29 de agosto de 2014

A  VIRTUDE  DA  MANSIDÃO
            A virtude da mansidão também é filha do amor-caridade. Porque a pessoa vive a experiência de sentir-se amada pelo Deus-Trindade e pelos irmãos, e de sentir-se amando-os com alegria e felicidade, naturalmente ela se torna uma pessoa mansa.
             A mansidão é uma energia psicológica e espiritual presente no psiquismo da pessoa, que faz com que ela tenha naturalmente um controle espontâneo sobre suas emoções e sentimentos, no tratamento com as pessoas e com os acontecimentos, e seja capaz de manter-se tranqüila, serena, calma, sem ansiedades ou estresse, relacionando-se e interagindo com serenidade e paz de espírito.
       A mansidão do coração faz com que a pessoa,  ao se relacionar com os outros, não seja agressiva, compulsiva, agitada, estressada, ofendendo, ferindo, agredindo o próximo. Ao mesmo tempo ela tem a capacidade de não se deixar ferir, ofender com facilidade. Imaginemos uma almofada fofa coberta de veludo. Se lhe dermos um soco, ela não nos machuca e nem se ofende. Ela permanece a mesma, fofinha como antes. Assim é o coração manso: não ofende e nem se deixa ofender com facilidade.
Pensemos num boi manso, num cavalo manso, num cordeiro manso. Podemos lidar com eles com facilidade e sem medo, pois eles não tem reações agressivas. Assim é a pessoa mansa.
             A mansidão tem muito a ver com bondade e humildade. Porque o coração é bom, trata as pessoas com mansidão, evitando por todos os meios de ofender, magoar, ferir, fazer sofrer.
             Para haver um clima interior de mansidão é preciso que esse coração não seja possuído de mágoas, raivas, ódios, vinganças, ressentimentos. Essas emoções feridas geram sempre um comportamento agressivo e impaciente. Portanto, para haver mansidão é preciso que esses sentimentos de desamor sejam eliminados por meio do perdão assumido e repetido muitas vezes. O perdão tem poder de curar as feridas do coração e de eliminar esses sentimentos de desamor.
        A palavra mansidão transmite o sentido de brandura, de ternura. Uma pessoa mansa transmite paz e segurança, porque acomodou a agitação do dia a dia, e porque  venceu a ira.
A mansidão não é uma qualidade com a qual se nasce. Para se possuir essa virtude é preciso: conhecê-la e desejá-la ardentemente; purificar o coração de todo sentimento de desamor, como foi citado acima; pedi-la ao Espírito Santo; e cultivá-la conscientemente dentro de si.  A mansidão está incluída entre os frutos do Espírito Santo. Por isso, se almejamos ser mansos, devemos entender que mansidão precisa de um cultivo espiritual, que sempre leva à harmonia e não à discórdia.
O que não é mansidão. A mansidão não é “morosidade”, não está ligada a ser lento e demorado, a não ter iniciativa, a aceitar tudo do jeito que está para não se irar. Não é isso. Uma pessoa mansa vive muito mais com qualidade de vida do que uma pessoa iracunda, agitada, amargurada, porque administra melhor as situações difíceis. Portanto, quando pensamos em alguém manso, lancemos fora da nossa mente a idéia de que manso é alguém inerte, sem vida, passivo, que não tem direção, que não está apto para reivindicar os seus direitos. Mansidão não está ligada a nada disso.
Mansidão também não é “timidez”. Não podemos pensar que uma pessoa mansa seja alguém tímido. O manso é naturalmente uma pessoa calma e tranqüila, mas segura de si e de suas emoções.
Uma pessoa mansa não é alguém “frio e calculista”, mas sim, alguém que mesmo calada, analisa o que está acontecendo de errado ao seu redor e consegue reverter o quadro, porque não age na impulsividade das emoções. Sabe tomar decisões precisas.
Jesus Cristo é nosso maior exemplo de mansidão. Se seguirmos seus exemplos seremos pessoas mansas para agradar ao Pai e colher êxito em todas as áreas da nossa vida.  Jesus convidou a todos para virem a Ele, pois Ele é manso e humilde de coração. “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” (Mateus 11:28,29).
 Os mansos são pessoas que sofrem com paciência as perseguições injustas. Nas adversidades, os mansos mantêm o ânimo sereno, humilde e firme, e não se deixam levar pela ira ou pelo abatimento. A virtude da mansidão é muito necessária para a vida cristã. Normalmente, as frequentes manifestações externas de irritabilidade procedem da falta de humildade e de paz interior.
A virtude da mansidão parece fadada ao esquecimento e desprezo, já que não se vê como se pode coadunar com o homem moderno e competitivo. É preciso um profundo senso cristão para compreender que a mansidão não é “a fraqueza de caráter que dissimula, alguém que manifesta debaixo de um exterior adocicado um profundo ressentimento. A mansidão é uma virtude interna que reside ao mesmo tempo na vontade e na sensibilidade, para lá fazer reinar a serenidade e a paz, mas que se manifesta exteriormente, nas palavras e nos gestos, por maneiras afáveis.
A mansidão, como virtude, não se confunde com a inércia e a omissão. Faz a pessoa atuar e não ser vingativa, compreendendo os limites dos outros e cooperando com sua superação, com atitude de quem aceita o outro e tudo faz para o seu bem. Eis o que diz São Francisco de Sales, mestre e modelo da mansidão: "A humilde mansidão é a virtude das virtudes que Deus tanto nos recomendou. É necessário praticá-la sempre e em toda parte".  
A mansidão deve ser praticada especialmente com os pobres, os quais normalmente, por causa da sua pobreza, são tratados asperamente pelos homens. Deve-se ainda usar da mansidão particularmente com os doentes que se encontram aflitos e, as mais das vezes, recebem pouco cuidado dos outros. Devemos exercer a mansidão principalmente com os inimigos. É preciso “vencer o mal com o bem", isto é, o ódio com o amor, a perseguição com a mansidão. Assim fizeram os santos que por esse meio conseguiram o afeto de seus maiores inimigos.
Uma pessoa emocionalmente ajustada, amadurecida, é também aquela que aprende a conviver com o inesperado, com as circunstâncias diante das quais nós não temos nenhum tipo de controle. Por isso mesmo, é que presenciamos a violência muitas vezes no trânsito, no trabalho, na família. A falta de mansidão, a falta de domínio próprio, a falta de controle, leva muitas pessoas a agirem de forma violenta.
A mansidão revela o ser tranqüilo, não-passivo, e que tem auto-controle. Por isso a Bíblia é muito clara: “os mansos herdarão a terra”. Isso quer dizer que  viverão mais, e sofrerão menos, terão menos motivos para a ansiedade, e por conseguinte, serão menos agressivos e menos violentos. Os mansos aprendem a ver a vida, as coisas, as pessoas com mais praticidade, sob uma ótica diferente, por isso até a sua maneira de falar passa a ser também diferente, com brandura e mel, ao invés de violência e fel.


