26 de setembro de 2012
PECADO
CAPITAL DA IRA
A Ira é um intenso e
descontrolado sentimento que se manifesta compulsivamente no psíquico de uma
pessoa, o qual passa a dominar a mesma, e que produz diversos sentimentos
irados, de acordo com a gravidade daquilo que gerou a ira. A Ira pode se
manifestar como raiva, mágoa, ódio, rancor,
ressentimento, tristeza, amargura, depressão momentânea, tudo por ter
sido maltratada . Às vezes a ira pode até gerar sentimentos de vingança.
A ira torna a pessoa furiosa e
descontrolada, com o desejo de destruir aquilo que a provocou. A ira não atenta
apenas contra os outros, mas pode voltar-se contra si mesmo, contra aquele que
deixou o ódio, o ressentimento, a raiva tomar conta de seu coração.
A ira é um
movimento das paixões que deve ser
dirigido pela razão e regido pela vontade, para não conduzir ao mal. O ser
humano repele instintivamente tudo o que lhe é contrário. É legítimo reagir
diante de obstáculos ao bem. Por exemplo, a ira santa quando leva a defender os
valores divinos e humanos pisoteados bisonhamente por alguém. Em exemplo disso foi a atitude de Jesus
expulsando os vendilhões do templo.A ira
torna-se pecaminosa se ela implicar em desordem a ponto de desejar fazer vingança, de cometer injustiças,
de provocar brigas, de conferir golpes físicos, de levar a proferir insultos, e
de chegar a rogar pragas. “Sentir” a ira não é pecado. “Consentir” na ira,
deixando-se levar a más atitudes e ações é que gera o pecado.
Como remédio
para a ira, recomenda-se o exercício da prudência, de modo que ninguém proceda
de acordo com o ímpeto imediato das paixões.
A ira pode
ser, muitas vezes, conseqüência de sofrimentos emocionais ou desamores causados
de alguma forma por alguém. Esses desamores “ferem” o coração. Essas “feridas”
emocionais geram dores que recebem o nome de: raiva, mágoa, ressentimento, ódio
ou até vingança. Essas feridas são muito prejudiciais ao psiquismo humano. O
melhor remédio para curar as férias e, portanto, para livrar-nos desses
sentimentos dolorosos é o perdão. O perdão cura as feridas. Curadas as feridas,
ficaremos livres dos sentimentos de raiva, mágoa, ressentimento, ódio ou até da
vingança. A ira pode brotar também de um conflito pessoal interior,
e se manifestar contra nós mesmos. Nestes casos,
a ira se manifesta contra nós mesmos sob a forma de raiva de nós, mágoas
de nós mesmos, ressentimentos contra nós mesmos, e até formas de auto
vinganças. Estes sentimentos provém de erros que a pessoa cometeu e dos quais
se acura. Então surgem a auto condenação, a autopunição, a raina de si mesmo, as
mágoas de si mesmo e até vinganças feitas contra si mesmo.
Essa forma de ira com seus filhotes é próprio de
pessoas mal resolvidas, que têm ira de si mesmas e transferem essa raiva para o
mundo ao seu derredor. É a ira dos fracos! Essas pessoas têm pouco ou nenhum
controle sobre si mesmas e são mais propensas á outra e pior face da ira, a
mais destrutiva: o ódio. O ódio é o sentimento dos fracos. Enquanto a ira é
passageira, o ódio é prolongado. Enquanto a ira é barulhenta, o ódio é sutil e
silencioso. A ira brota como um vulcão por alguma contrariedade, desilusão,
por noticias de TV, ou acontecimentos fortuitos. Na ira a pessoa explode, mas logo
volta á razão. A ira é cálida, o ódio é frio. A vingança é um prato que se come
frio, dizem os vingativos. O ódio é um sentimento visceral, enquanto a ira
nasce do coração. Quem odeia quer vingança.
O mecanismo da
razão tem controle sobre a ira. É só deixar esfriar um pouco a cabeça e as
pessoas voltam ao seu normal. O homem consegue controlar sua
agressividade através da razão, ou seja, utilizando a racionalização como um
mecanismo de defesa, mas quando tomado por uma forte emoção nem sempre esses
mecanismos funcionam. A agressividade gerada pela ira demonstra a incapacidade
de racionalizar quando se deixa dominar pela emoção, sobrepondo muitas vezes,
conteúdos inconscientes, como por exemplo, pode indicar uma incapacidade
exagerada de amar aos outros, muitas vezes como resultado do amor que não
recebeu na infância, ou da agressividade que recebeu, repetindo assim o mesmo
padrão. Nesses casos, é preciso identificar a emoção que foi mobilizada e que
não permitiu a atuação do mecanismo de defesa. E se se tratar de “feridas do
coração”, é preciso curar-se por meio do perdão repetido 70X7, como disse
Jesus.
A virtude
contrária que combate o vício da ira e todas as suas conseqüências é a
mansidão. A mansidão é uma energia
psicológica e espiritual presente no psiquismo da pessoa que faz com que ela
tenha naturalmente um controle espontâneo sobre suas emoções e sentimentos no
tratamento com as pessoas e com os acontecimentos, capaz de manter-se
tranquila, serena, calma, sem ansiedades ou estresses, relacionando-se e
interagindo com serenidade e paz de espírito.
A mansidão do coração faz com que
a pessoa ao se relacionar com os outros
não seja agressiva, compulsiva, agitada, estressada, ofendendo, ferindo,
agredindo o próximo. Ao mesmo tempo ela tem a capacidade de não se deixar ferir,
ofender com facilidade. Imaginemos uma almofada fofa coberta de veludo. Se lhe
dermos um soco, ela não nos machuca e nem se ofende. Ela permanece a mesma,
fofinha como antes. Assim é o coração manso: não ofende e nem se deixa ofender
com facilidade.
Pensemos
num boi manso, num cavalo manso, num cordeiro manso. Podemos lidar com eles com
facilidade e sem medo, pois não tem reações agressivas. Assim é a pessoa mansa.
A
mansidão tem muito a ver com bondade e humildade. Porque o coração é bom, trata
as pessoas com mansidão, evitando por todos os meios ofender, magoar, ferir,
fazer sofrer.
