os atos de religião do culto católico.



23 de fevereiro de 2015

A FONTE DA ESPIRITUALIDADE
Falo da fonte da espiritualidade fundamental cristã, e de passagem, de diversas espiritualidades. Que é espiritualidade? Dizemos que tal Santo viveu profunda espiritualidade; que tal pessoa ou grupo tem muita espiritualidade; que tal comunidade ou congregação perdeu sua espiritualidade.
A espiritualidade é uma energia que se cria na interioridade de uma pessoa, a envolve, e gera nela uma forma característica de pensar, de agir e de viver. Gera um estilo de vida, com determinada hierarquia de valores. Por exemplo. Uma pessoa que assume, cultiva e vive a espiritualidade eucarística tem dentro de si uma força cuja fonte é Jesus eucarístico, e cujas consequências são uma vida de culto eucarístico; de busca de santidade por causa da comunhão com Jesus, uma vida de amor-caridade para com a família e o próximo, uma hierarquia de valores necessariamente evangélicos. Tudo por causa da convivência com Jesus, presente na Eucaristia,.
O termo espiritualidade vem de espírito: o Espírito Santo. Toda espiritualidade tem sua origem, sua fonte jorrante e seu dinamismo, na pessoa do Espírito Santo. Portanto, no “coração” da Trindade. Por isso, a espiritualidade fundamental, a raiz única e necessária na vida espiritual, é a espiritualidade cristã. Isto é, a espiritualidade centrada na Pessoa, na vida e na verdade revelada por Jesus. Quem a origina é o Espírito Santo. A raiz, a fonte, é Jesus ressuscitado. O resultado é a verdadeira vida cristã. Uma vida cristã vivida com radicalidade a partir do profundo do ser. Ela gera um estilo de vida cristã autêntica, uma hierarquia de valores fundamentados sobre Jesus e sua revelação, uma forma de comunicação com Deus, consigo mesmo, com o próximo e com o mundo criado, iluminada pela sabedoria do Espírito Santo. Essa é a espiritualidade necessária e imprescindível para ser cristão, para se viver a vida cristã proposta por Jesus, enfim, para ser discípulo de Jesus.
Sobre essa raiz fundamental que é a espiritualidade cristã, o Espírito Santo faz germinar, crescer e frutificar todas as outras espiritualidades, quer as universais, quer as parciais. Chamo de universais as espiritualidades que se destinam a todos os cristãos católicos, como: a trinitária, a eucarística, a bíblica, a litúrgica, a do Sagrado Coração de Jesus, a pentecostal, a mariana. As espiritualidades que chamo de parciais se destinam a uma parcela maior ou menor do povo católico. São inúmeras. Exemplifico: a franciscana, a beneditina, a tereziana, a inaciana, a redentorista, a passionista etc.
A fonte, o dinamizador e o comunicador de todas é o Espírito Santo. Sem Ele não há espiritualidade. Embora Ele possa agir secretamente sem o conhecimento de um coração, e o faz, de fato, em muitos católicos, o ideal é que este conheça o Espírito Santo e suas formas de agir, crie e cultive uma amizade profunda com Ele. Essa amizade é a certeza e a garantia de que o Espírito realizará sua obra espiritual no coração dessa pessoa.



22 de fevereiro de 2015

AS BELEZAS DO ESPÍRITO SANTO

Todos gostamos do belo. Há muitas formas de beleza. Há gostos diversos diante do belo e das variadas belezas.
Há um belo absoluto. Diante dele, todos ficam maravilhados, encantados, até extasiados. Esse belo absoluto não é fugaz. É eterno. Sua beleza não esmorece. É definitiva e irredutível. É máxima e irretocável. 
O belo absoluto, a beleza eterna, irredutível, definitiva, máxima e irretocável é Deus. Santo Agostinho teve um vislumbre da beleza divina e imortalizou sua exclamação: “Ó beleza infinita, sempre antiga e sempre nova, tarde demais te amei!” 
Deus é o belo absoluto. Suas belezas pessoais vislumbradas em seus atributos e manifestações são igualmente absolutas e irretocáveis. Deduzimos então que, sendo Deus, o Espírito Santo é beleza absoluta e irretocável.

A divindade é o belo absoluto
Ao olhar com o coração para o Espírito Santo deparamos de imediato com sua primeira, e fonte de todas as belezas: sua divindade. Ele é Divino. Ele é Deus. A divindade lhe confere a beleza máxima, absoluta, incomparável. Quem belo como Deus? Quem belo como o Espírito Santo?
Sua segunda beleza: o amor. Ele não tem amor... Ele é o amor! Sim, Ele é a soma, o resultado, a conseqüência do amor divino do Pai pelo Filho eterno, e do amor divino do Filho pelo Pai. Ele procede da conjugação dos amores do Pai e do filho. Portanto, é amor divino. Sendo divino, o seu amor confere-lhe uma beleza incomparável. Quem belo como o Amor divino? Quem tão sublime como o Amor divino? Quem tão divinamente amoroso e belo como o Espírito Santo?
Sua terceira beleza: a santidade. Seu nome é revelador: Espírito Santo. Santidade é a presença de todo o bem no grau infinito, e a ausência total de todo mal. Santo é aquele que é todo bem e todo bom; que só faz o bem e o que é bom. 
Sendo Deus, o bem encontra-se no Espírito Santo em supremo grau. Não há como acrescentar nele algo de bem e de bom, pois sua santidade é divina, portanto, de grau supremo. Quem santo como o Espírito Santo? Quem é bom como Ele? Quem faz o bem como Ele? Sua santidade confere-lhe uma beleza sem limites, sem comparação.