28 de agosto de 2014

VIRTUDE DA FIDELIDADE

O nome “fidelidade” tem ligação com fé. Do latim, “fídes” e “fidélitas”, que se traduzem por “fé” e “fidelidade”. Também essa virtude é “descendente” do amor-caridade. Quando um coração se sente muito amado pelo Deus-Trindade e pelos irmãos, e corresponde a esse amor decididamente, ele se torna rigorosamente fiel para com eles. Porque tem compromissos de amor com Eles, não quer decepcionar e nem ofender, não cumprindo todos os compromissos assumidos com Eles, e por isso, naturalmente se torna fiel.
        A Fidelidade é uma virtude que o Espírito Santo molda em nosso coração de cristãos, que nos faz fiéis em todos os compromissos, nas promessas e nos deveres para com Deus, para com o próximo e para conosco mesmos. Esta virtude nos leva a sermos fiéis ao Senhor, ao próximo e a nós mesmos.
      A fidelidade nos leva a sermos honestos e fiéis nos dízimos, nas ofertas, na observância do domingo; nos deveres matrimoniais, familiares e sociais; nos relacionamentos com os amigos e associados; no pagamento das dívidas; no dar ao próximo aquilo que lhe pertence.
      A fidelidade nos torna fiéis conosco mesmos, não nos vendendo por preço algum, não abrindo mão dos valores espirituais, familiares, morais, sociais e comunitários. “Os que permanecerem fiéis até a morte receberão a Coroa da Vida”.
            Somos fiéis quando mantemos a palavra dada. Também somos considerados fiéis se cumprimos com nossas obrigações e compromissos – na hora em que devem ser cumpridos - apesar das eventuais dificuldades. 
       Somos fiéis quando mantemos os compromissos de toda a vida estabelecidos com Deus, com o conjugue, com os amigos e com aqueles que dependem de nós, como clientes, empregados, e outros.  
 A virtude da fidelidade se conquista  com sua prática cotidiana, no cumprimento fiel do pequeno dever de cada dia, como levantar cedo todos os dias, fazer a ginástica nos dias determinados, cumprir com os deveres de casa, quer profissionais  quer familiares, sem adiamentos. 
 Pelo exercício da fidelidade nas pequenas coisas cotidianas acabamos desenvolvendo a virtude da fidelidade nas coisas que custam mais. Quem já não experimentou a boa sensação de que uma atividade que inicialmente nos custava, aos poucos, à medida que a cumprimos fielmente, ela vai se tornando cada vez mais fácil, a ponto de nos admirarmos que isso pudesse nos custar tanto?
Os sentimentos e os estados de ânimo do homem são mutáveis, e sobre eles não se pode construir uma vida de fidelidade. A virtude da fidelidade é conquistada pela prática  de obras reais de amor, o qual apesar dos sacrifícios, adquire a firmeza do amor verdadeiro. Sem amor, aparecem logo as infidelidades nos compromissos assumidos.  
A fidelidade nos compromissos por toda uma vida é possível por meio da fidelidade nas  pequenas coisas, e por recomeçar toda vez que saímos um pouco do caminho. 
É porque se crê na importância de um determinado valor, como por exemplo o valor da família, do matrimônio, da amizade, que a fidelidade adquire o seu valor ativo. Através da fidelidade transcendemos nossas limitações. A fidelidade é uma vitória sobre as dificuldades internas e externas, é também uma perenização do que vale a pena no tempo. 
A função da fidelidade é exatamente aperfeiçoar a pessoa no tempo vivido. Se acreditamos que alguma coisa é um grande valor, também cremos que este valor é durável, é eterno. Isso é fidelidade. Percebemos a eternidade do valor que escolhemos.
Não podemos ser fiéis ao ideal de família, mudando de esposa quando nos convém, nem podemos nos dizer defensores da família, se estamos vivendo situações contrárias, como, por exemplo, ser amante de um homem casado. Por isso a fidelidade não pode ser coisa de momento ou apenas de discurso, mas é uma prática duradoura e deve ser tão profunda a ponto de mover o nosso modo de ser.  
A virtude da fidelidade é construída na vida cotidiana pela repetição de pequenos atos de fidelidade. Se nos deixarmos levar pelos caprichos, pelas inconstâncias, ou pelas pequenas infidelidades, inviabilizamos um projeto pessoal, não só porque as circunstâncias variáveis do instante acabam por nos escravizar, como também porque o tempo não volta para refazermos nossa reputação de outra forma. 
Somos fiéis quando mantemos a palavra dada. Se cumprimos com nossas obrigações e compromissos, apesar das eventuais dificuldades, então temos a virtude da fidelidade. Somos fiéis quando mantemos os compromissos assumidos, aqueles estabelecidos por Deus, aqueles referentes ao nosso cônjuge, os de amizade, e todos aqueles compromissos referentes à nossa vida profissional, como compromissos de qualidade para com os clientes, de honestidade e justiça para com os empregados, etc. A fidelidade é uma virtude que dá muita dignidade à nossa pessoa e à nossa vida em sociedade.  
Quando aderimos a uma causa nobre e lutamos por ela, é ela que nutre a nossa fidelidade. Por isso, o amor verdadeiro, grande, não pode ser dedicado a ninharias, porque logo desistimos. Onde o amor é pequeno, a fidelidade é curta, o tempo se torna longo, e os sacrifícios, mesmo pequenos, se tornam insuportáveis. É preciso estar unido a Deus, que é o próprio amor, fonte de todo bem, para mantermos a fidelidade. 
Se formos infiéis nos pormenores da vida, certamente seremos infiéis nas grandes coisas. Quem é fiel nas pequenas coisas, o será também nas grandes. (Jesus Cristo). 