Para
haver um clima interior de mansidão é preciso que esse coração não seja
possuído de mágoas, raivas, ódios, vinganças, ressentimentos. Essas emoções
feridas geram sempre um comportamento agressivo e impaciente. Portanto, para
haver mansidão é preciso que esses sentimentos de desamor sejam eliminados por
meio do perdão assumido e repetido muitas vezes. O perdão tem poder de curar as
feridas do coração e de eliminar esses sentimentos de desamor.
25 de setembro de 2012
TERCEIRO PECADO CAPITAL
A LUXÚRIA.
A luxúria é o desejo passional e egoísta por todo
prazer sensual e corporal. Também pode ser entendido em seu sentido original:
“deixar-se dominar pelas paixões”. Consiste no apego aos prazeres carnais,
corrupção de costumes, sexualidade extrema, lascívia e sensualidade.
Pecam contra a castidade aqueles que, consigo mesmos ou com
outrem, cometem ações eróticas, aqueles que consentem em pensamentos erotizantes
ou desejos sensuais, aqueles que mantém conversas obscenas, voluntariamente se
expõem ou expõem outros ao perigo de cometer esses pecados.
A luxúria consiste no apego aos prazeres sexuais. A
vida da pessoa luxuriosa passa a girar em torno do sexo. Se ela vê um homem,
uma mulher, já pensa em sexo e deixa que estes pensamentos permaneçam e
despertem prazer. Como exemplos da luxúria podemos citar: o adultério, a
fornicação (sexo no namoro ou sexo fora do casamento), a cobiça da mulher ou do
homem do próximo, a masturbação, o homossexualismo e lesbianismo, a pedofilia, a
zoofilia (sexo com animais).
São pecados de luxúria:
- A fornicação, que é a relação carnal entre pessoas não casadas.
- O adultério é a relação sexual quando pelo menos um parceiro seja casado.
- O estupro ou violação, relação sexual realizada com violência física ou psicológica.
- O incesto é a relação com pessoas da própria família ou consangüíneos.
- O sacrilégio é a relação com uma pessoa consagrada a Deus.
- A masturbação é a provocação dos genitais até atingir o orgasmo.
- O onanismo é união sexual voluntariamente interrompida para evitar a ejaculação no organismo da mulher.
- A prostituição é a relação sexual com prostitutas e
prostitutos.
- A sodomia, é o homossexualismo
e o lesbianismo.
- A bestialidade é o ato de luxúria praticado com animais.
- A lascívia, é o prazer provocado por filmes, livros, revistas e internet pornográficas.
- A bestialidade é o ato de luxúria praticado com animais.
- A lascívia, é o prazer provocado por filmes, livros, revistas e internet pornográficas.
- A homossexualidade é a relação sexual entre dois masculinos.
- O lesbianismo é a relação sexual entre duas mulheres.
- A pedofilia é a relação abusiva
de crianças.
- O sadismo é a relação sexual em que um parceiro busca o prazer,
causando dores e sofrimentos ao parceiro.
- O masoquismo é a relação sexual quando um parceiro busca receber dor e
sofrimento numa relação sexual.
Na Bíblia há inúmeras passagens e textos que
demonstram a malícia da luxúria. Alguns
textos:
“Encontram as suas delícias em se entregar em
pleno dia às suas liberti-nagens. Homens pervertidos e imundos, sentem prazer
em enganar, enquanto se banqueteiam convosco”. (2 Pe 2,13)
“Não terás comércio com a mulher de teu próximo: contaminar-te-ias com
ela. Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é uma abominação”.
(Lv 18,20-22)
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás
adultério. (Mt 5,27)
“Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os
membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta? De modo algum! (1 Co
6,15)
“Mas
Onã, que sabia que essa posteridade não seria dele, maculava-se por terra cada
vez que se unia à mulher do seu irmão, para não dar a ele posteridade. (Gn 38, 9)
(Do pecado de Onã, vem o nome de “onanismo”, citado acima.)
“Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus?
Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os
efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados,
nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus. (1 Co
6,9-10)
Num texto cheio de revelações, São
Paulo escreveu aos Romanos:
“Desde
a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e
divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras, de modo que não
se podem escusar. Porque, conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem
lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e se
lhes obscureceu o coração insensato. Pretendendo-se sábios, tornaram-se
estultos. Mudaram a majestade de Deus incorruptível em representações e figuras
de homem corruptível, de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus os
entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram
entre si os próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e
adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos.
Amém!
Por
isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as
relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os
homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os
outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a
paga devida ao seu desvario”. (Rm 1,20-27)
Percebemos no texto a condenação ao
adultério, ao lesbianismo e ao homossexualismo. Outro texto de São Paulo:
“Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas
da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito.
Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz.
Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à
lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem
agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato,
o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo,
esse tal não é dele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está
morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça. Se
habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse
mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso
corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita” – (Romanos 8.5-11).
24 de setembro de 2012
SEGUNDO PECADO CAPITAL
A AVAREZA
A avareza é o apego excessivo
e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro, priorizando-os, e
deixando Deus em segundo plano. É considerado o pecado mais tolo, porque baseia
sua vida e felicidade sobre bens passageiros.
Na concepção cristã, a avareza é considerada
um dos sete pecados capitais,
pois o avarento prefere os bens materiais ao convívio com Deus. Neste sentido,
o pecado da avareza conduz à idolatria, que significa tratar algo
que não é Deus, como se fosse deus. Os bens materiais são o deus do avarento.
Ele é capaz de “vender” o seu Deus para ganhar mais dinheiro.
A avareza, no cristianismo, é sinônimo de ganância, ou seja, é a vontade
exagerada de possuir bens materiais. Mais claramente, a avareza é um desejo
descontrolado, é uma cobiça de bens materiais e de dinheiro. É a ganância.
A avareza consiste no desejo
desordenado dos bens materiais. Por ser ocasião de outros pecados, S. Paulo
chega a dizer que "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" (I
Tim 6,10).
O homem avaro chega a fazer dos
bens terrestres o seu fim supremo. Não há dúvida de que todo homem precisa se
servir dos bens criados, porém como meio para chegar ao Bem Absoluto, em vez de
se deixar escravizar por eles.
A avareza é um dos pecados mais
vergonhosos e degradantes, visto que já não subordina o homem a coisas superiores,
ou que estão ao seu nível de racionalidade (como a ciência, a arte, ), mas o
escraviza àquilo que está abaixo dele,
os bens materiais.