Santo e Santificador
Outra beleza do Espírito Santo: ser o santificador. Ele não é apenas santo. É o santificador. É aquele que comunica e gera santidade naqueles que com Ele se relacionam. Ele não retém para si sua santidade e a qualidade de ter todo o bem, e de ser todo bom. Sem perder em grau e qualidade, Ele a partilha, a infunde, a gera, a comunica e a transmite aos seus amigos. Porque Ele é santo, quer tornar santos os seres humanos criados à imagem daquele que é santo: Deus. Ele é o autor de toda santidade. Foi Ele quem santificou e santifica todos os Santos. Os fez ou os faz um pouco belos como Ele é belo. Os Santos são pessoas maravilhosas, personalidades belíssimas, porque refletem a santidade e a beleza do Espírito de Deus que é santo por excelência.
Quem pode ser santificador como o Espírito Santo? Ser santificador, transfundir santidade, confere-lhe uma beleza divina, extraordinária.
Sobre quantas outras belezas do Espírito Santo poderíamos ponderar! Sua onisciência, sua onipotência, sua paciência, sua misericórdia, sua humildade, seu silêncio, sua capacidade de ser dom, seus sete dons infusos, seus nove frutos, seus múltiplos carismas. Tudo manifesta sua divina e intrínseca beleza.
Felizes aqueles que, cultivando uma amizade profunda por meio de um relacionamento amoroso, podem contemplar, admirar, extasiar-se e glorificar a beleza infinita do Espírito Santo.



20 de fevereiro de 2015

O JEJUM AINDA TEM SENTIDO?

O  jejum – decisão temporária de não comer nada ou comer menos que o habitual – é praticado não só por motivos religiosos. É considerado pela Igreja um exercício de conversão a Deus. Fortalece o espírito e ensina que o sentido da vida não consiste apenas na satisfação dos desejos ou na busca de bens.
Em termos gerais, jejum significa não comer nada, ou comer menos que o habitual. Trata-se de uma prática comum na sociedade, seja por razões religiosas ou não. Há pessoas que fazem greve de fome por motivos políticos. Já outras mantêm rígida dieta alimentar por razões estéticas. Na Igreja católica, o jejum insere-se no contexto das práticas penitenciais, que são exercícios de conversão a Deus.
O jejum não é algo desconhecido ou rejeitado pela cultura moderna. Na história recente, ficaram famosos os jejuns praticados por Mahatma Gandhi (1869-1948). O líder político indiano jejuou em diferentes ocasiões – em algumas delas por até 21 dias – como forma de protesto contra a colonização britânica.
Além do âmbito político, onde se utiliza o termo “greve de fome”, o jejum é praticado em questões de saúde, como no caso de pessoas que não ingerem uma série de alimentos por prescrição médica. Há também o motivo estético, na busca por uma melhor aparência. E não se pode esquecer do jejum imposto pela necessidade, em situações de fome e miséria.
Na Igreja católica, o jejum é uma prática penitencial. Mas o que é a penitência? É a virtude cristã que inspira o arrependimento pelos pecados. Em sentido mais amplo, a penitência é “uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo o nosso coração” (Catecismo da Igreja Católica – CIC –, 1431).
Trata-se de um desejo de mudar de vida, “com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça”. Esta conversão interior vem acompanhada daquilo que os Padres da Igreja – grandes homens dos inícios da Igreja, aproximadamente do século II ao VII – chamavam de “compunctio cordis”, ou seja “arrependimento do coração” (CIC, 1431).
Nesse sentido, uma das expressões mais tradicionais da penitência cristã é justamente o jejum – ao lado da oração e da esmola –. Sendo assim, o jejum não se reduz apenas à questão alimentar. Jejuar é “privar-se voluntariamente do prazer dos alimentos e de outros bens materiais”, explica o Papa Bento XVI na mensagem para a Quaresma de 2009.
A Igreja estabelece como dia de penitência toda sexta-feira. Já a Quaresma, que constitui um caminho de treino espiritual mais intenso em preparação para a Páscoa, é considerada tempo de penitência. Trata-se de ocasiões especiais para jejuar, dedicar-se à oração e exercitar obras de piedade e de caridade.
A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa são os dias prescritos para o jejum e a abstinência – não comer carne.
Outro jejum indicado pela Igreja é o eucarístico. Quem vai receber a eucaristia deve se abster, pelo espaço de ao menos uma hora antes da comunhão, de qualquer comida ou bebida, exceto água ou remédios (Código de Direito Canônico, 919 § 1).
A Bíblia e a tradição cristã ensinam que o jejum é de grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que a ele induz. Por isso, na história da salvação, é frequente o convite a jejuar. O primeiro jejum foi ordenado a Adão: não comer o fruto proibido. Segundo as Escrituras, Moisés, Esdras, Elias, os habitantes de Ninive jejaram.
Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura, Deus ordena que o homem não coma o fruto proibido: “Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás” (Gn 2, 16-17).