27 de agosto de 2014

A  VIRTUDE  DA  PACIÊNCIA
             A palavra “paciência” vem da língua latina “patire”, que se traduz por “sofrer”. A virtude da paciência é uma capacidade gerada pelo Espírito Santo, pela qual somos capazes de “agüentar”, de  “suportar” os sofrimentos que se apresentam em nossa vida, sem nos “inflar”, sem nos estressar, sem nos tencionar e sobrecarregar de ansiedade, diante dos sofrimentos pessoais, diante dos sofrimentos causados por outros, ou os permitidos por Deus. Porque sabemos que somos amados por Deus e pelo próximo, e porque os amamos em paz e em alegria geradas pelo Espírito, nosso ser interior “se mantém calmo” diante dos sofrimentos ou de situações que poderiam nos levar a “perder’ a paciência, a explodir, a agredir, a rejeitar tais sofrimentos.
        Ser paciente é ser tranquilo interiormente diante de pessoas cujo comportamento não é conforme aos nossos valores, bem como diante de situações, de problemas indesejados, de sofrimentos que se apresentam. A paciência é uma tranquilidade suave, calma, não enervada e nem enervante. Ser paciente é ser tardio para irritar-se, para explodir, para exaltar-se. É ter “pavio muito longo”, que dificilmente chega a causar uma explosão emocional. A paciência é filha do amor que nos leva a ir longe, tratando com serenidade as pessoas com suas falhas, fraquezas, ignorâncias, demoras e pecados.
    A paciência suporta as adversidades, as doenças, as contrariedades e as perseguições. A paciência é um fruto essencial para que o cristão persevere na sua fé, pois mesmo contando com o amor divino do Deus-Trindade, na vida tivemos, temos ou teremos problemas, adversidades, enfermidades, contrariedades. Precisamos, pois, da ajuda do Espírito para adquirirmos a paciência. O cristão paciente dificilmente é demovido da sua fé, porque suporta tudo com paciência. A alma paciente é mansa e humilde, não se revolta contra o seu Deus, mas tudo suporta e aceita.
           Diz-nos São Pedro: "Mas se, quando fazendo o bem e sois afligidos, o suportais com paciência, isso é agradável a Deus". (I Pd 2, 20-23) A paciência é consequência do amor-caridade.  A paciência é uma capacidade gerada pelo Espírito Santo em nosso interior.
        A paciência é considerada uma virtude do ser humano, que consiste na disposição de suportar a adversidade de forma voluntária, enquanto se está à espera de algo.  A paciência é uma virtude humana emanada de Deus pelo Espírito Santo, que contribui para o fortalecimento do caráter. Para que este objetivo se cumpra, é importante que cada pessoa tenha em conta dois aspectos: a firmeza para suportar os problemas, e a lentidão para não vingar-se das ofensas recebidas.
A Paciência é uma virtude pela qual se manter um controle emocional equilibrado, sem perder a calma, ao longo do tempo. Consiste basicamente de tolerância a erros ou fatos indesejados. É a capacidade de suportar incômodos e dificuldades de toda ordem, a qualquer hora ou em qualquer lugar. É a capacidade de persistir em uma atividade difícil, tendo ação tranqüila, e acreditando que se irá conseguir o que se quer. É a capacidade de ser perseverante, de esperar o momento certo para certas atitudes, de aguardar em paz a compreensão que ainda não se tenha obtido. É a capacidade de ouvir alguém, com calma, com atenção, sem ter pressa.  É a capacidade de se libertar da ansiedade. A tolerância e a paciência são fontes de apoio seguro nos quais podemos confiar. Ser paciente é ser educado, ser humanizado e saber agir com calma e com tolerância. A paciência também é uma forma de “caridade” quando praticada nos relacionamentos interpessoais.
 Diz-se que dentre as muitas virtudes, a mais difícil de desenvolver é a paciência, mas uma vez desenvolvida, esta traz inúmeros benefícios. É possível exercitar a paciência em diversas áreas, como por exemplo: no trânsito, na fila do banco, na convivência familiar, no trabalho, nos estudos. Uma pessoa paciente sabe que é preciso praticá-la muito até alcançar um objetivo final desejado.
A paciência é uma energia para resistir e vencer. Aquele que sabe fazer uso da paciência, sabe também fazer uso da razão. Estão mais próximos de alcançar a vitória os que melhor utilizam a paciência do que a audácia. A paciência deve ser cultivada com arte e inteligência. Graças a ela, adquirimos capacidade de compreensão, de tolerância e de sabedoria para viver bem conosco e com os outros. Saber esperar pelo "momento" é uma virtude.
Ser paciente não significa sobrecarregar-se de sofrimento interno, nem estar vulnerável, ou ser permissivo com relação às condições externas. Ter paciência não é ser uma vítima passiva da desorganização alheia. Não é útil, por exemplo, ter paciência em uma situação em que se esteja sendo explorado. 
Ter paciência é a força interior de não se deixar levar pela negatividade. Ter paciência é escolher manter a clareza emocional quando o outro já a perdeu. Neste sentido, ter paciência é decidir manter sua mente limpa, livre da contaminação da raiva e do apego.  
No entanto, não basta termos uma intenção clara quanto às nossas escolhas, mas é preciso desenvolver a força interior para sustentá-las. Neste sentido, não basta compreender racionalmente o que é ter paciência, é preciso cultivá-la interiormente.
Não existe virtude prática que seja tão necessária na vida cristã como a paciência. Não há dúvidas. Esta virtude faz com que a alma suporte tranqüilamente os incômodos e os sofrimentos da vida Quem não tem problemas e tribulações na vida? Quem pode fugir dos incômodos? Quem pode fugir ao peso cotidiano de provas e contrastes? Por isso "é necessário ter paciência para cumprir a vontade de Deus e conseguir os bens da promessa". (Hb 10,36). Paciência em casa e fora dela; no trabalho e no colégio; com patrões e empregados. Quantas ocasiões aparecem todos os dias.
Jesus disse que “com a paciência salvaremos nossas almas” (Lc 21,19) E mais ainda, “com a paciência se conquistam e salvam até as almas dos outros, porque o homem paciente vale mais do que o homem forte, e quem domina o caráter vale mais do que "um conquistador de cidades" (Prov 16,32). S. Paulo recomendava aos Efésios de "comportarem-se com toda a humildade, mansidão e paciência, suportando-se uns aos outros  com amor" (Ef 4,2). 
O primeiro dote da caridade é a paciência! (I Cor 13,4). A maior caridade traz consigo a maior paciência. Por isso Maria, Mãe do amor, é exemplar perfeitíssimo e fonte da nossa paciência. Ela viveu com a alma transpassada por uma espada (Lc 2,35). Olhemos este fato e aprendamos saber aceitar com paciência heróica até um punhal enfiado no coração. Ela foi a Virgem oferente não só no templo, mas também, e sobretudo, no calvário. Apeguemo-nos a Ela para atingirmos a energia do amor paciente e oferente nas tribulações da vida e da morte.