A avareza é
o apego exagerado ao dinheiro. O dinheiro passa a ser tudo para alguém, e ele
acredita que com o dinheiro pode fazer tudo e comprar tudo, inclusive as
pessoas. As pessoas passam a valer menos que o seu dinheiro. Seu deus se torna
o dinheiro.
Se
a soberba consiste numa estima excessiva de si mesmo, a avareza é a estima
excessiva das riquezas e dos bens materiais. A pessoa dá tanta importância ao
dinheiro que passa a viver só em função dele, esquecendo-se de Deus e do
próximo. O avaro está tão apegado às coisas que possui que prefere morrer do
que perde-las. Só pensa em comprar, em ter, em mostrar aos outros tudo o que
possui.
Para
vencer a avareza devemos considerar que tudo é palha diante da vida da graça,
verdadeira riqueza da alma. Contemplemos a simplicidade de coração de Nosso
Senhor Jesus Cristo, seu amor pela pobreza e pelos mais humildes, e toda sua
vida voltada para fazer a vontade do Pai.
Uma outra atitude própria do avarento é o excesso no afã de ajuntar bens
para si, do qual procede a inquietude, que impõe ao homem preocupações e
cuidados excessivos: "O avaro nunca se sacia de dinheiro", diz o
Eclesiastes (5, 9). Enumeram-se
oito filhas da avareza. Por causa da
cobiça, ela gera a traição, a fraude,
a mentira, o perjúrio, a inquietude, a violência, a
dureza de coração e a corrupção ativa e passiva.
Jesus, o Divino Mestre, reage
diante da avareza: “Disse-lhe então alguém do meio do povo: Mestre,
dize a meu irmão que reparta comigo a herança. Jesus respondeu-lhe: meu amigo,
quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós? E Jesus disse então ao povo:
Guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a vida de um homem,
ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas. (Lc 12,-15)
Em Mateus, Jesus afirma “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou
odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não
podeis servir a Deus e à riqueza”. (Mt 6,24)
São Paulo, escreve
a Timóteo: “Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados
pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições. (1 Tm
6,10)
Procurado pelo
jovem rico, Jesus fixou nele o olhar, amou-o e lhe disse: "Uma só coisa te
falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu.
Depois, vem e segue-me. Ele entristeceu-se com estas palavras e foi-se todo
abatido, porque possuía muitos bens. (Mc 10,21-22)
A ganância e a avareza
de Judas, o traidor de Jesus, reagiu desta forma, diante da unção que Maria fez
a Jesus: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se
deu aos pobres”? Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas
porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam. (Jo 12,5-6)
O Eclesiástico
diz: “Nada há mais criminoso do que a avareza. De que se orgulha o que é terra
e cinza? Nada há de mais iníquo do que o amor ao dinheiro. Aquele que o ama
chega até a vender a sua alma. Vivo ainda, despojou-se de suas próprias entranhas.
(Eclo 10,9-10)
Diz ainda do
Eclesiástico: “Para o homem avarento e cúpido a riqueza é inútil. Para que
serve o ouro ao homem invejoso? Quem acumula injustamente, com prejuízo da
vida, acumula para os outros, e outro há de vir que esbanjará esses bens na
devassidão. Nada é pior do que aquele que é avaro consigo mesmo: eis aí o
verdadeiro salário de sua maldade. (Eclo 14,3-6)
22 de setembro de 2012
PRIMEIRO PECADO CAPITAL
A SOBERBA/ORGULHO
A Escritura, em diversas ocasiões, diz que
"o orgulho/soberba é o início de todo pecado", porque ele acaba com a
humilde submissão e obediência da criatura a Deus. O primeiro pecado do
primeiro homem foi um pecado de orgulho, o desejo do conhecimento do bem e do
mal, em que ele queria ser seu próprio Deus, pois queria ser igual a Deus, e
não ter que Lhe obedecer. Na opinião de S. Tomás, orgulho é mais que um pecado
capital. Ele é fonte dos pecados capitais e particularmente da vanglória, que é
um dos seus primeiros efeitos.
Diz o
Eclesiástico:“O início do orgulho/soberba num homem é renegar a Deus, pois seu
coração se afasta daquele que o criou, porque o princípio de todo pecado é o
orgulho. A aquele que nele se compraz será coberto de maldições, e acabará
sendo por elas derrubado. Eis porque o Senhor desonrou a assembléia dos maus, e
os destruiu para sempre. Deus derrubou os tronos dos chefes orgulhosos e em
lugar deles fez sentar homens pacíficos. Deus fez secar as raízes das nações
arrogantes, e implantou os humildes entre as mesmas nações.(...) Deus apaga a
memória dos orgulhosos, enquanto faz perdurar a dos humildes de coração. O orgulho
não foi criado para os homens, nem a cólera para o sexo feminino.*(Eclo
10,14-22)
S. Tomás
definiu o orgulho/soberba como um extraordinário amor à nossa própria
excelência. O homem orgulhoso deseja, de fato, parecer superior ao que ele
realmente é: essa é a falsidade em sua vida.
Orgulho é,
como diz S. Agostinho, um amor perverso pela grandeza; ele nos leva a imitar a
Deus de uma maneira errada, não produzindo a igualdade com nossos companheiros
e desejando impor nossa dominação sobre eles, em vez de viver em humilde
submissão à lei divina.
O orgulho/soberba
é uma venda nos olhos do espírito, que nos impede de ver a verdade,
especialmente aquela relativa à majestade de Deus e à excelência daqueles que
nos ultrapassam. O orgulho perverte a nossa vida como alguém que torce uma mola.
Isso nos impede de pedir a luz de Deus, que consequentemente esconde sua
verdade ao orgulhoso. O orgulho nos afasta, portanto, do conhecimento efetivo
da vontade de Deus, da contemplação, do que a humildade, pelo contrário, nos
dispõe. Por isto Cristo diz: "Eu Te agradeço, ó Pai, Senhor do céu e da
terra, porque Tu escondeste estas coisas dos sábios e prudentes e as revelastes
aos pequeninos." O orgulho espiritual é o mais poderoso agente para nos
tirar da contemplação das coisas divinas.
Em paralelo,
segundo Santo Tomás
de Aquino, a soberba/orgulho era um pecado tão grandioso que
era fora de série, devendo ser tratado em separado do resto, e merecendo uma
atenção especial.