Fonte: Aleteia

19 de fevereiro de 2015

QUARESMA - KAIRÓS
Os amores de Deus Pai, de Jesus ressuscitado e do Espírito Santo se manifestam novamente de forma especial, neste tempo quaresmal, chamando-nos à conversão e à santidade, e oferecendo-nos suas graças para que elas aconteçam.
A quaresma é um “kairós”. É um tempo forte de graças divinas, oferecidas por Deus-Trindade a todos os cristãos, e recebidas por aqueles que abrem seus corações e participam consciente e vivamente desse tempo de conversão para a santidade.
Quaresma são os quarenta dias vividos entre a quarta-feira de cinzas e o Domingo de Ramos. Ou os dias contados entre o primeiro domingo da quaresma e a Quinta-Feira Santa.
Todos nós somos chamados a fazer desse tempo um abençoado período de reflexão sobre a qualidade de nossa vida cristã: pessoal, familiar, comunitária, profissional e social, com a finalidade de “mudarmos para melhor” aquilo que não está de acordo com os mandamentos e ensinamentos de Jesus, bem como para “tornarmos” ainda melhores e mais perfeitos aqueles aspectos de nossa vida que já estão conformes aos ideais de uma vida cristã autêntica, e até santa. Portanto, dois pólos: conversão e santificação.



18 de fevereiro de 2015

Q U A R E S M A

 O Tempo da Quaresma começa na Quarta-Feira de Cinzas e se prolonga até imediatamente antes da celebração da Missa Vespertina da Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa.
  A partir da Missa Vespertina da Ceia do Senhor, que celebra a instituição da Eucaristia durante a Última Ceia de Cristo com seus Apóstolos, começa o Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor. Seu ápice é a Vigília Pascal e seu término são as vésperas do Domingo da Ressurreição.
 No domingo da Páscoa da Ressurreição, começam os cinquenta dias do Tempo Pascal, que termina no domingo do Pentecostes. O Tempo Pascal, liturgicamente, é como se fosse um único e longo dia de festa pela Ressurreição de Cristo. Seus primeiros oito dias constituem a Oitava da Páscoa: são dias de exultação, celebrados como solenidades do Senhor.


A QUARESMA
. Em 2015, a Quarta-Feira de Cinzas cai neste dia 18 de fevereiro, dando início à Quaresma.
 O Tempo Quaresmal terminará na Quinta-Feira Santa, em 2 de abril, logo antes do início da Missa Vespertina da Ceia do Senhor. 
. A Quaresma dura seis semanas, que se dividem em três etapas:

·         Os dois primeiros domingos falam das tentações e da transfiguração de Jesus;
·         Os três domingos seguintes abordam aspectos do batismo: no ciclo litúrgico A, por exemplo, fala-se da samaritana (água), do cego (luz) e de Lázaro (vida);
·         E o sexto domingo, que é o Domingo de Ramos ou da Paixão, dá início à Semana Santa.
 . O Concílio Vaticano II acentuou o caráter batismal e penitencial da Quaresma. A liturgia desse tempo deve nos preparar para a celebração do Mistério Pascal, por meio da recordação do batismo e através das práticas do arrependimento dos nossos pecados e da conversão a uma vida nova em Cristo Ressuscitado.

 . A liturgia da Quaresma se caracteriza pela ausência do aleluia, pela austeridade na celebração, pela cor roxa dos paramentos do sacerdote, pela via crúcis, pela confissão sacramental em preparação para a Páscoa, entre outros elementos que destacam a importância da nossa

. Embora a cor litúrgica do tempo da Quaresma seja o roxo, pode ser usada a cor rósea no Quarto Domingo da Quaresma, que, neste ano, vai cair em 15 de março. Esse é o domingo do “Laetare” (que se pronuncia “letáre” e significa “alegra-te”, em latim). É o domingo que marca a superação de metade da Quaresma e recorda que a Páscoa da Ressurreição já está mais próxima, renovando a nossa alegria cristã mesmo em meio a um período de penitência e conversão.
 . A mensagem do papa Francisco para a Quaresma de 2015 é um convite à nossa renovação como católicos. Ele nos explica que a Quaresma é um "tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis; a Quaresma é, sobretudo, um 'tempo favorável' de graça (cf. 2 Cor 6, 2)". Para favorecer essa renovação, o papa Francisco propõe três textos para a nossa meditação:
·         "Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros" (1 Cor 12, 26): sobre a Igreja.
·         "Onde está o teu irmão?" (Gn 4, 9): sobre as paróquias e as comunidades.
·         "Fortalecei os vossos corações" (Tg 5, 8): sobre cada um dos fiéis.


17 de fevereiro de 2015

QUARESMA: 
MORTES E RESSURREIÇÕES

O tempo quaresmal é uma caminhada em direção à Páscoa da Ressurreição de Jesus e de nossas ressurreições pessoais. Podemos sintetizar essa caminhada em duas palavras: mortes e ressurreições.

Mortes.

Fazer morrer, crucificar, eliminar, extinguir em nós tudo aquilo que ainda é pecado, vício, tendências negativas como: orgulhos, egoísmos, invejas, vaidades, ódios, ressentimentos, mágoas, sensualidades, erotismos, materialismos, preguiças espirituais, infidelidades, corrupções etc. O trabalho de conversão consiste exatamente em extirpar, eliminar, “fazer morrer” todo o mal que ainda exista em nós, para vivermos uma vida cristã mais santa e ressuscitada.

Ressurreições.