26 de agosto de 2014

A  VIRTUDE  DA  CASTIDADE
A castidade é uma virtude. Toda virtude é uma qualidade ou hábito bom, estável. As virtudes, portanto, não são atos ou hábitos passageiros, ou até mesmo atos momentâneos. As virtudes são permanentes e, a semelhança de outras qualidades que não são dadas naturalmente, devem ser adquiridas durante algum tempo e não se perdem com facilidade.
 A virtude da castidade é uma energia presente no psiquismo humano que comanda com equilíbrio todas as manifestações da sexualidade, sejam pensamentos, desejos, fantasias, emoções ou atos ligados à sexualidade.
          Por causa da desordem introduzida pelo pecado original no coração humano, pelo obscurecimento da inteligência que não mais compreende o significado da sexualidade, pelo enfraquecimento da vontade que não mais tem poder sobre as forças instintivas da sexualidade, esta se manifesta de diversas formas, nas quais a busca do prazer venéreo ou sexual passa a dominar a pessoa.
     A virtude da castidade é a energia criada no psiquismo do ser humano que “põe a desordem da sexualidade em ordem”, ou seja, imprime a direção correta do uso da sexualidade de acordo com a ordem moral e o estado de vida das pessoas: solteiros, casados, viúvos.
     A virtude da castidade é uma conquista vigorosa, às vezes penosa, por causa do grande poder do impulso (do instinto) sexual inconsciente. Este impulso impulsiona vigorosamente a pessoa para a busca do prazer erótico. Por sua vez, a virtude da castidade domestica esse impulso e estabelece a direção correta para o uso da sexualidade.
     A conquista da virtude da castidade passa: 1º por um conhecimento da função procriadora da sexualidade humana, 2º por um conhecimento da sexualidade dentro do plano divino da procriação, o que leva, 3º. ao reconhecimento da importância, da grandeza e da santidade da sexualidade, 4º da decisão alegre e gratificada de realizar os atos de castidade, e repeti-los até chegar a criar o vigor da castidade.
Toda virtude é um hábito bom. O hábito é formado por ‘atos’ repetidos com freqüência. Assim, a repetição de atos de castidade criam o hábito bom da castidade, a que chamamos de virtude da castidade.
Suponhamos que um jovem tenha tomado conhecimento do sentido da sexualidade, de sua importância, grandeza e santidade, bem como de sua finalidade dentro do plano da procriação, e por tudo isto se propõe a conquistar a castidade. Toda vez que aparece um pensamento erótico, ele põe em ordem essa desordem, substitui o pensamento erótico por outro pensamento bom. Quando surge uma fantasia, ou um desejo eróticos, ele prontamente põe em ordem essa desordem, orientando o seu psiquismo para algo bom e nobre. Quando surge uma sugestão para uma ação erótica: masturbação, relação sexual, pornografia de internet, ele reage e dá a orientação correta para esses desejos. Dessa forma, por esses atos de castidade repetidos, ele vai formando a energia da castidade, a qual cresce sempre mais pelos atos frequentemente repetidos. Ele os repete por uma escolha pessoal, por uma decisão de vontade. Portanto, esse “colocar em ordem a desordem” por uma decisão livre e assumida, não é frustrante e nem bloqueadora.
A virtude da castidade faz parte da virtude cardeal da temperança, que tende a moderar as paixões e os apetites da sensibilidade humana, em nosso caso, da sexualidade humana. A temperança é a virtude que direciona os prazeres da comida, da bebida e da sexualidade. A castidade é o aspecto, ou parte da temperança, que se refere aos prazeres da sexualidade.
A castidade tem como finalidade imediata ordenar toda a esfera sexual, de acordo com a norma moral, ou seja, procura que a sexualidade esteja de acordo com a moral e as leis naturais. Dentro das funções principais da castidade, encontram-se: dominar e dirigir o prazer sexual, e ajustar os atos sexuais à sua própria finalidade natural, isto é,  ordenar o instinto sexual.
Alguém poderia pensar que a castidade se opõe ao amor, mas, ao invés, o favorece porque se opõe ao prazer egoísta que impede o amor chegar a sua plenitude humana e espiritual. Graças a esta virtude, a pessoa integra sua sexualidade em sua vocação, ou seja, ordena sua sexualidade para desenvolver o amor e o domínio de si mesma. 
A castidade, como toda virtude, é uma tarefa e um trabalho pessoal. Isto significa que cada pessoa deve realizar um esforço predominantemente pessoal. A castidade é uma virtude moral. É também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo. Todo batizado é chamado à castidade. O cristão "se vestiu de Cristo", modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo seu específico estado de vida. No momento do Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade.
A Castidade e os estados de vida
Existem três formas da virtude da castidade: a primeira, dos esposos; a segunda, da viuvez; a terceira, da juventude. Nós não louvamos uma delas excluindo as outras. Cada uma é importante dentro do estado de vida  de cada pessoa.
1º Castidade dos esposos
            A castidade dos esposos os leva a realizar suas relações sexuais de forma natural, com plenitude de amor e de prazer, como expressão de uma comunhão física, emocional e espiritual. É contra a castidade matrimonial: o adultério, as relações anais e orais, a pornografia de revistas, de filmes eróticos, de internet pornográfica, ou de outra fonte de erotismo que vicie a pureza das relações sexuais. Os casados também devem colocar em ordem as desordens que surgem do impulso (instinto) da sexualidade, quais sejam: pensamentos, desejos, fantasias, emoções, impulsos eróticos. Por isto, a castidade matrimonial também é muito significativa dentro da vida de um casal.
          2. Castidade da viuvez
            A castidade dos viúvos e viúvas – tarefa muitas vezes difícil por causa dos hábitos de relações sexuais vividas no matrimônio – consiste em manterem-se sem a realização de atos sexuais com parceiros casados ou solteiros, sem se entregarem à masturbação compensatória da ausência das relações sexuais. A castidade assumida leva também a pôr em ordem as desordens dos pensamentos, desejos, fantasias, impulsos eróticos.
 3. A castidade juvenil
            A castidade juvenil deve se iniciar na manutenção da virgindade física, psíquica e espiritual. A conservação da virgindade por uma opção pessoal motivada é um princípio excelente para uma vida de castidade. A castidade juvenil é uma força criada dentro do coração dos jovens que conserva a liberdade e o comando dos impulsos da sexualidade. A castidade jovem inclui: exclusão da masturbação caracterizada, de relações heterossexuais, de relações homossexuais, do cultivo de pensamentos, desejos, fantasias, pornografia de filmes, revistas, internet ou outras fontes de erotismo.
 Ofensas à castidade
A luxúria é um desejo desordenado ou um gozo desregrado do prazer venéreo. O prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo, isolado das finalidades de procriação e de união no amor. (CIC2351)
Por masturbação se deve entender a excitação voluntária dos órgãos genitais a fim de conseguir um prazer venéreo. "Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmaram sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseca e gravemente desordenado". Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade. Aí o prazer sexual é buscado fora da "relação sexual exigida pela ordem moral, que realiza, no contexto de um amor verdadeiro, o sentido integral da doação mútua e da procriação humana". (CIC 2352)
A fornicação é a união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres, solteiros ou viúvos. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos. Além disso, é um escândalo grave quando há corrupção de jovens. (CIC 2353)
A pornografia consiste em retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros, para exibi-los a terceiros de maneira deliberada. Ela ofende a castidade porque desnatura o ato conjugal, doação íntima dos esposos entre si. Atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (atores, comerciantes, público), porque cada um se torna para o outro objeto de um prazer rudimentar e de um proveito ilícito, mergulha uns e outros na ilusão de um mundo artificial. É uma falta grave. As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos. ".(CIC 2354)
A prostituição vai contra a dignidade da pessoa que se prostitui, reduzida, assim, ao prazer venéreo que dela se obtém. Aquele que paga por relações sexuais, peca gravemente contra si mesmo; viola a castidade à qual se comprometeu em seu Batismo e mancha seu corpo, templo do Espírito Santo. A prostituição é um flagelo social. Envolve comumente mulheres, homens, crianças ou adolescentes (nestes dois últimos casos, ao pecado soma-se um escândalo). Se é sempre gravemente pecaminoso entregar-se à prostituição, a miséria, a chantagem e a pressão social podem atenuar a imputabilidade da falta. ".(CIC 2355)
O estupro designa a realização de ato sexual realizado à força, com violência física ou psicológica. Fere a justiça e a caridade. O estupro lesa profundamente o direito de cada um ao respeito, à liberdade, à integridade física e moral. Provoca um dano grave que pode marcar a vítima por toda a vida. É sempre um ato intrinsecamente mau. Mais grave ainda é o estupro cometido pelos pais (incesto) ou educadores contra as criança que lhes são confiadas ".(CIC 2356)
A castidade significa a integração correta da sexualidade na pessoa e, com isso, a unidade interior do ser humano em seu ser corporal e espiritual. A sexualidade, na qual se exprime a pertença do homem ao mundo corporal e biológico, torna-se pessoal e verdadeiramente humana quando é integrada na relação de pessoa a pessoa, na doação mútua integral e temporalmente ilimitada do homem e da mulher". (CIC 2337)
Os casados são chamados a serem fiéis. Ser fiel é ser casto, no caso do matrimônio. É ter fidelidade aos compromissos assumidos no casamento. Também os conjugues devem manter o leito conjugal sem mancha, que seria a pureza de suas intenções e a honestidade de seu trato, num contexto de cumplicidade e de amor verdadeiro. Devem cumprir fiel e sinceramente o dever conjugal, pois tudo o que serve para a transmissão da vida é, não só lícito, como louvável.
Para o solteiro, castidade, pela sua abrangência conceitual, tem o sentido de manter-se virgem (casto, puro), até o casamento. Viver em continência, com pureza de intenção e de pensamentos, cultivando os valores da amizade e do respeito. Os namorados devem procurar conhecer um ao outro interiormente, ou seja, a personalidade, a maneira de pensar e de agir, de reagir nas situações da vida, os sentimentos, e não do corpo, no sentido sexual.