Pela soberba/orgulho,
nós nos achamos melhores que todo mundo, não respeitando o próximo e passando
por cima de tudo e de todos. O soberbo se torna o seu próprio Deus, pois a
glória de tudo o que você faz sempre vai para você mesmo. O seu umbigo passa a
ser o centro do universo.
Ser soberbo
é querer ser melhor que os outros, aparecer mais, não tolerar competidores. Não
podendo vencê-los os diminui, ridiculariza. O soberbo olha o mundo ao redor de
si, achando-se o centro do universo, e que fora do seu umbigo não há salvação. Ele
é o próprio deus sol, o centro de tudo. Na escola, no trabalho, no cotidiano,
conhecemos muitas pessoas assim. Alguns fingem ser o que não são, são como gralhas
com penas de pavão, que desmascaradas, são enxotadas do mundo dos ricos e dos sábios,
e ridicularizadas no seu próprio meio. Como todo pecado avaliado pela igreja
como capital (pois vem do latim: caput, cabeça) a soberba/orgulho traz consigo
um leque de “amigos”, todos de uma forma ou de outra ligados a ela. São amigos
da soberba/orgulho: a luxuria, a altivez, a presunção, a vaidade, e a
arrogância.
A ”cabeça”gerou
todos esses membros, daí o nome de capital. O demônio da soberba/orgulho é o
nosso conhecido lúcifer, o anjo decaído. Aquele mesmo que tentou ser igual a
Deus, e que fez tentação a Jesus Cristo. Em seu orgulho disse: “Tudo isso te
darei se prostrado me adorares”. É isso que o soberbo quer, ser adorado.
Mas não
pensem que a soberba/orgulho é inerente aos belos, ricos e sábios, não! Existe
o avesso desse sentimento tão peculiar.
Há o pobre soberbo, que não aceita ajuda, que ostenta sua miséria como
um galardão para ser admirado pelos outros e citado como exemplo. Ele quer que
digam: “Vejam como ele é tão íntegro”! Pois é isso que o falso soberbo quer: admiração.
Assim fingem ser mais ignorantes do que são, ostentam uma falsa humildade, depreciam-se
sempre para serem elogiados. São orgulhosos dos seus dotes. Sempre, porém, queimando
interiormente, invejando os mais afortunados, não raro tentando prejudicá-los. O
soberbo vive enamorado consigo mesmo, gosta de se mostrar, quer despertar
inveja e admiração. O soberbo quer sempre estar no topo. Não pode viver sem
platéia. O orgulho e a presunção não são sentimentos apenas humanos. São
também diabólicos.
O orgulho sufoca, destrói, mata, derruba. É
um pecado mencionado com bastante
freqüência nas Escrituras e todas as suas menções indicam que Deus o odeia.
Deus realmente abomina o sentimento de orgulho! Toda criatura que cai nesta
perigosa cilada enfrenta o Deus todo poderoso sem o menor temor. Isto porque o
orgulho cega o entendimento. Ele faz seus escravos pensarem que podem tomar o
lugar do Onipotente Deus, ou que podem ser uma criatura superior às outras. Mas
isto é engano, um caminho que leva tudo à destruição.
São Tomás de Aquino considerou a soberba/orgulho
um pecado específico, embora possa ser encontrado em todos os outros pecados. A
soberba/orgulho é a forma básica do pecado. Ela teria sido a responsável pela
desobediência de Adão, que provou o fruto proibido com a ambição de se tornar
Deus. A soberba/orgulho leva o homem a desprezar os superiores e a desobedecer
as leis. Ela nada mais é que o desejo distorcido de grandeza.
A pessoa que
manifesta a soberba/orgulho atribui apenas a si próprio os bens que possui. Tem
ligação direta com a ambição desmedida, a vanglória, a hipocrisia, a
ostentação, a presunção, a arrogância, a altivez, a vaidade. O orgulho
excessivo faz um conceito elevado ou exagerado de si próprio.
21 de setembro de 2012
OS SETE PECADOS CAPITAIS - INTRODUÇÃO
Os sete pecados capitais são tendências e impulsos que vêm do interior do ser humano e que podem levar a pessoa a cometer muitos erros e pecados, e chegar até aos pecados graves. São assim chamados porque são como cabeças (cápitis, do latim, cabeça), ou como raízes de muitos outros pecados, que precisam ser enfrentados, contraria-dos, opostos e vencidos, já que todo pecado é algo errado que prejudica ao próprio pecador ou a ou-tras pessoas.
Para vencer os pecados capitais existe um tipo de organização de virtudes, que são chamadas de sete virtudes capitais. Para cada pecado capital existe uma virtude de poderosa capacitação no processo de vencer o pecado dominante. À soberba/orgulho opõe-se a humildade. À avareza opõe-se a generosidade. À luxúria opõe-se a castidade. À ira opõe-se a paciência. À gula opõe-se a tempe-rança. À inveja opõe-se a caridade/amor. À pre-guiça opõe-se a operosidade.
Para vencer todas as tentações humanas temos sempre o auxílio das virtudes cristãs.
Os pecados capitais possuem base bíblica e fazem parte do ensino moral cristão. Afinal, qual o homem pode se dizer livre, quando na verdade é prisioneiro de suas próprias inclinações? E foi justamente para sermos homens e mulheres livres que Jesus veio ao nosso planeta, nos ensinou todos os caminhos do bem, e até foi sacrificado pela nos-sa redenção. Portanto, os pecados capitais são mais que hodiernos, pois são muitas as pessoas que vivem escravas de suas paixões.
Os pecados capitais são aqueles para os quais nos inclinamos por natureza, e que nos levam a uma separação de Deus, e a pecados ainda mais graves. O homem não alcança a completa perversidade de repente. Ele é levado a ela progressivamente, através de um mergulho gradual no mal. Cada pecado cometido vai gerando um vício naquele que o comete, na medida em que o repete. Disso resulta também um obscurecimento na consciência, que corrompe a avaliação concreta do bem e do mal. Assim o pecado tende a reproduzir-se e a reforçar-se, embora não consiga destruir o senso moral até à raiz.