Avivarmos em nós, e tornarmos mais fortes e dinâmicas em nós, as virtudes, as boas qualidades, os nossos bons propósitos de vida, o crescimento de nosso relacionamento com Deus, a vivência de nossa fé e de nosso culto religioso, uma vida matrimonial e familiar de muito melhor qualidade em amor e em convivência, nosso testemunho cristão na profissão, no trabalho, na comunidade, na sociedade. De fato, o objetivo maior da quaresma é levar-nos a muitas ressurreições.

16 de fevereiro de 2015

CORAÇÃO CURADO:
SAÚDE E FELICIDADE
Seu coração emocional já deve ter sido ferido. Talvez esteja ferido agora. E poderá sê-lo ainda muitas vezes, antes do fim de seus dias. Infelizmente!
Você já ouviu expressões como estas: “Papai me feriu muito quando traiu mamãe!” “Você me feriu (magoou, ofendeu...) quando me tratou daquela forma!!” “Estou muito ferido (magoado, ofendido...) por causa do que falaram de mim!” Quem foi ferido? O coração emocional da pessoa. O que aconteceu com esse coração? Foi ferido, ofendido, magoado. Foi-lhe feito uma ferida. Não uma lesão física, é claro. Foi-lhe causado um impacto doloroso, uma marca emocional dolorosa, uma experiência de desamor sofrido.
As feridas do coração são muito dolorosas. Você sabe, com certeza, com são dolorosas as feridas do coração de uma esposa traída pelo marido. Como são dolorosas as feridas de um pai humilhado pelo filho. As de uma namorada enganado pelo namorado. As de um amigo fiel traído por ele. As feridas de uma mãe decepcionada com a droga do filho. Na verdade, todas as feridas do coração são dolorosas.
As feridas de seu coração podem ter sido feitas por seu pai, por sua mãe, por um irmão de sangue, por parentes, por namorados, por professores, amigos, colegas de escola, colegas de trabalho, ou por superiores, no trabalho. Enfim, por alguém que o tratou com desamor, de forma injusta e dolorosa.
Como se pode curar as feridas do coração? E como eliminar todas as suas desagradáveis e dolorosas conseqüências espirituais, psicológicas, emocionais, físicas e familiares?

A pomada de Jesus
A melhor terapia, a melhor pomada, o melhor remédio é o ensinado pelo divino médico e psiquiatra, Jesus Cristo vivo. Ele cura rápida, profunda e facilmente qualquer ferida. A pomada, a terapia de Jesus chama-se perdão! Exatamente isto: perdão! O perdão repetido 70X7, como ensinou o divino médico. Aliás, a repetição do perdão é o segredo do sucesso na cura do coração. Pergunto: “Se você sofreu um corte na coxa e quer curá-lo, quantos curativos faz? Já sei sua resposta: “Até ficar curado!” Exato. Se for preciso, você repete o curativo dez, quinze, vinte vezes... até sarar. Exatamente isto é o 70X7... repetir o perdão até que sua ferida fique curada e as dores: a mágoa, a raiva, o ódio, a tristeza, desapareçam. Até você sentir-se muito bem. Até sentir que as emoções dolorosas desapareceram por completo.
Você precisaria procurar a pessoa que feriu seu coração e falar com ela, repetindo o perdão 70X7? Não. Para curar-se, você procura um lugar silencioso como: seu quarto, uma sala, seu escritório, uma igreja. Concentra-se e ora por uns instantes. Após, você traz pela imaginação a pessoa que feriu seu coração, fala com ela, se possível em voz audível, e perdoa-a, ofensa por ofensa, detalhadamente. Fale muito as expressões: “eu te perdôo... eu te perdôo de todo coração... eu te perdôo por todo mal que me fizeste... eu te perdôo por todo sofrimento que me causaste”. Repita essa oração todos os dias, 70X7. Experimente. Persevere. Verá os efeitos surgirem muito mais depressa do que imagina. Sentirá seu coração curado.
Se você tiver muita necessidade de curar seu coração e para isso precisar aprofundar melhor esses conhecimentos, procure o livrinho: “Oração de Amorização: A cura do Coração”.