25 de agosto de 2014

. A  VIRTUDE  DA  ALEGRIA

            Toda virtude é uma força interior, presente no coração, que leva a realizar  os atos próprios dela mesma. Por exemplo: a virtude da humildade leva a realizar atos humildes. A virtude da mansidão leva aos atos que manifestam a mansidão. Assim a virtude da alegria, além de gerar um bem estar interior feliz, se manifesta com expressões de alegria.
             É preciso distinguir desde logo três tipos de alegria: 1º. A alegria natural. É aquela que reside naturalmente numa pessoa. É congênita. A pessoa é alegre por natureza.  A alegria momentânea, é aquela que desponta sempre que haja um acontecimento bom.A alegria virtude-fruto, aquela que reside no íntimo de uma pessoa, motivada por razões agradáveis e permanentes. Falamos aqui dessa terceira:  a virtude da alegria.
A virtude da alegria é profunda, agradável, feliz, gratificante. Na verdade, essa virtude nasce do amor-caridade. Aquele que “experimenta” pessoalmente e vive a maravilha do amor do Pai celeste, do amor de Jesus ressuscitado, do amor do Espírito Santo e do amor dos irmãos, só pode sentir muita alegria profunda, baseada nesse amor. Trata-se de uma alegria recheada de felicidade. É muito profunda e duradoura. Saber-se amado gratuita e incondicionalmente pelo Pai, por Jesus, pelo Espírito Santo e pelos irmãos, gera essa alegria espiritual profunda que deixa o coração realmente satisfeito e feliz. Existindo essa experiência do amor de Deus e dos irmãos, existem causas profundas e duradouras para que a alegria seja permanente.
A verdadeira alegria do coração humano baseada no amor de Deus e dos irmãos é também fruto do Espírito Santo. Quero dizer, é o Espírito Santo quem a produz, pois é Ele quem nos concede o amor de Deus e dos irmãos.
A alegria e o gozo  gerados pelo Espírito Santo são caracterizados por aquelas emoções interiores, por aquela alegria interior, e por aquela satisfação espiritual profunda que Ele derrama no coração e na alma. A pessoa sente uma alegria, um gozo inexplicáveis. Não há palavras humanas que possam descrever a alegria e o gozo que provêm do Espírito Santo.
             A alegria produzida pelo Espírito é o profundo regozijo do coração, o verdadeiro gosto de viver, a "satisfação no Senhor", independente das circunstâncias. "Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos”, exclama São Paulo (Fp 4,4). A pessoa pode passar por momentos difíceis que trazem tristeza, mas esta não substitui a alegria do Espírito. Mesmo durante as mais duras provações, podemos continuar experimentando a alegria no espírito.
           É o amor quem gera a alegria. O não saber amar é que gera a tristeza.  Para sermos alegres, portanto, devemos pensar nos outros. A generosidade vivida sem medidas leva à alegria. Quando formos generosos, descobriremos quem somos nós e o que realmente é a felicidade. As pessoas mais alegres são aquelas que colocaram Deus em primeiro lugar, como fonte de todo amor. Assim a alegria verdadeira tem uma origem espiritual.
Quem vive com amor sabe que não deve ter medo da dor e das tribulações, mas que a alegria é compatível com as dificuldades. 
A alegria  é também uma virtude cristã. São Paulo exortava os cristãos de Filipos: «Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!» (Fp 4,4). Esta insistência do Apóstolo deve ajudar-nos a entender que a alegria, para um cristão, não é só um sentimento. É algo que se procura, que se busca, usando da própria força da alma. . O mesmo Apóstolo explica noutras epístolas: «Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9,7); e aos Gálatas diz que a alegria é um fruto do Espírito Santo (Ga 5,22).
Como é que se pode transformar um sentimento (a alegria) numa virtude? Como é que se pode transformar uma ocorrência momentânea numa disposição habitual?  A prática da alegria exige que se considere de um modo frequente aquilo que já possuímos e aquilo que ainda não possuímos,  mas que temos uma esperança firme de vir a possuir. Na prática, se consideramos com freqüência o grande amor de Deus por nós, e o nosso amor para com os irmãos, vamos consolidando as causas da alegria, e ela se tornará cada vez mais forte e profunda.
O exercício da virtude da alegria é, portanto, uma prática cristã. O cristianismo não pode ser nunca uma religião de tristeza porque isso seria identificá-lo com uma realidade má. A fé ensina-nos que já somos filhos de Deus e que ainda não se manifestou plenamente o que havemos de ser (1 Jo 3,2) mas essa esperança não engana  porque o amor de Deus já foi derramado nos nossos corações (Rm 5,5). Por ser virtude, a alegria se manifesta em sorrisos, otimismo, abertura de coração, solidariedade, declarações de amor-caridade.
As virtudes são como uma coroa de pérolas na qual cada uma tem sua beleza e força. E, ligadas entre si pelo fio do amor, formam uma unidade. A alegria é uma virtude sempre urgente. Se toda  virtude procede de Deus e é uma participação de sua natureza, podemos nos perguntar:  ‘Deus alegre?’ Lemos em Neemias: “Não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força (Ne 8,10). O amor vivido no seio da Trindade Santa é eterna alegria. Na mútua entrega e no mútuo acolhimento perpassa a alegria de existir e ser. Jesus a testemunha quando na parábola dos talentos Ele afirma: “Muito bem, servo bom e fiel. Vem participar de minha alegria!”(Mt 25,21).  
A alegria do Pai celeste é ver a alegria dos filhos. O que Jesus sempre pregou foi a prática do amor uns para com os outros. Ensina: “Este é meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). Este amor se constrói dentro de uma comunidade e é razão da alegria de viver, como lemos em Atos: “Dia após dia, unânimes, freqüentavam o templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração” (At 2,46). Essa alegria é alimentada pelo Espírito Santo: “Os discípulos, porém, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo” (At 13,52), pois o “Reino de Deus... é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17). Jesus comunicou a alegria a seus discípulos e quer que seja uma dominante da comunidade nascente. Uma das experiências mais autênticas de Deus é o sentimento de profunda alegria que nos invade. Há uma razão: a presença de Deus em nós. Os fiéis curtem essa alegria em suas festas e na singeleza de seus relacionamentos.
          Retomando o texto de Neemias “não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8,10), notamos que a alegria nos coloca acima das dificuldades da vida. Somos ungidos pelo Espírito que “nos ungiu com óleo de alegria” (Sl 45,7). O Evangelho é uma boa notícia de vida que provoca alegria. Os sofrimentos, mesmo que nos levem às lágrimas, não destroem as mil razões que temos de ter alegria. Seremos úteis ao mundo se formos instrumentos da alegria de Deus. Ela aliviará a cruz que carregamos. Alegrai-vos sempre no Senhor! (Fl 4,4).