Os pecados capitais são justamente aqueles dos quais se originam muitos outros pecados, na medida em que vai gerando vícios cada vez mais arraigados. São eles: a soberba ou orgulho, a avareza, a luxúria, a ira, a gula, a inveja e a preguiça.
CONTINUA ABAIXO
AS RAIZES DOS PECADOS CASPITAIS
Segundo o ensino de S. Tomás de Aquino, todos os pecados capitais brotam de um amor próprio desordenado, ou seja, do egoísmo que nos impede de amar a Deus acima de tudo e de todos, e nos inclina a nos afastarmos d'Ele.
É do desordenado amor a si mesmo, raiz de todo pecado, que brotam as três concupiscências de que fala S. João quando diz: "Porque tudo que há no mundo, 1º a concupiscência da carne; 2º a concupiscência dos olhos; 3º a soberba da vida, estas três coisas não vem do Pai, mas do mundo". Estas são, de fato, as três maiores manifestações do espírito do mundo no que se refere aos bens do corpo, aos bens exteriores e aos bens espirituais:
AS CONSEQUÊNCIAS DOS PECADOS CAPITAIS
Vimos no início que os pecados capitais são chamados assim porque são como a cabeça, o princípio, a raiz de muitos outros. Somos, antes de mais nada, inclinados a eles e, a partir deles, a ou-tros pecados que geralmente são mais sérios.
Assim, o orgulho ou soberba leva à desobediência, à hipocrisia, à alegrar-se com o mal alheio, à discórdia, à curiosidade refinada e à teimosia. É um vício que pode nos levar às mais lamentáveis quedas e até à apostasia.
CONTINUA ABAIXO
PECADOS CAPITAIS - INTRODUÇÃO
CONTINUAÇÃO
A preguiça espiritual ou acédia, isto é, o desgosto pelas coisas espirituais e pelo empenho na santificação, devido ao esforço que esta requer, é um vício diretamente oposto ao amor a Deus e à alegria santa que resulta dEle. A preguiça espiritual leva à malícia, ao rancor ou à amargura para com o nosso irmão, à covardia diante do dever a ser comprido, ao desencorajamento, ao torpor espiritual, ao esquecimento dos preceitos espirituais, à busca de coisas proibidas.
Da mesma forma, a inveja diante do bem de alguém, como se fosse um mal para nós, leva ao ódio, à calúnia, à alegria pela desgraça alheia e à tristeza frente ao seu sucesso.
A gula e a sensualidade também produzem outros vícios: a cegueira espiritual, a dureza de coração, o apego à vida presente, e até mesmo a perda da esperança na vida eterna, e ao amor a si mesmo até o ponto do ódio a Deus e a impenitência final.
O orgulho espiritual induz-nos, por exemplo, a fugir daqueles que nos corrigem, mesmo quando eles têm a autoridade de fazê-lo e estão agindo com justiça. Pode mesmo nos induzir a conservar um certo rancor contra estas autoridades.
Quanto à gula espiritual, ela pode nos levar a desejar consolações sensíveis nos atos de piedade, ao ponto de buscarmos a nós mesmos mais do que a Deus. Do orgulho espiritual origina-se o falso misticismo.
Os pecados capitais vão além do nível individual. Iniciando no coração da pessoa, eles concentram-se em determinados ambientes, instalando-se em determinadas instituições. A corrupção nas esferas do poder público pode ser identificada com a ”avareza”, que aniquila o interesse generoso e correto para o desenvolvimento dos cidadãos e da nação, em prol de benefícios financeiros próprios. Na realidade urbana, o aumento da violência relaciona-se à “ira”, e a gula esta representada pelo uso de drogas.
20 de setembro de 2012
OITAVA BEM-AVENTURANÇA
BEM-AVENTURADOS OS QUE SÃO PERSEGUIDOS POR CAUSA DA JUSTIÇA
PORQUE DELES É O REINO DOS CÉUS (v.10).
PORQUE DELES É O REINO DOS CÉUS (v.10).
Temos aqui o eco da primeira bem-aventurança... Ambas tem a mesma recompensa; “Porque deles é o reino dos céus”. Quem são os perseguidos? A explicação que Jesus dá, em seguida, responde a qualquer dúvida: Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus (v. 11-12).
Percebemos nas palavras de Jesus que os perseguidos apontados são os Seus discípulos missionários. E por que são perseguidos? Por causa da justiça. Ou seja, por causa da justiça pela qual dão a Deus o que a Deus pertence: a adoração, a ação de graças, a louvação, o respeito, o santo temor, a obediência, a submissão, enfim, a prática religiosa e o trabalho de evangelização.
Lembro que justiça tem dois sentidos: 1. É sinônimo de santidade e 2. Se refere à justiça social. Neste primeiro sentido estão incluídos todos aqueles que são discípulos missionários de Jesus, que gastam suas vidas para levar o santo nome de Jesus e o seu Evangelho de libertação e salvação para todos os povos. São muitos os sacerdotes, religiosas e leigos que dão a vida nas missões para implantar o Reino de Deus entre os pagãos. E ocorre até com certa freqüência, que estes são expulsos do país onde trabalham, são maltratados e até martirizados. A eles Jesus afirma: “Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim”. Quando isto acontece, Jesus lhes dá como recompensa duas bênçãos: 1º Porque deles é o reino dos céus. 2º Grande será a sua recompensa nos céus.
No outro sentido de Justiça, da justiça social, a perseguição, às vezes, acontece também contra aqueles que querem promover a justiça social, ou seja, a saúde para todos, o emprego para todos, a educação para todos, as oportunidades de trabalho para todos, o conforto para todos. Esses que trabalham para a expansão da justiça social naturalmente pertencem ao reino dos céus e por isso são felizes, são bem aventurados, apesar dos sofrimentos.
A todos, tanto os que lutam para a implantação do cristianismo, como aqueles que lutam pela justiça social, e que por isso são perseguidos, a eles Jesus primeiro afirma que “deles é o reino dos céus”, mas acrescenta muito mais: “Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus (v. 11-12).
Como pode Jesus dizer aos perseguidos: “Alegrai-vos e exultai”? É possível alguém se alegrar quando é perseguido, maltratado, expulso, posto na prisão ou até martirizado? É possível, sim, por causa da recompensa que recebem por causa da perseguição sofrida: “Deles é o reino dos céus e grande será a sua recompensa nos céus”.