13 de fevereiro de 2015

AS CARÊNCIAS AFETIVAS

Que são as carências afetivas?
As carências afetivas são aquele vazio que ficou no coração de uma pessoa por não ter recebido bastante amor afetivo no decurso de sua vida. É um vazio de amor. É uma carência de amor. É uma falta de amor. A carência afetiva é como uma fome. É uma fome de amor. Por exemplo: um jovem tem vinte anos de idade, mas seu coração pode ter apenas treze anos. Uma jovem pode ter 25 anos, mas seu coração pode ter apenas 12 ou 15 anos, porque não recebeu bastante amor na caminhada de sua vida, em família. Porque a pessoa não recebeu bastante amor, criou-se esse vazio no coração. A este vazio damos o nome de carência afetiva. As carências afetivas podem gerar uma série de problemas na caminhada da vida de uma pessoa, como também na vida de um casal.
As carências afetivas podem ser um problema importante no matrimônio. Elas também podem criar muitos problemas no relacionamento humano familiar. Encontramos filhos muito rebeldes com o pai e com a mãe. Essa rebeldia pode ser causada pelas carências afetivas. Eles esperam receber muito amor do pai e da mãe, mas porque não o recebem, sentem um vazio profundo e, inconscientemente, reclamam, pedem e exigem o amor esperado, manifestando-se sob forma de queixas, de desobediências, de rebeliões, de desgosto e de críticas constantes dentro da família. Seu comportamento tem jeito de vingança contra os pais, exatamente por não receberem o amor que esperam receber.
Da mesma forma, as carências afetivas também criam muitos problemas no casal. O marido e a esposa carentes, não casaram “para amar”, mas para “serem amados”. Seus corações carentes esperam só receber, receber muito amor do cônjuge. Quando o cônjuge não lhe dá tanto amor quanto o esperado, sem se dar conta, começa a fazer exigências, reclamações, críticas, chantagens, até por bobagens e ninharias. As discussões acontecem por qualquer coisa. As cobranças se sucedem cada dia mais. Com isso, decaem as manifestações afetivas, agravando ainda mais o problema. Muitíssimos casais jovens entram em crise matrimonial muito depressa, e tantos chegam a separações, exatamente por causa das carências afetivas e de suas manifestações.
As carências afetivas de um casal podem ter vindo de sua infância, meninice, adolescência ou juventude. Ou porque viveram numa família muito numerosa, com muitos irmãos, onde os pais precisavam trabalhar muito, e por isso não tiveram tempo de se dedicar ao amor afetivo para com os filhos; ou porque em sua família não havia o hábito da comunicação afetiva, amorosa, carinhosa; ou porque, talvez, houve graves problemas de relacionamento entre os pais. Por essa falta de amor em família, pode ter ocorrido que um marido ou uma esposa, ou ambos, não tenham recebido bastante amor afetivo, tornaram-se carentes, e essas carências afetivas acabaram entrando no casamento, criando, depois, muitos problemas matrimonias e familiares.
É muito importante, portanto, amadurecer o coração no amor, como também, curar as carências afetivas. Saibam que, tanto o amadurecimento afetivo, como a cura das carências afetivas, acontecem exatamente na troca, no intercâmbio de amor afetivo entre marido e mulher, e entre pais e filhos.



12 de fevereiro de 2015

AMOR AFETIVO 
EM FAMÍLIA

O ser humano foi criado para ser amor. Mas ao ser concebido, ao ser gerado no seio materno e ao nascer, ele ainda não é amor maduro, adulto. Diria que ele é amor em potência. Mas necessita tornar-se amor adulto. Para tornar-se adulto, o caminho é longo. É preciso que seja concebido em amor, que receba muito amor nos nove meses de gestação, que receba muito amor ao nascer, bem como nos primeiros meses, nos primeiros anos, na adolescência e na juventude. É recebendo muito amor durante muitos anos que o ser humano chega a ser adulto no amor, maduro no coração.
Percebe-se como é importante que os casais jovens, quando pensam em ter um filho, procurem inteligentemente criar o melhor clima possível de amor como preparação para uma gravidez feliz. Suas relações sexuais realizadas com a finalidade de gerar um filho devem ser feitas em profundo clima de amor. Por que? Porque o ser humano, ao ser concebido, já percebe se foi concebido numa ato de amor ou numa relação sem amor, ou até se foi concebido numa ato violento. Ao ser concebida, a criança já percebe se vai ser bem acolhida ou não. Percebe pela qualidade do ato sexual pelo qual foi gerada.
É importantíssimo que a criança seja concebida em clima de amor. E que nos nove meses em que ela vive no seio materno, receba muito amor da mãe, do pai, dos irmãozinhos, do vovô, da vovó, bem como de todas as pessoas que estejam ao seu derredor. É muito importante que no parto tudo seja realizado com amor. Que o médico que assiste à mãe, que a parteira que acompanha o parto, façam tudo com muito amor. Que o pai da criança possivelmente esteja próximo para acompanhar tudo com muito amor. Que logo após o nascimento, a criança comece a sentir que tudo está sendo feito com muito amor. Que quando a mãe vai amamentá-la, o faça sempre com muita atenção e muito amor. É importante que o pai se faça muito presente junto da criança para olhá-la com amor, abraçá-la com amor, tocá-la com amor, sorrir para ela com amor.
É preciso também ter muito cuidado para que quando a criança venha a chorar, a chorar muito, principalmente à noite, que jamais se chegue a olhá-la com raiva, a xingá-la, a ameaçá-la com gestos ameaçadores, como para nela bater. É preciso lembrar que se a criança está chorando é porque está sofrendo por alguma razão e está pedindo socorro. Ora, se ela está sofrendo por alguma razão e por isso está chorando, ao sentir-se ameaçada ou olhada com raiva, seu coraçãozinho interpreta como uma profunda rejeição de amor. Pode ficar marcada por essa rejeição.