22 de agosto de 2014

A  VIRTUDE DA BONDADE
            A bondade é a virtude daquele que só ‘pensa’ o bem, ‘deseja’ o bem, ‘fala’ o bem, ‘faz’ o bem e ‘vive’ o bem. Essa bondade é uma força interior, na personalidade, que induz a pessoa a sempre ‘pensar’ o bem, ‘desejar’ o bem, ‘falar’ o bem, ‘fazer’ o bem e a ‘viver’ o bem.
           Bondoso é todo aquele que sempre e só faz o bem, e faz aquilo que é bom. A bondade é o modo como tratamos as outras pessoas, querendo-lhes sempre todo o bem. 
 A bondade  faz o bem, desinteressadamente, às pessoas. A pessoa que só faz o bem é porque tem um bom coração.
A bondade não é um dom congênito. Não nascemos com esta virtude. Ela é adquirida, 1º ou por uma educação onde as pessoas eram realmente boas e deram exemplos constantes de bondade por palavras e atos; 2º ou é adquirida por influência de uma vida religiosa vivida sobre os alicerces do amor a Deus e ao próximo; 3º ou é adquirida por uma decisão de uma pessoa que se propõe a ser boa, e procura realizar ‘atos de bondade’, os repete frequentemente, até tornar a bondade uma virtude, isto é, uma força interior que leva espontaneamente a realizar os atos de bondade.
        Se quisermos crescer na bondade, então temos de adotar “exercícios de benevolência”, buscar oportunidades concretas de demonstrar bondade. Além destes esforços, percebemos que mesmo as nossas melhores intenções falharão se nos basearmos apenas na nossa própria força. O crescimento em virtude precisa de abertura constante à ajuda de Deus.
A virtude da bondade é filha natural do amor-caridade. Aquele que se sente muito amado por Deus e pelos irmãos, e os ama deveras, sempre será uma pessoa bondosa. Será bondosa, porque experimenta pessoalmente a bondade de Deus em sua vida a ponto de poder exclamar: ”Como Deus é bom para mim”! “Como Deus é bom para todos”! “Quanto bem Ele me faz”! “Quanto bem Ele nos faz”! Por essa experiência da bondade de Deus, seu coração se abre para querer ser um pouco como Deus é para ela. Esse desejo de ser bom é satisfeito pela ação do Espírito Santo que “infunde” um pouco da bondade de Deus no coração humano. Este cresce em sua capacidade de ser bom e de fazer sempre e só o bem, porque é o Espírito Santo que está produzindo o fruto da bondade neste coração.
A bondade é uma qualidade pessoal que permite que um indivíduo seja sensível às necessidades dos outros e que trabalhe pessoalmente para atender a essas necessidades. É mais do que apenas ser simpático e agradável.
    Se nossa bondade for real será reflexo de Deus. Só Deus é bom. Podemos por nossa bondade refletir a bondade de Deus. A pessoa realmente boa nos ajuda a sermos bons, sinceros, trabalhadores, pacientes, a ter mais fé, a ter mais virtudes, a estar mais presentes nas dificuldades do próximo.
 Qualquer investigação da bondade leva-nos logo a descobrir que, mais do que uma simples emoção, ou uma ação espontânea, ou um conceito abstrato ou uma ideia filosófica, a bondade é uma virtude. A virtude (em latim virtus, «força de caráter») é uma qualidade do intelecto e do caráter que permite e faz com que uma pessoa viva uma vida digna e eticamente boa, e a ‘pensar’ o bem, a ‘desejar’ o bem, a ‘falar’ o bem, a ‘fazer’ o bem e a ‘viver’ o bem.
 Quem possui a virtude da bondade naturalmente transborda por suas palavras, por seus atos, por sua vida, a bondade de seu coração. Ele não é apenas bom para com aqueles que são bons ou que lhe demonstram sua bondade. É bom para todos. Faz o bem a todos,  mesmo àqueles que lhe fazem mal. Aliás, Jesus ensinou isso quando disse em Mateus 5,44 “Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e caluniam”.
A virtude da bondade é reconhecida pela sua gratuidade. A pessoa bondosa faz sempre e só o bem, gratuitamente, sem buscar ou esperar recompensas. A bondade gera uma necessidade deveras interessante no coração da pessoa: a necessidade de fazer o bem. Há uma inclinação interior ao bem. Isto é obra do Espírito Santo.
             Lemos em Lucas 6, 33 as palavras de Jesus que nos mostram essa gratuidade: “E se fazeis o bem aos que vos fazem o bem, que recompensa mereceis? Pois o mesmo fazem também os pecadores”. E em Lucas 6,35 “Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bom também para com os ingratos e maus”.
 A pessoa boa nos faz olhar para cima, para coisas mais nobres e boas. Nos ajuda a sair do nosso olhar egoísta, nos ajuda a sermos pessoas melhores. A pessoa boa tem virtudes reais e por isso eleva o nível das pessoas à sua volta com um modo de ser  mais humano. A pessoa boa perdoa. Ela minimiza as dificuldades do convívio devidos às diferenças de caráter, oferece um entendimento misericordioso perdoando rapidamente os modos de ser desagradáveis e os defeitos dos demais. A pessoa boa faz acreditar na verdade, leva os demais para Deus. Nela existe uma harmonia de pensamento e de ação. Há uma harmonia entre o interior e o exterior. É uma pessoa de uma peça só.  A pessoa boa tem as suas fraquezas, mas não é dominada por elas, e mantém o esforço permanente de melhorar e combater seus defeitos.  A pessoa boa tem sempre o coração aberto para os demais, para os diferentes modos de ser, para as diferentes expressões culturais, para continuar aprendendo.  A pessoa boa ama a todos mesmo sem ter razões especiais para isto. A todos deseja o bem.  É muito bom ser bom!