19 de setembro de 2012
SÉTIMA BEM-AVENTURANÇA
BEM-AVENTURADOS OS QUE PROMOVEM A PAZ
ORQUE SERÃO CHAMADOS FILHOS DE DEUS
Alguém tem paz, vive em paz, quando está de bem com Deus, consigo mesmo e com todos os demais. A paz não é ausência de guerra contra Deus, contra si mesmo e contra o próximo, mas é presença de amor. Presença de amor para com Deus, presença de amor para consigo mesmo e presença de amor para com o próximo. É o amor para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo que gera a verdadeira paz. Essa paz baseada no amor torna o “pacífico” um filho de Deus. E por isso ele se sente bem-aventurado, se sente feliz.
Deus é amor divino, perfeitíssimo, imenso, irretocável, dentro da própria Trindade, entre as três Pessoas divinas, como também em relação ao ser humano. Por isso é o Deus da paz. Sim, é o Deus da paz baseada no amor, dinamizada pelo amor, e tornada presente no coração de Deus e dos seres humanos .
Deus mesmo é o primeiro construtor da paz entre os seres humanos porque lhes ensina todos os caminhos do amor, o qual se manifesta como perdão, compaixão e misericórdia. Ele ensina e ordena que os seres humanos se amem, e no amor vivam suas vidas e suas ações recíprocas. Este amor é fonte de paz entre os corações.
Aqueles que vivem na verdadeira paz, também se tornam construtores, propagadores, fazedores da paz com Deus e com o próximo.
Quem trabalha para alcançar a paz entre os homens atua como Deus, porque Deus é o Deus da paz (Rm 15,33; 16,20). A promoção da paz, (do Shalom) é fruto da misericórdia e da pureza de coração. Depois da ressurreição, Jesus saudou os discípulos dizendo:: “A paz esteja com vocês” (Jo 20, 19.21.26). A paz que propõe o Evangelho é a dignidade da vida em todos os sentidos. Não se trata de uma paz meramente pessoal, egoísta, mas que se manifesta também a nível social. Podemos parecer promotores da paz e do evangelho”, mas às vezes vivemos num clima de guerra, de violência, de injustiça, em nosso ambiente de vida.
Importante também é o ser humano estar e viver em paz consigo mesmo. É de dentro de um coração em guerra consigo mesmo, que guarda auto condenações, remorsos do seu passado doloroso, raivas e ressentimentos de si mesmo que nascem muitas “guerrinhas” na família, no trabalho, na convivência social. Para que este coração reencontre a paz consigo e com o próximo é preciso que ele se perdoe a si mesmo, profundamente, por todos os seus erros e desacertos praticados. Só depois de se perdoar vigorosamente é que ele será capas de viver em paz com os outros e ser um construtor da paz na família e na comunidade dos seres humanos.
Contraditoriamente a nossa sociedade atual apregoa: "felizes os que não têm medo de lutar contra os outros, pois só assim podem ser pessoas de sucesso". Esses promovem a guerra... Provavelmente não estão em paz consigo mesmos. O suas convicções são realmente egoístas e interesseiros. Estes não são jamais promotores do bem comum e da paz entre os seres humanos.
É bela a recompensa dos pacíficos e dos promotores da paz: serão chamados filhos de Deus. Filhos do Deus da paz.
18 de setembro de 2012
SEXTA BEM-AVENTURANÇA
BEM-AVENTURADOS OS PUROS DE CORAÇÃO
PORQUE VERÃO A DEUS(v. 8).
PORQUE VERÃO A DEUS(v. 8).
Esta bem-aventurança se inspira no salmista que diz: “Aquele que tem mãos inocentes e coração puro, esse receberá a benção de Javé, e do seu Deus salvador receberá a justiça” (Sl 24,4-5).
O coração é a sede das opções profundas que marcam a vida inteira. Ser puro de coração é ter conduta única, em perfeita sintonia com o Reino. Mas Jesus nos alerta que “é do coração que vêm as más intenções: os crimes, os adultério, a imoralidade, os roubos, os falsos testemunhos, as calúnias e outras coisas erradas. Essas coisas é que tornam o homem impuro...” (Mt 15,19-20).
Puro de coração é aquele que evita todo pecado, que quando erra se arrepende e pede perdão a Deus, até numa santa confissão. Puro de coração é todo aquele que guarda seu psiquismo limpo de todo tipo de pensamentos perversos, de desejos cheios de maldade, de palavras torpes e enganosas, de ações injustas e maléficas.
A pureza de coração consiste, também, num modo de viver com sinceridade e verdade, correção e honestidade. A pureza de coração é o contrário da falsidade, da hipocrisia, da duplicidade, do farisaísmo. O puro de coração é autêntico, verdadeiro, sincero, transparente. Os puros de coração tem acesso livre diante de Deus. Por isso são bem-aventurados, são felizes, porque verão a Deus.
Ver a Deus, já nesta vida, pelos olhos do coração, pelo contato com Ele por meio da oração fervorosa, pela contemplação de seus muitos atributos divinos, só pode gerar felicidade, bem-aventurança.
Uma forma de “limpar” o coração de toda imundície do pecado é por meio de uma santa confissão muito devota, sincera e cheia de arrependimento. Pode ocorrer que sejamos “contaminados”, sujados, pelas imundícies que encontramos a cada dia no nosso mundo, que são veiculadas todos os dias pelos meios de comunicação pagãos. Então precisamos realizar uma oração de libertação dessas forças do mal que se infiltraram dentro de nós e que estejam poluindo o nosso coração.
E efeito dessa bem-aventuranças: ver a Deus, é o máximo que se pode desejar. Ver a Deus para sempre na eternidade será a bem-aventurança definitiva, será a felicidade completa que jamais poderá ser tirada.
Vale a pena cuidar para “manter puro o coração”, e quando entrar alguma imundície, purificá-lo sempre de novo, a fim de um dia ver a Deus como ele é na eternidade.
17 de setembro de 2012
QUINTA BEM-AVENTURANÇA
BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS
PORQUE ALCANÇARÃO MISERICÓRDIA
Misericórdia é uma palavra composta por “miséria e coração”. É olhar para a miséria do outro, do próximo, de uma pessoa, com o coração, ou seja, com amor. A misericórdia segue cinco passos. 1º Conhecer a miséria do outro. 2º Aceitar que tenha caído na miséria. 3º Compreender – ter compreensão – pela miséria da pessoa. 4º Perdoar a miséria 5º. Tirar a pessoa da miséria. O objetivo final é sempre tirar a pessoa de sua miséria.