11 de fevereiro de 2015

AMOR AFETIVO: 
UM TESOURO
Uma das mais belas realidades vividas por você, jovem, é sua vida afetiva. Todo jovem sente dentro de si a presença e a força de sua afetividade. Afetividade em ebulição. Em erupção. Querendo expandir-se e sair por todos os poros. Ao mesmo tempo, há uma fome e sede de afeto, quase insaciáveis. 
Na verdade, afetividade é amor. É o amor afetivo. É o amor que quer expandir-se sob mil formas e expressões afetivas. Confunde-se, às vezes, com as paixões. Ou mistura-se com elas. Mas a afetividade é sempre amor. E o amor é o ingrediente mais presente, mais necessário e mais importante para a sua vida de jovem. Por isso mesmo é importante que você conheça, assuma e conduza com inteligência e sabedoria sua vida afetiva. 
O amor afetivo não deve ser entendido apenas como inclinação amorosa para pessoas de outro sexo. O amor afetivo é uma forma maravilhosa de amar, com expressões de afeto, aos pais, aos irmãos, aos familiares, aos amigos e a toda as pessoas que entram em seu círculo de amizades.
A vida afetiva é sempre um processo. Processo que deveria iniciar-se na concepção do ser humano, ocorrida por um ato conjugal de profundo amor dos pais. Processo que deve continuar na infância, meninice, adolescência, penetrando na juventude. Processo que ocorre quando se recebe muito amor dos pais, dos familiares, dos professores, da igreja, da sociedade. À medida que a pessoa recebe amor, seu coração afetivo cresce, desenvolve-se, amadurece. Se não recebe amor afetivo abundante, a pessoa acumula carências afetivas. Estas sempre deixam conseqüências negativas, criam problemas e sofrimentos para o jovem. 
Com certeza você entendeu como é importante receber amor afetivo. Recebê-lo de seus pais, dos familiares, dos amigos, da comunidade onde vive, do namorado ou namorada. Aliás, também é importante dar afeto. Dar amor afetivo a todos os que podem recebê-lo legitimamente. E retribuir aos que tomam a iniciativa de lhe oferecer o seu afeto deles.
O lugar ideal, diário e permanente de você receber e dar amor afetivo é sua família. Por causa dos laços de sangue que unem as pessoas na família, criam-se naturalmente tanto a necessidade como a oportunidade de você poder expandir seu afeto e, ao mesmo atempo, acolher aquele que lhe é dado. Esse jogo de dar e receber afeto dentro do lar é uma riqueza inestimável para seu coração jovem. Recebendo muito afeto você amadurece sempre mais e equilibra sua afetividade. Ao mesmo tempo, vai aprendendo a amar afetivamente.
Amar e ser amado afetivamente é uma fonte de muita satisfação e realização pessoal que vai formando uma personalidade movida a amor. Só o amor faz você feliz!



10 de fevereiro de 2015

A EXPERIÊNCIA DE SER FILHO
Sentir-se filho-filha, ter presente no coração a vivência profunda do amor recebido de uma mãe e de um pai, é uma das experiências mais maravilhosas e importantes para o ser humano.
Leonarda nasceu de mãe solteira. Com três dias foi assumida por uma tia para ser criada. Nunca conheceu sua mãe, nem seu pai. A tia, mesmo procurando cuidar dela da melhor forma, não pôde lhe dar todo afeto, carinho e presença amorosa que Leonarda precisava para amadurecer afetivamente e superar o trauma da rejeição e da ausência da mãe. Jovem, bela, inteligente, já ao final do segundo grau, um dia ela disse às amigas: “Vocês se queixam dos pais, brigam com eles por causa de coisas banais! Eu daria tudo, tudo, para ter a experiência que vocês podem ter, e que eu jamais poderei fazer: sentir-me filha, experimentar o afeto, o colo, o beijo de uma mãe e de um pai. Se vocês sentissem o vazio que eu sinto, a ausência que eu experimento, vocês não perderiam uma oportunidade sequer de curtir o amor da mãe e do pai. E vocês não ficariam se queixando deles por bobeiras”.
A experiência de ser filho-filha, de sentir-se filho-filha, de curtir o afeto, a presença e a amizade de um pai e de uma mãe é a experiência humana mais preciosa e edificante que pode existir.
Aquilo que o coração da criança, do adolescente ou do jovem mais necessita e deseja, mais o satisfaz e torna feliz, é o amor paterno e materno, é a experiência de sentir-se filho muito amado ou filha muito querida.
É preciso descobrir no porta-joias do seu coração esta pérola preciosíssima: a experiência maravilhosa de ser e sentir-se filho muito amado ou filha muito querida. Talvez essa joia preciosa esteja muito esquecida por você! Talvez você nem percebeu que a possui, e por isto sente-se “pobre, carente”, quando na verdade você possui o tesouro!
É preciso valorizar o grande tesouro da vida, da presença, da amizade, do diálogo, do afeto, da bondade, da beleza, da convivência com seus pais. Repito aquilo que um dia ouvi: ”Você só perceberá todo o imenso valor de seus pais quando eles vieram a faltar” É verdade!
Sejam como forem seus pais, deixe-se amar por eles, ame-os, curta-os enquanto puder, aproprie-se do tesouro de suas vidas comunicadas a você pelo amor, valorize-os, e não perca uma única chance de fazê-los felizes. Você jamais se arrependerá do amor que tiver recebido e tiver dado a seus pais. Se você fizer este jogo do “deixar-se amar e do amar” a seus pais, seu coração irá lhe agradecer por toda vida, e até na eternidade.