21 de agosto de 2014

. A VIRTUDE DA HUMILDADE
O nome “humildade” vem da língua Latina "humus" que significa “terra fértil”. A terra fértil acolhe as sementes, lhes comunica a energia para desabrochar, crescer, tornar-se arbusto e produzir frutos abundantes. A humildade, portanto, é um terreno fértil para produzir todas as demais virtudes humanas e cristãs. Esse terreno fértil é o “coração humilde”, ou seja, o interior do ser humano humilde.
A Humildade é a virtude que nos revela a realidade exata da nossos dons, nossas qualidades, nossas virtudes, nossas possibilidades, e ao mesmo tempo nos revela nossas fraquezas, nossa modéstia, nossa pobreza interior, nossas limitações e até nossos vícios e nossas tendências negativas. A humildade, portanto, nos dá uma radiografia exata de nossa pessoa e personalidade. E nós passamos a nos aceitar com tranqüilidade e serenidade de acordo com essa radiografia.
 A humildade tem como fundamento necessário a verdade. 1º A verdade sobre nós mesmos. 2º. A verdade sobre nós diante de Deus. E 3º. A verdade sobre nós diante dos outros seres humano.
 1º. Em relação a si mesmo, a pessoa humilde reconhece a verdade sobre a sua própria pessoa. Reconhece seus dons, suas qualidades, suas virtudes, suas possibilidades de agir bem. Sabe que tudo lhe foi doado por Deus, por isso não se vangloria, não se orgulha, não se envaidece, mas pelo contrário, agradece com alegria por todos os seus dons.. Pela humildade a pessoa reconhece também suas fraquezas, suas limitações, suas tendências negativas, até seus vícios e pecados. Não se entristece, não cria inferioridade. Procura, isto sim, na humildade, superar as fraquezas, vencer as tendências negativas e os pecados.
         2º. Em relação a Deus, pela humilde a pessoa reconhece a grandeza de Deus, seus direitos divinos sobre ela, pois reconhece que foi criada à sua imagem e semelhança, foi dEle que recebeu o dom da vida e todos os dons naturais e sobrenaturais. Por isso, a humildade torna o coração humano agradecido para com Deus, aberto às suas orientações e vontades, acolhedor de suas graças. Nisto, a humildade é porta aberta para a santidade. Aliás, a humildade é um terreno fértil da santidade.
3º Em relação ao próximo, a pessoa humildade reconhece e valoriza seus dons, suas qualidades, suas virtudes, suas boas ações, e sabe apreciar, elogiar e promover o outro. Mas sabe também conhecer as fraquezas, as limitações, as tendências negativas do outro, mas jamais critica, difama, humilha, acusa ou condena. Nisto, a humildade é muito misericordiosa e bondosa. A experiência das próprias fraquezas leva a ter misericórdia diante das fraquezas do outro. A pessoa humilde, sabe que os outros têm muito a lhe ensinar, e não desperdiça a graça de aprender, e de amadurecer em tudo o que faz. Quem é humilde reconhece o que tem de bom no outro, cresce com ele, valoriza-o e lhe dá a oportunidade de também ser bom. Ser humilde é saber ir até o ponto de não interferir nos outros, ser humilde é não intrometer-se  na vida dos outros.
A verdadeira humildade é aquela pela qual o ser humano tem consciência e possui uma convicção do que ele é, da sua capacidade, da sua força ou da sua fraqueza, compreende a sua inferioridade, reconhece seus limites, mas não sofre. Por isso, se esforça e trabalha para ser melhor e procura constantemente seu aperfeiçoamento físico, moral e espiritual.
A humildade é sabedoria, é ser gente com os outros, é deixar-se ajudar pelos outros, é saber respeitar os demais, é dar espaço para amar e ser amado, para encontrar e ser encontrado.  Se diz que a humildade é uma virtude humilde. Ela torna discretas as outras virtudes que existem nas pessoas.
A humildade não é depreciação de si mesmo, não é ignorância em relação ao que a pessoa é, mas ao contrário, ela tem conhecimento exato do que não é, mas também daquilo que tem de bom. A força desta virtude está na alma e não  é preciso ser santo para ter humildade.
Esta consciência daquilo que a pessoa é, tanto de bom como de limitações, se adquire lentamente pelo trabalho interior, ou pode ser provocada pelo reconhecimento da existência de alguém superior a si mesmo, por reconhecer a grandeza de Deus, o Ser Supremo, as suas forças universais, com as leis que as regem. Diante dessa compreensão e reconhecimento interiores nasce a humildade, como reverência à grandeza do Criador.
A humildade é uma virtude que atua sem ilusão, sendo guiada pela razão, e baseada na verdade. Por isso, um bom conhecimento teórico da humildade favorece o aprofundamento nesta virtude. A humildade produz no interior do homem: alegria, paz e serenidade. A verdadeira humildade sempre está acompanhada de outras virtudes, como a caridade, a misericórdia, o amor, a verdade e a compaixão.
          Entretanto, a virtude da humildade, como maturidade de ser e de existir, tem um valor e um sentido transformador e dignificante para a vida humana. Humilde é a pessoa que tem a capacidade para se relacionar sadiamente consigo, com os outros, com os bens da criação e com o Criador.
       Humildade é a virtude de alguém que tem consciência do que é: de suas virtudes, habilidades e qualidades, mas igualmente de seus limites e fraquezas. Humilde é a pessoa aberta para a vida, para a transformação, para a mudança, para o crescimento, para o acolhimento dos valores e da ajuda de Deus e dos outros. Uma pessoa humilde sabe que não é dona da verdade. Ela está sempre aberta à mudança e ao crescimento. Reconhece e aceita que todos têm algo a ensinar. Não exclui ninguém. Busca conviver com todos tendo um espírito de disponibilidade para colaborar, como tem maturidade para aceitar a ajuda de qualquer pessoa independente de sua posição social, cultural, ou religiosa. É alguém grato à vida.
Na verdade, a virtude da humildade nos leva ao verdadeiro  auto conhecimento, com nossas virtudes e limites. Nos leva também a reconhecer e aceitar o valor de cada pessoa e de sua importância no convívio social. A humildade, como virtude, é indispensável para que o próprio amor aconteça. Sem humildade não há verdadeiro amor, pois sabemos que o amor exige e supõe a comunhão, a partilha e a parceria de vida, isto é, o espírito de vida em equipe, a busca da justiça do social, a abertura de vida para o acolhimento e da entre ajuda.
        Portanto, a pessoa humilde apresenta normalmente estas características: admite que não é dona absoluta da verdade; sabe acolher e respeitar a pessoa do outro; está sempre aberta para aprender e mudar; ajuda e se deixa ajudar; ama e se deixa amar; tem boa convivência social; não nega suas habilidades e qualidades, como igualmente seus limites e fraquezas. É alguém amadurecido no seu ser, existir e conviver. Sabe antes de tudo reconhecer os valores do que os defeitos de cada pessoa com a qual convive. É por natureza serviçal. Particularmente é alguém agradecido por tudo o que recebeu e recebe de Deus, da vida e de todos. Alguém integrado consigo.
A pessoa verdadeiramente humilde não se considera superior, nem inferior a ninguém, pois vê em todos um universo de inteligência e de beleza. Por isso, o humilde não discrimina, nem maltrata qualquer pessoa. Para ele, ricos e pobres, inteligentes e obtusos, bons e maus são, antes de tudo, filhos de Deus.
Uma pessoa verdadeiramente humilde não se orgulha de seus bens, de sua riqueza, de seu patrimônio intelectual ou de sua boa aparência. E age assim porque sabe que tudo é passageiro na vida terrena. Uma pessoa assim é sábia e, certamente, vive tranqüila.
 A pessoa humilde é a mesma em todas as ocasiões. Se está em situação desfavorável, conserva-se tranqüila e não se sente inferiorizada, pois conhece suas potencialidades.
  Se vive em condições confortáveis, busca vivenciar a solidariedade, a alegria, o bom humor e a tolerância. É assim que se constrói um futuro de alegria e realização.
Jesus Cristo nos deixou lições e exemplos de humildade. Ao lavar os pés de seus discípulos quis revelar a grandeza da humildade que sabe servir até nas atitudes mais humildes. Ele também disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”(Mt 11,29) . Em outra oportunidade falou: “Quem se orgulha será humilhado e quem se humilha será exaltado” (Lc 14,11).