Quais são as misérias? Todos os pecados, todos os vícios, todos os problemas que afetam a vida da família, das pessoas, de uma comunidade são as misérias de que alguém é portador. Os vícios do alcoolismo, da droga, da prostituição, do adultério, da fornicação, da mentira, da corrupção, do ódio, da vingança, dos ressentimentos, da gula, da ira, da inveja, da preguiça etc.
Para tirar alguma pessoa de sua miséria é preciso seguir os cinco passos citados acima, e perseverar no empenho de conseguir o objetivo desejado.
Jesus insiste na virtude da misericórdia: “Eu quero a misericórdia e não o sacrifício” (Mt 9,13). “Sede misericordiosos como vosso Pai dos Céus é misericordioso”(Lc 6, 36) . Então aqueles que têm o espírito de Jesus misericordioso terão a mesma atitude de Deus que é o amor, atitude de perdão, de compaixão, de compreensão, de ajuda, de partilha, de solidariedade. Como recompensa pelas ações misericordiosas, as pessoas serão felizes porque alcançarão a misericórdia. Na verdade todos temos necessidade da misericórdia de Deus, pois todos temos algumas misérias.
A misericórdia nasce da virtude teologal da caridade-amor. Aquele que é animado pelo amor, sente compaixão por ver alguém nas suas misérias e sente o desejo de libertá-lo das mesmas. É então que a virtude da misericórdia se manifesta, e esse coração se empenha para salvar alguém de suas misérias.
Jesus incluiu entre as oito bem aventuranças a misericórdia, Aquele que é misericordioso é bem aventurado porque alcança a misericórdia divina nas suas misérias. Para ser misericordioso é preciso possuir a virtude da misericórdia. É ela que induz a realizar os atos de misericórdia.
Como é bela a misericórdia! Como é belo o coração misericordioso! Este coração jamais faz crítica negativas, pejorativas, em relação a alguém que tem as suas misérias. Ele não acusa ninguém por causa de suas misérias. Ele não julga e nem condena as pessoas por causa de suas misérias. Ele sabe ser benigno, sabe explicar e minimizar as misérias alheias. Até mesmo porque sabe que também ele tem suas lutas contra as suas misérias, não acusa, não julga, não condena aqueles que carregam suas misérias humanas. Procura, sim, restaurá-lo e salvá-lo,
Podemos pedir ao Espírito Santo que nos conceda as graças para podermos criar a virtude da misericórdia, a fim de praticarmos essa virtude, sermos misericordiosos e alcançarmos a misericórdia divina.
Jesus insiste na necessidade da misericórdia. Então aqueles que têm o espírito de Jesus misericordioso terão a mesma atitude de Deus que é amor, é perdão, é compaixão, é compreensão, é ajuda, é partilha, é solidariedade. Como recompensa, os misericordiosos serão felizes porque alcançarão a misericórdia. Na verdade todos temos necessidade da misericórdia de Deus, pois todos temos algumas misérias.
Seremos felizes sendo misericordiosos porque a promessa de Jesus é que alcançaremos misericórdia diante de nossas misérias.
15 de setembro de 2012
QUARTA BEM-AVENTURANÇA
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados (v. 6).
A justiça deve ser compreendida em duas direções. 1ª Como sinônimo de “santidade”. 2º Como justiça nas relações humanas.
1º Todo santo é um justo, e todo justo diante de Deus é santo. Todos fomos criados por Deus à sua imagem e semelhança, para sermos um pouco como Ele é: santo. Mas Ele nos criou, e pelo santo Batismo nos adotou para sermos santos diante de seus olhos. Diz-nos São Paulo: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos. (Ef 1, 3-4)
Todo aquele que tem essa fome e sede de santidade será saciado, porque o Espírito Santo, que é o santificador, vai matar a sua fome e saciar a sua sede de santidade, mediante sua ação por meio dos Dons Infusos, dos Frutos de santidade e dos Carismas. Aquele que tem fome e sede procura resolver o seu problema. A resposta vem do próprio Deus.
Diz o salmista: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando verei a face de Deus?” (Sl 42,2-4); “Ó Deus, tu és o meu Deus, por ti madrugo. Minha alma tem sede de Ti, minha carne Te deseja com ardor” (Sl 63, 2).
Quem tem fome e sede de santidade é socorrido por Deus. Jesus disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem acredita em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). A experiência de Deus e a amizade com Ele cultivada por uma vida de oração e sacramental sacia o coração humano dessa fome e sede de santidade. Saciada, a alma se sente feliz e bem-aventurada.
2º Fome e sede de justiça humana. A justiça consiste em “dar a cada um aquilo que lhe pertence, aquilo que lhe é devido. Tanto a respeito de Deus (dar a Deus aquilo que Lhe é devido) como a respeito da pessoa humana, quanto à sua dignidade, seus direitos e seus deveres.
um mundo cheio de graves e enormes injustiças sociais que geram pobreza, miséria humana, fome, doenças graves e disseminadas, sempre há aqueles que, animados por um espírito bom lutam para que se façam leis justas e que facilitem a justiça. Tantos outros que trabalham concretamente junto a povos miseráveis a fim de educá-los na busca de seus direitos, e procuram criar organizações e ações concretas em favor desse empobrecidos e injustiçados.
um mundo cheio de graves e enormes injustiças sociais que geram pobreza, miséria humana, fome, doenças graves e disseminadas, sempre há aqueles que, animados por um espírito bom lutam para que se façam leis justas e que facilitem a justiça. Tantos outros que trabalham concretamente junto a povos miseráveis a fim de educá-los na busca de seus direitos, e procuram criar organizações e ações concretas em favor desse empobrecidos e injustiçados.
Essa fome e sede de implantar a justiça, de praticar a justiça, de que se faça justiça, terá o seu saciamento, porque Deus é justo e sempre faz justiça. Esses todos que tem fome e sede de implantar a justiça vivem em paz de espírito, mesmo quando angustiados diante das enormes injustiças que ocorrem, e são felizes e bem-aventurados porque são saciados por Deus.