9 de fevereiro de 2015

A CURA DAS CARÊNCIAS AFEETIVAS
O trabalho de amadurecimento no amor e de cura das carências afetivas é particularmente muito importante. É muito importante exatamente para que a vida matrimonial possa ser vivida num clima de muito amor afetivo. Essa cura vai acontecendo à medida que marido e mulher, bem como pais e filhos, tenham hábitos afetivos, tenham muitas comunicações afetivas. Aliás, essa troca de amor em família é a melhor forma de curar carências, e de o casal chegar à maturidade do coração.
Saibam que a cura das carências afetivas só acontece por meio de muito amor afetivo dado e recebido. Eu diria, essa fome de amor só é curada por meio de pratos cheios de amor afetivo, comidos todos os dias. Quando um marido oferece muito amor afetivo para a esposa e para os filhos, e deles também recebe uma resposta de muito amor, todos eles estão se alimentando afetivamente, e com isso, as carências afetivas são curadas, e todos amadurecem sempre mais no amor. É exatamente por esse diálogo de amor, por esse jogo de dar e de receber amor é que tanto o marido como sua esposa chegam á maturidade do coração.
Se uma esposa trouxe para dentro do casamento imaturidades ou até profundas carências afetivas, a forma ideal de curar-se está exatamente em dar muito do seu amor ao marido, aos filhos, aos genros, nora e netos, e ao mesmo tempo, em se deixar amar por eles.
Estou insistindo neste aspecto de “deixar-se amar” porque, principalmente os homens, muitas vezes, não se deixam amar afetivamente. Muitos não se deixam amar afetivamente porque são tão carentes que se sentem mal, ficam sem graça, quando a esposa ou os filhos querem amá-los afetivamente. Quantas queixas tenho ouvido de jovens que dizem: "Eu nunca posso dar um abraço ou um beijo em meu pai. Ele não aceita". Quantas esposas se queixou dizendo: "Quando eu procuro fazer um carinho no meu marido, ele se afasta, e até fica irritado”. Esses homens precisam deixar-se amar por suas esposas e seus filhos. Precisam prestar atenção para essa realidade tão importante de permitir que as pessoas de suas famílias os amem afetivamente. Que esses maridos permitam que sua esposas se manifestem até prolongadamente com manifestações afetivas. Precisam se dar conta que isso é ótimo para eles. Alguém poderia dizer: “Mas eu já cheguei à maturidade e não necessito de afeto”! Se fosse verdade que essa pessoa tivesse chegado à maturidade, ela se sentiria muito feliz e gratificada por poder acolher o amor que alguém quer lhe oferecer. Quando um coração chega à maturidade do amor, torna-se muito mais sensível, tanto em dar amor, em gostar de amar, em sentir satisfação de oferecer do seu amor, como também torna-se muito sensível para acolher o amor que lhe é dado.
Se alguém do sexo masculino percebe que não se sente muito bem quando a esposa ou os filhos querem abraçá-lo, beijá-lo, deve perguntar-se: “Por que eu me sinto assim? O que é que está acontecendo comigo”? A resposta mais provável é que ele tenha muitas carências afetivas, e portanto, precisa curá-las, deixando-se amar.
Com as mulheres, esse problema é mais fácil de ser solucionado, porque elas, por própria natureza, são muito mais “coração”. Se uma esposa e mãe tem dificuldade de se deixar amar, quase sempre não é por imaturidades e carências, mas muito mais por causa de sofrimentos do desamor recebido, por causa das feridas dos seus corações, feridas abertas por seu marido ou por seus filhos. Nas mulheres, as imaturidades e as carências afetivas abrem ainda mais seus corações para acolher o amor que lhes é oferecido.
Como é importante o jogo do amor afetivo entre marido e mulher! Como é benéfico esse intercâmbio de amor! Como é saudável o diálogo permanente e constante de amor afetivo entre o casal! É essa troca de amor, é essa vida afetiva cultivada inteligentemente que dá sabor, que comunica tempero à vida matrimonial. É o amor afetivo quem engrossa cada vez mais os laços de amor entre marido e mulher. Além disso, é essa troca de amor que amadurece as imaturidades e cura as carências afetivas levando os corações dos esposos à maturidade. Quanto mais alguém amadurece, quanto mais consegue dar amor, tanto mais se desenvolve sua capacidade de amar. Quanto maior a capacidade de amar, mais o ser humano se realiza e se torna feliz.