20 de agosto de 2014

A TEMPERANÇA 
(Auto Domínio)
            A temperança é a virtude moral que modera a atração pelos prazeres, e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos, e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade.
             A pessoa temperante orienta para o bem seus apetites sensíveis, guarda uma santa discrição e “não se deixa levar pelas paixões do coração” (Eclo, 5,2) Não te deixes levar pelas paixões e refreia os teus desejos. (Eclo 18, 30)
Ela é o freio da nossa alma. A temperança é a virtude pela qual usamos com moderação dos bens temporais, quer eles sejam comida, bebida, sono, diversão, sexo, conforto, etc. Ela nos ensina a usar essas coisas na hora certa, no tempo certo, na quantidade adequada. Ela nos ensina que certos atos são reservados a certas situações.  
A Temperança nos ajudará a vencer os maus pensamentos e maus desejos, ajudará um casal a nunca trair o sacramento do matrimônio pelo adultério. Todos esses maus pensamentos e maus desejos e ocasiões de pecado devem ser combatidos imediatamente, sem perda de tempo, com muita coragem e força, para que não se tornem pecados mortais.  Na verdade, todas as quatro virtudes cardeais se unem no combate da alma para praticar os Mandamentos de Deus.
A temperança é o auto-controle, o auto-domínio, a renúncia, a moderação. A temperança põe em ordem os afetos, domestica os instintos, sublima as paixões, organiza a sexualidade, modera os impulsos e apetites. Abre o caminho para a continência, a castidade, a sobriedade, o desapego. É próprio da temperança o cuidado conosco mesmos, com os outros e com a natureza. A temperança não permite que sejamos escravos, mas livres e libertadores, e nos encaminha para o cumprimento dos deveres e para a maturidade humana. Sem renúncia não há maturidade. Grande fruto da renúncia é a alegria e a paz.
Essa temperança é uma virtude humana, que pode existir na vida de uma pessoa sem fé e sem Deus.  Mas ela pode ser cristianizada e receber o auxílio da força do Espírito Santo.
Existe o “fruto do Espírito” que também se chama temperança ou auto domínio. Esta temperança é produzida no coração da pessoa que cultiva sua fé e mantém um bom relacionamento com o divino Espírito Santo.  É graça de Deus. É o Espírito agindo no coração.


19 de agosto de 2014

FORTALEZA
            A fortaleza é a virtude cardeal que dá segurança nas dificuldades, firmeza e constância na busca do bem. Ela firma a resolução de resistir às tentações e superar os obstáculos na vida moral. A virtude da fortaleza torna capaz de vencer o medo, inclusive da morte, de superar as provações e as perseguições. É capaz de dispor alguém a aceitar até a renúncia e o sacrifício de sua vida para defender uma causa justa. “Minha força e o meu canto é o Senhor” (Sl 118, 14). “No mundo tereis muitas tribulações, mas tende coragem, eu venci o mundo” (Jo 16, 33)
 A fortaleza é a virtude que dá à nossa vontade a energia necessária para vencer os obstáculos que nos dificultam na prática do bem.  Devemos resistir, quer dizer, permanecer firmes na fé, apesar dos ataques dos nossos inimigos e das nossas fraquezas pessoais.
 Ter fortaleza é manifestar espírito de iniciativa, alegria na realização do dever de estado, perseverança no combate contra nossas paixões: o orgulho, o egoísmo, a raiva, a sensualidade, etc. Praticando os atos da virtude de fortaleza, conseguiremos, com a graça de Deus, vencer as tentações, fugir dos pecados e das ocasiões de pecado que nos chamam com tanta força para o mal.  
A fortaleza faz-nos fortes no bem, na fé, no amor. Leva-nos a perseverar nas coisas difíceis e árduas, a resistir à mediocridade, a evitar rotina e omissões. Pela fortaleza vencemos a apatia, a acomodação e abraçamos os desafios.. É a virtude dos profetas, dos heróis, dos mártires e dos pobres. A fortaleza dos mártires e a ousadia dos apóstolos, como também a força dos pequenos e dos fracos é um sinal do dom da fortaleza na vida humana e na história da Igreja. Hoje a fortaleza nos leva a enfrentar a depressão, o stress, o câncer, a AIDS, os golpes da vida. Grandes são os conflitos humanos, porém maior é a força para superá-los. A vida é luta renhida, dizia nosso poeta, e a fé é um combate espiritual. “Coragem, Eu venci o mundo!” (Jo 16,33).
Esta fortaleza é uma virtude humana, conquistada pela educação da vontade que, repetindo atos de decisão, forma o hábito de praticar os atos bons com decisão. Uma pessoa sem fé em Deus pode ter até em alto grau essa fortaleza. (Os militares... Os desportistas...)
Existe, porém, o dom infuso da fortaleza. Essa fortaleza é dada em gérmen pelo Espírito Santo no santo Batismo. Neste caso, a graça do Espírito Santo vai inspirando e movendo o coração a agir com prontidão. A repetição dessa obediência ao Espírito Santo desenvolve o dom da fortaleza. Essa fortaleza dada pelo Espírito é muito superior à virtude humana.