Os homens acreditam que Deus fará justiça aos que são oprimidos pela injustiça. A situação de “fome e sede de justiça” clamam para que cesse a injustiça atual. A justiça corresponde ao Reinado de Deus sobre tudo e sobre todos. A esperança de justiça se cumpre em Jesus Messias e Salvador, na cruz. De fato “Javé é nossa justiça” (Jr 23,6).
12 de setembro de 2012
TERCEIRA BEM-AVENTURANÇA
Bem-aventurados os mansos,
porque possuirão a terra (v.5).
Que é a mansidão? Como são os mansos, para serem bem-aventurados?
Mansidão é a virtude daquelas pessoas que são interiormente tranqüilas, serenas, cordatas, perdoadoras, controladas e calmas. A mansidão do coração faz com que a pessoa não seja agressiva ou compulsiva ofendendo, ferindo, agredindo o próximo, mas também tem a capacidade de não se deixar ferir e ofender com facilidade. Imaginemos uma almofada fofa coberta de veludo. Se lhe dermos um soco, ela não se ofende e nem nos machuca. Ela permanece a mesma, fofinha como antes. Assim é o coração manso: não ofende e nem se deixa ofender com facilidade.
Pensemos num boi manso... num cavalo manso... num cordeiro manso. Podemos lidar com eles com facilidade e sem medo, pois não tem reações agressivas. Assim é a pessoa mansa. Torna-se muito fácil conviver com pessoas mansas. Até porque elas são felizes pela sua mansidão.
A mansidão tem muito a ver com bondade e humildade. Porque o coração é bom, trata as pessoas com mansidão, evitando por todos os meios de ofender, magoar, ferir, fazer sofrer.
O discípulo de Jesus que é cheio do Espírito abrigará também esse fruto em seu coração. Dois exemplos: Vemos na vida de São Pedro essa diferença. Primeiro, o Pedro impulsivo e até violento antes do Pentecostes, e depois o Pedro amável e submisso quando ficou cheio do Espírito Santo. Moisés, antes de ter uma experiência íntima com Deus, agia de forma brusca e violenta, chegando a matar um egípcio. Depois que conheceu a Deus tornou-se o homem mais manso de toda a terra (num. 12:3). Pela convivência com Jesus ressuscitado, vamos descobrindo sua mansidão que tanto nos cativa, e depois seguimos o seu pedido: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.
Os mansos são bem aventurados porque seu estado de mansidão conquista a amizade e a convivência das pessoas que vivem ao seu derredor. Os mansos são muito amados por todos, e é neste sentido que possuirão a terra, isto é, conquistam a amizade das pessoas que vivem ao seu derredor. É muito bom conviver com pessoas mansas. Sua mansidão nos questiona quando nós agimos sem mansidão. Sua mansidão nos surpreende quando pensaríamos que elas iriam se irar, iriam perder o controle, iriam retrucar, mas elas permanecem calmas e tranquilas. Sua tranqüilidade às vezes irrita os coléricos que são compulsivos e esperariam uma boa oportunidade para discutir, debater, confrontar.
A mansidão não é congênita. Ela não é natural em nenhum temperamento. É preciso construí-la por meio de 1º.uma apreciação de sua beleza e importância, 2º de uma decisão de querer buscá-la, 3º de pedi-la ao Espírito Santo, 4º de exercitar-se conscientemente, 5º de repetir os atos de mansidão sempre que houver oportunidade.
Nem sempre é fácil e rápido conquistar a bem-aventurança da mansidão. No entanto, conquistada, além de facilitar o relacionamento com as pessoas, ela auxilia muito a manter um bom estado psicológico, o que afasta diversos problemas de saúde mental e física.
11 de setembro de 2012
SEGUNDA BEM-AVENTURANÇA
Bem-aventurados os aflitos
porque serão consolados (v.4).
Qual é a aflição que recebe o consolo, e por isso torna a pessoa bem aventurada, feliz? – É a aflição que nasce da pequenez e da pobreza interior do ser humano. Quando uma pessoa entra na realidade de sua vida pessoal, pode tomar conhecimento de suas qualidades, virtudes, dons naturais e espirituais, o que lhe causa alegrias e satisfações. Mas também pode tomar conhecimento de suas fraquezas, defeitos, problemas, vícios e pecados. Esta constatação lhe traz preocupações e aflições. É sobre estas aflições reconhecidas que a pessoa recebe as consolações da presença de Deus e da graça divina. Deus os consola.
Muitos estão aflitos porque querem amar a Deus e encontram dificuldades. Estes são consolados porque Deus se aproxima deles e os faz experimentar o seu amor, o qual torna a pessoa feliz. Deus pode preencher plenamente o coração humano, consolando-o e tornando-o feliz, be-aventurado.
Outros estão aflitos porque caem com facilidade em pecado. Lamentam suas quedas, desejam sair delas, mas recaem sempre de novo por causa de sua fraqueza interior. Estes são consolados pela graça divina que lhes traz a fortaleza para superar a fraqueza e o perdão dos seus pecados. Com isto são consolados e se tornam felizes, bem-aventurados.
Outros estão aflitos diante da morte iminente. A realidade da aproximação da morte lhes causa medos e muitas aflições. Estes são consolados pela palavra de Deus que lhes garante uma vida futura, e isto lhes traz consolo e os faz felizes e bem-aventurados.
Outros estão aflitos diante das grandes dúvidas existenciais: de onde vim? Quem sou eu? Para onde vou? Seus espíritos buscam respostas, as quais não são respondidas pelos conhecimentos humanos. Muitos tem grandes aflições diante dessas questões existenciais. Estes são consolados por Deus, que pela Palavra Bíblica lhes dá uma resposta plena e se tornam felizes.
Muitos outros estão aflitos por muitas outras tribulações que a vida familiar, o trabalho, a prática da religião apresentam. Deus os consola por meio de sua graça, ou por meio de suas mediações humanas, sacramentais ou espirituais.
Todos os que se acham em aflições mas estão perto de Deus e buscam nele seu consolo, são efetivamente consolados, e essa consolação gera neles paz de espírito e até bem-aventuraça
São Paulo nos diz: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia! Se, pois, somos atribulados, é para nossa consolação e salvação. Se somos consolados, é para vossa consolação,, a qual se efetua em vós pela paciência em tolerar os sofrimentos que nós mesmos suportamos. (2Cor 1,3-6)
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