6 de fevereiro de 2015

A ATRAÇÃO INTER - SEXUAL

Você já se perguntou por que sente uma agradável e interessante atração por pessoas do sexo oposto? Já analisou por que seu coração presta uma atenção particular à pessoa de outro sexo? Por que você sente um prazer particular quando está perto de pessoas de sua idade, de outro sexo? De onde veio essa atração? Para que ela existe?
A resposta poderia ser: é natural, é próprio da natureza humana. É verdade. Mas por que a natureza age e reage dessa forma? Quem colocou isto na natureza? Para quê?
O Pai celeste, criador de todas as coisas e do próprio ser humano, quis dar ao homem e à mulher uma parcela de seu poder criador, ou seja, a capacidade de gerar vida, de procriar, de multiplicar a espécie humana. Aliás, essa é a obra mais maravilhosa que o ser humano pode realizar: gerar um filho. Deus quis que essa geração humana se desse por uma ligação profunda de amor, entre um homem e uma mulher. Para que esta união se realize, o Pai celeste infundiu maravilhosamente o interesse pelo sexo oposto, a mútua e agradável atração entre homem e mulher.
A mútua atração está dentro de um projeto divino maravilhoso. Podemos ver este projeto da seguinte maneira: 1º Deus Pai criador estabeleceu como procriadores o homem e a mulher. 2º Para a procriação, o Pai criou os sexos: masculino e feminino, o homem e a mulher. 3º Para que o homem e a mulher pudessem gerar vida, o Pai criou a genitalidade: os órgãos genitais masculinos e femininos. 4º Para que o homem e a mulher procurassem unir-se, formar casal, criar laços de amor, formar família, o Pai infundiu a mútua atração e o mútuo interesse. 5º Para que o casal goste de se unir sexual e genitalmente, o Pai infundiu, no uso dos órgãos genitais, um forte, gratificante e característico prazer.
Nessa comunhão de amor expressa pela união sexual e genital está a fonte da vida. Que maravilha! Tudo, portanto, em função da procriação. Se não fosse para a procriação, não haveria homem e mulher, mas um ser humano neutro. Não haveria órgãos genitais com seu prazer característico. Não haveria mútua atração.
Refletindo com profundidade, analisando muito bem a realidade da atração mútua entre homem e mulher, percebemos como é grande e importante este dom divino. E como é sábia a criação do Pai celeste.
À primeira vista poderia parecer que o interesse de homem por mulher, e vice-versa, seria apenas por causa do interesse sexual e do prazer da comunicação sexual genital. Uma reflexão e análise, porém, mostram que a atração mútua vai muito além do simples interesse sexual. Há algo mais profundo. Penetra no projeto divino e no mistério maravilhoso da procriação. Como, aliás, foi mostrado acima.
É importante que você, jovem, tenha muita clareza a respeito dessa realidade tão viva, tão maravilhosa e tão presente em seu coração. É um tesouro dado por Deus Pai. Um tesouro que deve ser muito bem conhecido, valorizado e direcionado por você. Sempre que sentir esta maravilha palpitar em seu coração, lembre-se da grandeza do plano divino da procriação que existe em você. Lembre-se que esta mútua atração é um chamado para um dia unir-se a outra pessoa de outro sexo, para formar ninho de amor, e para gerar vida humana: filhos seus, e filhos para Deus.





5 de fevereiro de 2015


O amor é a essência da vida.
Quanto maior o amor, mais vida, mais vitalidade, mais realização e mais felicidade.
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Ora, Deus é amor (1Jo 4,8.16). Se Deus é amor e nós fomos criados à sua imagem e semelhança, então fomos criados “para sermos amor”. Não apenas para “termos” amor, mas para “sermos” amor. Personificações do amor.
Essa é uma verdade existencial da maior significação e importância para o ser humano, para sua realização e felicidade. Essa verdade diz que se a pessoa humana chega a “ser amor adulto”, que se chega a se realizar no amor, ela se realiza na vida, ela encontra a felicidade pessoal. Mas se o ser humano não se realiza no amor, se não chega a “ser amor adulto”, também não se realizará e não será feliz. O que realiza e faz o coração sentir-se feliz é o amor.
O segredo da verdadeira realização humana está na vivência de um amor consciente, adulto, cultivado, oblativo para o outro e acolhedor do amor do outro, em relação a si próprio (amar-se plenamente!) em relação à família de origem e àquela constituída por matrimônio, em relação ao próximo e em relação a Deus. Aquele que chega a viver esse amor de forma amadurecida e adulta encontra a verdadeira realização pessoal. Mesmo que no caminho de sua vida encontre barreiras, dificuldades e problemas de toda sorte, ele se realiza e vive a felicidade do coração.
O amor é a essência do coração humano. O coração se sente realizado e feliz quando ama e se sente amado.
A faculdade humana mais importante é a do amor. Desenvolver essa faculdade é abrir caminho para a realização pessoal e a felicidade.

4 de fevereiro de 2015

Décimo Mandamento:
 ”Não cobiçar os bens alheios”.

Não cobiçar as coisas alheias (Ex 20,17)

Também este mandamento tem como suporte a regra do amor. Quem ama o próximo como a um irmão, não quererá apropriar-se dos seus bens: eis a mística deste mandamento. Porque o coração humano é desejoso de possuir e de se apropriar desordenada e até injustamente dos bens materiais, o Pai celeste exorta seus filhos a que tenham cuidado e saibam vencer a tentação da cobiça, do desejo desordenado de se apropriar dos bens alheios. Jesus disse: “Onde está o teu tesouro, aí estará o teu coração”(Mt 6,21).
Dentro do coração humano existe a tentação do possuir os bens materiais. É uma tentação tão forte que é capaz de dominar a vontade das pessoas, que passam a ser escravas dessa tendência, e capazes de usar todos os expedientes para se apropriar dos bens alheios. Não é uma tentação ausente nos ricos. Pelo contrário, aqueles que possuem muitos bens, querem tê-los sempre mais.
Este mandamento denuncia: a ambição desregrada de bens materiais, a inveja por causa dos bens alheios, o apego desordenado a posses materiais, as negociatas e jogadas de toda espécie para enriquecer-se ou possuir desonestamente.
       Este mandamento proíbe a ambição desregrada, nascida da paixão imoderada das riquezas e de seu poder. A inveja é a tristeza sentida diante do bem de outrem, e o desejo imoderado de dele se apropriar é um vício capital. O batizado combate a inveja pela benevolência, a humildade e abandono nas mãos da Providencia divina. Os fiéis de Cristo "crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências" (Gl 5,24); são conduzidos pelo Espírito e seguem seus desejos. O desapego das riquezas é necessário para entrar no Reino dos Céus. "Bem-aventurados os pobres de coração ".Eis o verdadeiro desejo do homem: "Quero ver a Deus". A sede de Deus é saciada pela água da Vida Eterna.